25 de agosto, de 2024 | 08:00

Exposição no Rio de Janeiro homenageia icônica bonequeira do Jequitinhonha

CRAB/Divulgação
Mostra inédita reúne peças inspiradas na mestra artesã: obra transcendeu fronteirasMostra inédita reúne peças inspiradas na mestra artesã: obra transcendeu fronteiras
O Centro de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro, e o Sebrae Minas, com a parceria do Governo de Minas Gerais por meio da Diretoria de Artesanato, homenageiam uma das mais notáveis artistas populares do Brasil: a mestra artesã dona Izabel Mendes da Cunha. A exposição “Dona Izabel: 100 anos da Mestra do Vale do Jequitinhonha” celebra o centenário de nascimento da premiada ceramista mineira, conhecida como a “Dama do Barro do Jequitinhonha” e criadora das famosas bonecas moringas.

A mostra oferece um mergulho no legado de Dona Izabel, cuja obra transcendeu fronteiras regionais e conquistou reconhecimento nacional e internacional. O espaço conta com 300 obras da mestre artesã, distribuídas em oito salas do CRAB (Praça Tiradentes 69/71, Centro do Rio de Janeiro). Além disso, a mostra conta com trabalhos feitos por artesãos mineiros que se inspiraram no trabalho da mestra artesã.

“Homenagear Dona Izabel em seu centenário de nascimento é reconhecer a trajetória de uma artista que extrapola os limites de seu território, o município de Santana do Araçuaí (MG), e se lança por um extenso vale mineiro, de onde transborda para o Brasil e o mundo. Dona Izabel escreveu uma linda história sobre o artesanato e a arte da cerâmica no Brasil e nos deixou um legado único”, explica Ricardo Lima, curador da exposição.

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Dona Izabel, que morreu em 2014, passou o saber na produção de bonecas para a filha Glória e a neta AndréiaDona Izabel, que morreu em 2014, passou o saber na produção de bonecas para a filha Glória e a neta Andréia
Quem foi Dona Izabel?
Nascida em 1924, Izabel Mendes da Cunha ficou conhecida como “Bonequeira do Vale” graças à habilidade e à sensibilidade na produção de noivas de cerâmica inspiradas nas mulheres do Jequitinhonha. Ela iniciou os primeiros contatos com a arte ainda quando era criança e ajudava sua mãe, Dona Vitalina, a fazer utensílios de cerâmica para complementar a renda da família.

Graças ao ofício ensinado pela mãe, Dona Izabel sustentou seus filhos sozinha por muitos anos, pois havia ficado viúva cedo. Ao longo do tempo, começou a influenciar outros jovens a ter o gosto pela arte da cerâmica na região.
A oficina de Dona Izabel, anexa à sua casa em Santana do Araçuaí, no Médio Vale do Jequitinhonha (MG), para onde se mudou ainda jovem, era um espaço de simplicidade e criatividade. Por meio de ferramentas rudimentares, como sabugos de milho e pedaços de coité, e pigmentos minerais que ela mesma preparava, Dona Izabel deu vida a suas criações, a maioria utensílios de uso diário.

A década de 1970 marcou uma virada na carreira da artista, quando ela começou a criar as famosas grandes bonecas. Originalmente projetadas para conter água, essas peças evoluíram para esculturas de um metro ou mais, tornando-se símbolos de sua arte e da cultura do Vale.
Em 2004, Izabel foi premiada pela Unesco, e, no ano seguinte, recebeu a Ordem ao Mérito Cultural do Governo Federal, em reconhecimento a sua ação em favor da cultura brasileira. Também recebeu o Prêmio Culturas Populares do Ministério da Cultura. Em 2016, sua obra foi celebrada com uma série especial de selos postais emitida pelos Correios. Dona Izabela morreu em 2014, aos 90 anos.

CRAB/Divulgação
Peças reproduzem as famosas bonecas moringas de barroPeças reproduzem as famosas bonecas moringas de barro
A família da Mestre Artesã deu continuidade ao legado de obras. A filha Glória e a neta Andréia mantiveram os saberes passados pela artesã e já produziram centenas de peças de cerâmica. “Costumo a dizer que nasci ‘dentro do barro’. Por meio dessa atividade, sustentei meus filhos durante anos e passei o saber para minha filha, que continuou o legado. É uma grande responsabilidade estar na segunda geração, mas é um privilégio de ter herdado esse dom e ter tido uma escola dentro de casa”, afirma Glória.

Marca-território
Em 2021, o Conselho das Artesãs do Jequitinhonha desenvolveu, em parceria com o Sebrae Minas, a primeira marca-território Vale do Jequitinhonha, voltada para o artesanato em Minas Gerais, envolvendo cerca de 120 artesãs de comunidades dos municípios de Turmalina, Minas Novas e Ponto dos Volantes. O objetivo é fortalecer e impulsionar os negócios na região do Jequitinhonha, com base em um posicionamento ancorado no território, tendo por foco o artesanato de tradição.

A iniciativa contribui para divulgar a origem do produto, dar notoriedade à região e estimular a atividade como fonte de renda, aumentando assim sua valorização no mercado, gerando um círculo virtuoso de desenvolvimento e tornando mais dinâmica toda a economia do território. Dessa forma, os artesãos passam a valorizar e entender a importância de garantir a qualidade de produção, e estão sendo incentivados a buscarem mercado e construírem, por conta própria, suas carteiras de clientes. Eles participam em diversos eventos grandes no país, como a Fenearte (Pernambuco), ABUP Decor Show (São Paulo), Salão do Artesanato (Brasília) e a Feira Nacional de Artesanato (Belo Horizonte).
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