19 de julho, de 2024 | 12:00

Sacrifícios Satisfatórios?

Wanderson R. Monteiro *

“Infelizmente, esses jovens não compreendem: frequentemente, é muito fácil sacrificar a própria vida, mas consagrar, por exemplo, cinco ou seis anos de sua bela juventude ao estudo e à ciência - nem que seja para multiplicar as próprias forças e servir à verdade, atingindo os fins desejados - é um sacrifício que vai muito além deles”. – Dostoiévski.

Acredito que muitos dos leitores concordam que uma característica natural da juventude é o imediatismo: para os jovens, todas as coisas são “para ontem” e, além do imediatismo, a juventude é movida e marcada por um sentimento de heroísmo que se demonstra nos sacrifícios aos quais muitos jovens se dispõem a fazer, sacrifícios estes que são feitos na intenção de saciar seu imediatismo, visando o mínimo de esforço e comprometimento possíveis. A grande verdade é que, fazer determinados sacrifícios é muito mais fácil do que assumir as responsabilidades que as coisas nos cobram. Assim, o sacrifício passa a ser visto como um gesto mágico que resolve os problemas de forma imediata, sem ser necessário passar pelo caminho correto, enfrentando as dificuldades que aparecem e, acima de tudo, superando-as.

Para um namorado, uma namorada, ou para um marido ou uma esposa, nas relações familiares, sociais, e em todas as outras, é muito mais fácil fazer “sacrifícios” em prol de alcançar algo do que encarar os problemas, as dificuldades, e as responsabilidades de frente, reconhecendo seus erros, culpas, e compromissos, e se dedicando para mudar o que for preciso. Para os jovens, que sonham com um futuro brilhante, com um bom emprego, e estabilidade, os atos de sacrifício também são utilizados como atalhos para alcançar o que desejam, de forma que, para eles, como diz Dostoiévski em “Os Irmãos Karamázov”, é muito mais fácil para os mesmos sacrificarem até a vida, do que dedicarem anos de sua juventude aos estudos e à preparação para o futuro.
“Fazer determinados sacrifícios é muito mais fácil do que assumir as responsabilidades que as coisas nos cobram”


Como é fácil perceber, a observação de Dostoiévski não se aplica apenas aos jovens, mas a todos nós.

Frequentemente, buscamos soluções rápidas e fáceis para nossos problemas, evitando o esforço contínuo e a dedicação necessária para alcançar objetivos mais elevados. Precisamos reavaliar nossas prioridades e estar dispostos a dedicar tempo e esforço às causas que realmente importam.

Valorizar o estudo, o conhecimento, a sabedoria, e a busca pela verdade é fundamental para o desenvolvimento pessoal e social. Precisamos nos comprometer com o aprendizado contínuo e com a dedicação a projetos de longo prazo, pois os mesmos sempre nos trarão benefícios duradouros e significativos, indo muito além dos sacrifícios feitos para a satisfação de nossos desejos imediatistas, muitas vezes, sem recompensas satisfatórias à longo prazo.

* Autor do livro “Cosmovisão Em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”. São Sebastião do Anta – MG

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