20 de junho, de 2024 | 11:00

DIA DO ORGULHO AUTISTA: INCLUSÃO E EQUIDADE

Marcelo Augusto dos Anjos Lima Martins *


Criado em 2005 pelo grupo Aspies For Freedom, o Dia do Orgulho Autista é comemorado anualmente dia 18 de junho, data que visa promover a conscientização, celebrar a neurodiversidade e a inclusão das pessoas autistas em nossa sociedade.

Dia de rememorar e discutirmos a importância da inclusão da pessoa autista nos mais diversos cenários sociais, como o mundo do trabalho, a vida acadêmica e social-afetiva, e traçarmos estratégias para promover essa inclusão de forma equitativa, ou seja, considerando suas potencialidades de especificidades.

Inicialmente, vale explicar que autismo não é doença, logo não tem cura. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a capacidade de comunicação e interação social de uma pessoa, muitas vezes acompanhado por padrões repetitivos de comportamento.

O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, feito a partir das observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de instrumentos específicos. Mas, em cada indivíduo pode se manifestar de diferentes formas. Geralmente, pessoas com autismo tendem a manter pouco contato visual ao conversar e tem dificuldade para interagir ou compreender gestos, por exemplo. Além disso, também podem se interessar excessivamente por temas específicos ou apresentar dificuldade para se adaptar a mudanças na rotina.

Segundo a página do Ministério da Saúde, os sinais mais comuns do TEA são: “quando criança, apresentar atraso anormal na fala; não responder quando for chamado e demonstrar desinteresse com as pessoas e objetos ao redor; ter dificuldades em participar de atividades e brincadeiras em grupo, preferindo sempre fazer tarefas sozinho; não conseguir interpretar gestos e expressões faciais; ter dificuldade para combinar palavras em frases ou repetir a mesma frase ou palavra com frequência; apresentar falta de filtro social (sinceridade excessiva); sentir incômodo diante de ambientes e situações sociais; ter seletividade em relação a cheiro, sabor e textura de alimentos; apresentar movimentos repetitivos e incomuns, como balançar o corpo para frente e para trás, bater as mãos, coçar algumas partes do corpo (como ouvidos, olhos e nariz), girar em torno de si, pular de forma repentina, reorganizar objetos em fileiras ou em cores; mostrar interesse obsessivo por assuntos considerados incomuns ou excêntricos, como biologia, paleontologia, tecnologia, datas, números, entre outros; ter problemas gastrointestinais ocasionados por quadros de ansiedade.”

Alguns autistas podem manifestar ainda hiperatividade, passividade, déficit de atenção, dificuldades para lidar com ruídos, hipersensibilidade sensorial, falta de empatia diante determinadas situações e aumento ou redução na resposta à dor e a temperaturas.
“A inclusão social e profissional das pessoas autistas é um desafio que enfrentamos como sociedade”


A inclusão social e profissional das pessoas autistas é um desafio que enfrentamos como sociedade. Muitas vezes, de acordo com o nível de autismo, leve, moderado ou severo, essas pessoas são marginalizadas e enfrentam barreiras no acesso a oportunidades educacionais, de emprego e de convívio social. No entanto, é fundamental que reconheçamos o potencial e as habilidades únicas que cada indivíduo autista possui, e que essas sejam valorizadas e respeitadas em todos os âmbitos da vida.

No mundo do trabalho, por exemplo, estratégias de inclusão como a adaptação do ambiente de trabalho às necessidades específicas dos colaboradores autistas podem ser fundamentais. Isso inclui a garantia de espaços tranquilos e sem estímulos sensoriais excessivos, a comunicação clara e objetiva, e o estabelecimento de rotinas claras e previsíveis. Dessa forma, é possível proporcionar um ambiente mais acolhedor e produtivo para todos os colaboradores, promovendo a equidade e o sucesso profissional.

Na vida acadêmica, a inclusão das pessoas autistas passa pela adoção de metodologias de ensino que respeitem a diversidade de estilos de aprendizagem e que ofereçam suporte individualizado, dentro e fora de sala de aula. Além disso, é importante promover a conscientização e o respeito entre os colegas de classe, para que todos se sintam acolhidos e respeitados em seu processo de aprendizagem.

No âmbito social-afetivo, a inclusão das pessoas autistas requer a construção de relações saudáveis e respeitosas, baseadas na empatia e na compreensão das diferenças. É fundamental que todos tenham a oportunidade de se expressar e de ser ouvidos, sem julgamentos ou preconceitos. Tratar os diferentes de forma diferente, respeitando as suas especificidades e necessidades, é essencial para uma convivência harmoniosa e inclusiva.

O Dia do Orgulho Autista nos lembra da importância da valorização da diversidade e do respeito às diferenças. Você conhece alguém autista?

* Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública – UFJF; especialista em Psicopedagogia – UCAM; especialista em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e o Mundo do Trabalho – UFPI; pedagogo do IFMG campus Governador Valadares:
[email protected].

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

20 de junho, 2024 | 16:53

“Mestre Marcelo Augusto, respondendo à sua pergunta, conheço e convivo com crianças e jovens autistas há um bom tempo, afinal, estou Professor há mais de 42 anos. No momento, a minha maior preocupação com eles não é a pedagógica e os processos de ensino-aprendizagem, mas a utilização deles por pessoas que, em um discurso enviesado, têm interesses socioeconômicos e políticos, muitas das vezes, os próprios familiares. O resultado disso, de início, é a denominação dada para o momento de conquistas em nível Federal, Estadual e Municipal: "Indústria do Autismo".
Os lideres do movimento, que sabem o significado de "Indústria das Secas", tem que repudiar com veemência essa horrível analogia e, na medida do possível, repensar o movimento e ir com menos sede ao pote.
Minha Vó Nega, do alto de sua simplicidade judaico-cristã e camponesa, das roças de Orizânia, sempre nos ensinou: "Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza."”

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