31 de julho, de 2024 | 08:30
Construção de parque poderá proteger a APA da Biquinha
Silvia Miranda
Área de 118 hectares foi concedida por meio de Termo de Comodato para implantação de projeto
Área de 118 hectares foi concedida por meio de Termo de Comodato para implantação de projeto
A transformação de parte da Área de Proteção Ambiental (APA) da Biquinha em parque municipal pretende garantir a preservação do local e evitar novos desmembramentos para comercialização urbana ou industrial, conforme defende a administração municipal de Coronel Fabriciano. O projeto já apresentado para a comunidade está em fase de arrecadação de recursos, mas deve ser executado ainda este ano, juntamente com a construção da estrada de ligação, que também será construída dentro da APA.
Para a execução do projeto, foi concedido ao município, por meio de contrato de comodato com a ArcelorMittal, proprietária do terreno, uma área de 118 hectares. O secretário de Planejamento Urbano e Meio Ambiente, Douglas Prado, destaca que a área concedida é extensa e oferece uma oportunidade de proteção à mata. A discussão surgiu em função de um projeto de construção de um novo condomínio em parte da área de preservação, comercializada pela proprietária do imóvel para um empreendedor imobiliário, conforme tem sido noticiado pelo Diário do Aço.
É uma área muito grande em relação a questões ambientais. Então, quando as pessoas falam que a APA vai ser destruída, isso não é verdade. O objetivo da administração é proteger a APA. Mas, aí sim conseguiremos blindar a APA, pois nesta área não teremos nenhuma construção ou edificação, será uma área de preservação ambiental. Todas as nascentes e trilhas foram cadastradas e o parque tem o objetivo de trazer a família, de trazer benefícios para Coronel Fabriciano”, detalhou.
O secretário garante que o processo de APA não é engessado, por isso fazer o parcelamento de solo ou outras intervenções em uma APA sempre foi permitido. Temos um exemplo de Nova Lima, onde 98% da cidade está em uma APA e lá ainda há processos de construção por meio de planos de manejo, com restrições, claro”, defendeu.
Obras
O projeto do Parque Ambiental contempla 118 hectares, dos quais 18 mil m² de área de convivência com espaços multiuso, de lazer, esportes e playground; banheiros; área de alimentação; viveiro; guarita; estacionamento; área administrativa, com salas para Polícia Militar, Bombeiros e Escoteiros; e iluminação. A área está localizada próxima ao Campo da CAF. Teremos algo que vai trazer benefícios para a população e todo o restante continuará como área de preservação, inclusive a estrada onde hoje as pessoas utilizam para caminhada está dentro da área do parque. Este trabalho será mensurado junto ao Conselho da APA, formado por entidades civis e ambientais, estamos levando tudo ao conhecimento da população”.
Silvia Miranda / Diário do Aço
Trilha utilizada atualmente por praticantes de Motocross será transformada em Estrada de Ligação à BR-381 e Distrito Industrial
Trilha utilizada atualmente por praticantes de Motocross será transformada em Estrada de Ligação à BR-381 e Distrito Industrial
Previsão de custo
O orçamento previsto para a obra de R$ 6 milhões, incluindo as construções, serviços de terraplanagem e energia elétrica. O financiamento para a construção do Parque da Biquinha será retirado do Fundo Ambiental do município, criado em 2017, onde são aplicados valores recebidos com multas e compensações ambientais. Até o momento, nós temos R$ 4 milhões já instituídos. Referente aos R$ 2 milhões, estão na conta e mais R$ 2 milhões serão depositados nos próximos dias por compensações ambientais das empresas do Distrito Industrial. Fora isso, também áreas adjacentes de empreendedores, que vão desenvolver atividades e passar por todo um processo de aprovação. Nós entendemos que essas compensações também serão destinadas ao parque, por meio do Codema, do Conselho da APA e uma série de outros condicionantes”, contou o secretário.
Patrimônio
Para o Executivo, o investimento no parque valoriza o potencial ecológico, além de ser uma forma de garantir a destinação pública e evitar comercialização futura para uso urbano ou industrial. Hoje não tem nada de parque na área da Biquinha, é apenas uma estrada que a prefeitura precisa pedir autorização até para fazer a limpeza, mas agora nós teremos a condição de proteger uma área de 118 hectares e transformar em um benefício para toda a população. Eu entendo que isso nunca será tirado, à medida que for consolidado, será como o Parque Ipanema de Ipatinga, uma área que pertence à Usiminas, mas que hoje serve para uso de toda a população”, comparou Douglas Prado.
