14 de julho, de 2024 | 09:00

Patrimônio ecológico do Vale do Aço completa 80 Anos de história

Anderson Figueiredo
Nas lagoas e brejos são conhecidas pelo menos 136 espécies de plantas aquáticasNas lagoas e brejos são conhecidas pelo menos 136 espécies de plantas aquáticas

Ainda em 1930, o arcebispo de Mariana, Dom Helvécio Gomes de Oliveira, encorajava as primeiras iniciativas para a preservação da área do Parque Estadual do Rio Doce (Perd). Mas foi em 1944 que o parque se tornou oficialmente a primeira unidade de conservação criada no estado de Minas Gerais e uma das primeiras do país. Neste domingo (14), essa maravilha, localizada no Colar Metropolitano do Vale do Aço, completa 80 anos de história e muita luta por sua conservação.

O Perd é hoje um dos parques mais pesquisados do Brasil, sendo celeiro de uma biodiversidade muito especial, que é da Mata Atlântica interiorana, conforme explica o gerente Vinícius de Assis Moreira. "Temos protocolos que vão desde o entendimento e a compreensão da flora até grandes mamíferos, como a onça-pintada, o tatu-canastra e o mono-carvoeiro, que é o maior primata das Américas. Temos uma infinidade de projetos que visam, de fato, nos proporcionar informações para melhor manejar e interferir de forma cirúrgica em ações pragmáticas, para melhorar o manejo e toda a estratégia de gestão dessa unidade de conservação", detalhou.

Todos os estudos e pesquisas são também repassados à comunidade por meio de publicações, seminários e visitas técnicas. Segundo o gerente do Perd, nos últimos dois anos, cerca de oito mil estudantes visitaram a unidade de conservação. "Isso é o que temos de dados formatados e é muito expressivo. Então, as escolas do Vale do Aço e de outras regiões vêm visitar e compreender o parque, com cunho educacional e pedagógico, como extensão dos trabalhos feitos em sala de aula. Um cumprimento também da agenda do parque, que é de educação ambiental, de forma transversal com a sociedade", destacou.

O Perd também é reconhecido internacionalmente como Sítio Ramsar, por conservar zonas úmidas consideradas prioritárias na estratégia global de proteção da biodiversidade. O título foi conferido pelo Secretariado da Convenção Ramsar, que pertence à União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN), sediada em Gland, na Suíça.
Anderson Figueiredo
O gerente do Perd, Vinícius de Assis Moreira, tem uma história pessoal ligada ao parqueO gerente do Perd, Vinícius de Assis Moreira, tem uma história pessoal ligada ao parque


Riqueza Ecológica
O Perd tem 36 mil hectares, sendo a maior área contínua de Mata Atlântica preservada no estado. Considerada a terceira maior área lacustre do Brasil, ficando atrás apenas da Amazônia e do Pantanal, o parque do Rio Doce tem mais de 40 lagoas em seu território.

Segundo dados do Instituto Estadual de Florestas (IEF), a unidade de conservação guarda uma rica biodiversidade e árvores centenárias. Em determinadas áreas, já foram registradas mais de 1,5 mil árvores por hectare, algumas que ultrapassam 30 metros de altura. Dentro do parque, é possível encontrar, por exemplo, o jequitibá, a garapa, o vinhático e a sapucaia.

A flora é extremamente rica, sendo listadas cerca de 1.420 espécies. Nas lagoas e brejos são conhecidas pelo menos 136 espécies de macrófitas aquáticas, muitas encontradas apenas nas áreas úmidas do parque.

Veja também:
Começa a celebração dos 80 anos do Parque Estadual do Rio Doce.

Uma história com o Perd
O gerente da unidade traz uma longa história de convivência com o parque. Natural de Marliéria, sua família teve colaboração direta no processo de criação do parque. Dos 80 anos de história do Perd, 40 ele vivencia a luta pela conservação deste importante remanescente de Mata Atlântica. Há quase 20 anos como servidor público estadual considera avanços em qualificação técnica e investimentos feitos pelo poder público estadual.

"O momento é de resgate, resgate identitário, resgate através da visitação, resgate da cultura e da religiosidade que envolve toda a criação do parque, é isso que sustenta e legitima essa unidade de conservação enquanto um elemento-chave que atravessa o Vale do Aço, que é muito mais do que aço. A região tem por vocação proteger e conservar o maior remanescente de Mata Atlântica de Minas Gerais, é sobre isso que queremos refletir e levar como informação para a sociedade", definiu Vinícius Moreira. Veja, abaixo, a entrevista:

Como chegar ao Parque Estadual do Rio Doce



O acesso ao Parque Estadual do Rio Doce é feito pela MG-760. De Timóteo segue-se pela MG-425 até o distrito de Cava Grande. Depois, pela MG-760 são mais 20 quilômetros em asfalto até a portaria do Perd.

Outro caminho é via Jaguaraçu e Marliéria, subindo pelo Pico do Jacroá. Aproveite para visitar o mirante, no alto da serra, de onde se avista toda a extensão do Perd.

Para quem vem de Belo Horizonte, pela BR-262, pode-se entrar para São José do Goiabal/São Domingos do Prata e depois seguir pela MG-760 até a portaria.

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Comentários

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Marcelo Duarte Mendonça

17 de julho, 2024 | 13:06

“Com tantos acontecimentos negativos em nosso Estado.
Temos que enaltecer e festejar os 40 anos de existência do parque.
Maior área de mata atlântica protegida do Brasil!!!
Parabéns aos envolvidos!!!!”

Eu Eu Mesmo e Irene

15 de julho, 2024 | 07:37

“Ainda bem que não pertence a Fabriciano, senão estaria com sendo alvo de especulação imobiliária, apoiado pelo executivo municipal do sr. Bizarro, igual a APA da biquinha. Parabéns ao Perd e a todos ele lutam pelo meio ambiente. Que haja mais Vinícius e menos bizarros(com letra minúscula mesmo, tal qual o pensamento do executivo Fabricianense).”

Rodrigo

14 de julho, 2024 | 14:43

“Patrimônio ecológico de minas Gerais!É uma jóia do povo de Minas Gerais, infelizmente pouco conhecido.”

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