23 de junho, de 2024 | 06:00
Ponto chave
Fernando Rocha
Pep Guardiola, 11 vezes campeão nacional em três das principais ligas da Europa, tem uma tese sobre a “receita” para vencer um campeonato de pontos corridos. Segundo ele, o título só é conquistado nas oito rodadas finais, mas é nas oito primeiras que ele é perdido.
Por essa ótica, neste momento, o Flamengo, líder da disputa com 21 pontos, o Botafogo, vice-lider com 20 pontos, o Palmeiras, 3º lugar com 20 pontos, e o Athletico (PR), 4º lugar com 18 pontos ganhos, seriam os quatro postulantes ao título e garantiriam vagas na fase de grupos da próxima Libertadores.
Correndo por fora e disputando vagas na pré-Libertadores e na Copa Sul-Americana aparecem o Bahia, 5º lugar com 18 pontos, o Cruzeiro, 6º lugar com 17 pontos, o São Paulo, 7º lugar com 15 pontos, o Bragantino, 8º lugar com 15 pontos, o Internacional, 9º lugar com 14 pontos, e o Atlético (MG), 10º lugar com 13 pontos ganhos.
Se o nível técnico dos nossos times fica muito abaixo das principais ligas da Europa, por outro lado nivela os concorrentes e acelera a competitividade, seja na briga pelo título ou na parte de baixo contra o rebaixamento.
Neste momento, com pouco mais de 30% da competição realizada, ao menos dez equipes dão sinais de brigar contra o descenso, entre eles alguns “gigantes” que ocupam as quatro últimas posições e estariam hoje rebaixados: Vasco da Gama, 17º lugar com 7 pontos, Corinthians, 18º lugar com 7 pontos, Grêmio, 19º lugar com 6 pontos, e Fluminense, 20º lugar com 6 pontos.
Grandes decepções
A tese do hoje treinador do Manchester City sobre vencer campeonato de pontos corridos está no livro "Pep Confidencial", de Marti Perarnau.
A experiência ensinou a Pep Guardiola, para muitos o melhor treinador do mundo, a importância de não perder o campeonato em seus primeiros dois meses, receita que não está sendo seguida, sobretudo, por Atlético (MG) e Fluminense, atual campeão da Libertadores, ambos com um nível de investimento financeiro superior à maioria dos concorrentes.
O Galo tinha expectativa de brigar pelo título, mas ocupa apenas o 10º lugar com 13 pontos conquistados, sofrendo goleadas, inclusive, de times inferiores, como o Vitória (BA), e expõe a fragilidade do seu elenco enfraquecido por contusões e desfalques de atletas servindo a seleções.
O Fluminense, apesar da boa campanha na atual Libertadores, também sofre com os mesmos problemas do time mineiro, mas o fator determinante para a brutal queda de rendimento do tricolor carioca no Brasileiro tem sido o desgaste do esquema tático adotado pelo técnico Fernando Diniz, além da idade avançada de alguns dos seus principais jogadores, sem o necessário equilíbrio com a utilização de atletas mais jovens.
FIM DE PAPO
Começou a Copa América/2024, paralelamente ao Campeonato Brasileiro, enquanto a Eurocopa já estava rolando e bombando. Apesar da baixa qualidade técnica da maioria das equipes, pelo menos, veremos muita gente conhecida em metade das 16 seleções na tradicional competição das Américas que terão jogadores oriundos de equipes do Brasil. O que não vai faltar é “mau olhado” de torcedores dos times nacionais, torcendo para que as seleções sejam eliminadas e devolvam logo os seus atletas.
Com este calendário maluco do futebol brasileiro não há tempo e nem espaço para lamentações e vida que segue, vamos neste fim de semana para a disputa da 11ª rodada. O Galo recebe o Fortaleza, na Arena MRV, enquanto o Cruzeiro vai a Salvador enfrentar o Bahia, que, a exemplo do time celeste, faz uma campanha acima das expectativas iniciais.
No caso do Cruzeiro há razões para o otimismo da torcida, pois a nova direção já fez inúmeras contratações que vão melhorar muito a qualidade do time, a partir do dia 10 de julho, quando poderão atuar. Quanto ao Atlético, também, há boas perspectivas para voltar a jogar o seu melhor futebol, com a volta de jogadores contundidos ou servindo a seleções, além do aproveitamento de novos contratados, como o meia Bernard e o zagueiro Junior Alonso.
A diretoria do Atlético precisa enquadrar Hulk e Paulinho para que não repitam as expulsões infantis, como se viu na última semana, que prejudicaram o time e foram determinantes para as duas goleadas sofridas diante do Palmeiras e Vitória. Sobre o trabalho do técnico Gabriel Milito, acho que se trata de um bom treinador, mas tem errado muito na escolha das estratégias. Que ele não mude a forma de jogar, mas, pelo menos, escale o time com menos arrogância e mais cautela, neste momento em que não tem os seus principais jogadores. Quanto ao aproveitamento dos jovens da base, é preciso parar com o clima de terra arrasada, pois quando a fase é ruim o “pão só cai virado pra baixo”. (Fecha o pano!)
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