Já publicado sobre o assunto:
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Estrada do distrito industrial terá faixa de preservação
Além do Parque da Biquinha, o governo municipal já anunciou a construção de uma estrada de ligação entre o atual Distrito Industrial 1, no bairro Belvedere, ao contorno rodoviário da BR-381, próximo à fábrica da Pipocas Plinc e à antiga ponte Mauá.Ao todo, serão quatro quilômetros de via pavimentada, que também servirá para fazer a ligação entre a sede do município e o Parque Industrial Vale do Aço, conhecido como Distrito Industrial 2. O objetivo da obra é melhorar a mobilidade urbana, retirando o trânsito pesado da avenida Magalhães Pinto e das ruas dos bairros Giovanini e Belvedere que dão acesso ao distrito. As vias não comportam o fluxo intenso do trânsito, causando lentidão e enormes filas nos semáforos, além de danificar as pistas com buracos.
Douglas Prado explicou que o traçado já existe, atualmente é uma estrada muito utilizada para a prática de motocross e, por isso, a obra será rápida, com previsão de início e conclusão ainda este ano. Trabalhamos essa situação a partir de 2017, junto à ArcelorMittal, e conseguimos a doação da área de estrada, que é de aproximadamente 30 metros de largura, e a pista será de 15 metros. Então, nós teremos ainda uma área de servidão e será mais uma forma de proteger a mata da Biquinha de ações de terceiros que queiram vender ou parcelar o terreno, ou seja, blindamos a área com a estrada, fazendo com que seja uma estrada parque”, defendeu.
Licença ambiental
Ainda conforme o secretário detalhou à reportagem do Diário do Aço, as licenças ambientais para a obra já foram emitidas, da mesma forma a licença do Instituto Estadual de Florestas (IEF) para a supressão das árvores, e o Executivo trabalha atualmente no processo de licitação para dar início aos trabalhos. O projeto contempla passagens subterrâneas e passagens aéreas para os animais. Porém, os estudos mostram que grande parte desses animais estão do lado da pista de caminhada, e neste traçado onde será a estrada é uma área degradada que necessita de reflorestamento”, pontuou Prado.
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Tião Marreta
31 de julho, 2024 | 19:21O golpe tá aí, cai quem quer. Não existe almoço grátis meus leitores, pôs dinheiro na campanha e agora querem o estorno em forma de benesses empresariais.
Vide Romeu Zema e grupo Localiza, dá um google aí para saber da história.”
André Silveira Silva
31 de julho, 2024 | 17:21A estrada que liga a BR 381 é de sua importância para as pessoas que vão trabalhar no distrito 2, pelo projeto a área será preservada não trazendo nenhum impacto ambiental”
Eu Eu Mesmo e Irene
31 de julho, 2024 | 15:17Natureza preservada é natureza intacta. É uma piada dizer que o parque vai preservar. Só um idiota acredita nesta falácia. Mas tudo bem, para quem acredita que a terra é plana, como o prefeito, acreditar nisso é de menos.”
Pirilampo
31 de julho, 2024 | 14:59A antiga Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, do grupo Luxemburguês ARBED, foi proprietária de quase todo o território do município de Coronel Fabriciano, incluindo a Biquinha. A Belgo com o seu projeto industrial, destruiu toda a cobertura de floresta nativa do município para plantar eucalipto. Depois, transformava o eucalipto em carvão que servia para abastecer os fornos da siderúrgica em João Monlevade para fabricar aço carbono. A Belgo deixou uma divida social com a comunidade de Coronel Fabriciano Incalculável. Situada na microbacia do ribeirão Cocais Pequeno, essa imensa área onde está localizada a Biquinha, além de ter sido uma região de domínio da Mata Atlântica, tem significativo valor para a manutenção de inúmeros corpos d?água e nascentes, importantes afluentes da bacia do rio Piracicaba. Desde o ano de 1990, quando ainda existia um escritório da Belgo no Horto Cascudo, vários projetos foram apresentados pela comunidade para a criação de uma Unidade de Conservação para proteção e lazer. A Belgo jamais teve interesse de ouvir os anseios da comunidade. Com á perda de sua biodiversidade e de sua flora e fauna silvestre, foi perdendo território para os diversos interesses econômicos da atual proprietária, ArcelorMittal. Uma tragédia. Todas as administrações que tiveram a oportunidade de fazer da Lei um instrumento de desapropriação e não fizeram, foram mais covardes que a própria Belgo Mineira.”
Torrada
31 de julho, 2024 | 14:03? uma área linda com muitas nascentes e animais a preservação é tudo o local é lindo poderia virar um ponto turístico de visitação prefeito d.r Marcos Vinicius podia fazer mesmo o parque seria tudo de bom e a população colaborar com a preservação do local não jogando lixo ajudando a manter lugar muito bonito tem muitas espécies de pássaros e outros animais seria um grande parque a onde as famílias poderiam visitar nos fins de semana levar seus filhos maravilhoso.”
Lucimar Vasconcelos
31 de julho, 2024 | 13:03A Prefeitura de Fabriciano irá construir estrada dentro da área de preservação ambiental. imagine só! Morte de animais, poluição, barulhos intermináveis. Degradação do que sobrar! O meio ambiente não significa nada para algumas administrações.”