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20 de agosto, de 2024 | 11:00

Aumentando ou inventando? Sei não...

Nena de Castro*

Ora, ora, ora! Que Machado de Assis é o maior escritor brasileiro, todo mundo sabe. (Ou devia saber!) Que o cara era mulato e sofreu uma embranquecida geral pela nossa sociedade racista e escravagista, recentemente se soube. Ele pulou do túmulo após a grita geral de que não era branco e cantou “Eu sou neguinha”, do Caetano Veloso. Como dizem que a vida imita a arte, há um bochicho literário voando por aí: Machado e o escritor José de Alencar eram amigos próximos. Quando o autor de Iracema morreu, Machadito se ofereceu para cuidar da família enlutada. E o fez, cuidando com especial desvelo do caçula, seu afilhado Mário que na época tinha 5 anos. Bem, o rapaz cresceu, sempre próximo ao padrinho e dizem as boas línguas que até se parecia muito com ele. E que seria na verdade filho do Machadão que teria tido um caso com dona Georgina Augusto Cochaine, a mui digna esposa de Alencar. Para piorar as coisas, o rapaz tinha epilepsia, como Machado e na família Alencar ninguém tinha essa doença. Verdade? Mentira? Eu lá é que vou saber? Perguntem ao Bentinho, marido da Capitu! E já que hoje eu “tô que tô” mergulhada nas voltas e meneios da vida, lembrei-me de Zarinha que morava no mesmo prédio em BH, acabamos passando das conversas rápidas no elevador para bate papos na calçada e sorvetes na lanchonete defronte. Um dia, ela me contou que trabalhou duro e comprou um fusca. Ter um fusca na década de 70 era um must, uma sensação. E ela cuidava do carro, mantinha-o perfumado e brilhante. Ocorre que era casada, sem filhos e para seu desgosto descobriu um dia que o marido João, saía no seu carro para se encontrar com Lea que era sua irmã mais nova! Resolveu se vingar e atraiu seu cunhado Antônio para a cama. Convidou-o para almoçar todos os dias em sua casa a título de ajudá-lo a economizar para seu próprio casamento.

Ela me olhou séria e disse, enquanto mexia o sorvete na taça: “para me vingar do marido, seduzi seu irmão. Disse-lhe que podia vir almoçar, mas tinha que fazer sexo comigo todos os dias. Eu quase fiquei doida, o Antonio vinha às 11:30 para o almoço; às 13 horas vinha meu marido e às vezes se encontravam”. Eu ali, fazendo cara de dona de casa que só ia trabalhar às 14h! Um dia, quase que o marido pega a gente no flagra! Conseguimos despistar a tempo, ele não desconfiou. Um dia dei um piripaque, deu um nó na cabeça, desmaiei. As vizinhas acudiram e chamaram um médico que acabara de se mudar pro prédio. Ele me atendeu, me deu uma injeção calmante, João ficou de pagar o atendimento, não pagou e eu paguei com sexo. Mais um pra complicar minha vida! Resolvi contar tudo pro João. E esperei o tiro. Mas dizendo que me amava, ele me propôs reconciliação. Sem mais sujeiras. Topei. Mudamos de bairro e vamos levando a vida. Acho que sou doida, né?” Eu pus mais sorvete na boca e nada disse. Quem sou eu pra julgar os outros? Pensando bem, é um caso digno de um livro machadiano. Só que é verdade. Ou não. E nada mais digo, sei que meus cinco leitores gostam das minhas histórias e me perdoam, rs.

* Escritora e encantadora de histórias.

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Comentários

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Tião Aranha

21 de agosto, 2024 | 14:51

“Bom texto, chumbo trocado não dói. Ser intelectual nordestino do povo e chifrudo é dose dupla, mas veio do povo! Até o Machado pulava a cerca. Normal. Pra quem trai, o importante é manter as aparências. Debaixo do cobertor a suruba come! Rs.”

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