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18 de setembro, de 2024 | 06:00

Setembro registra temperaturas acima da média histórica no Vale do Aço

Matheus Valadares
O ar mais frio não permite que a poluição suba, retendo esta camada próxima à superfície O ar mais frio não permite que a poluição suba, retendo esta camada próxima à superfície
Por Silvia Miranda - Repórter Diário do Aço
A região do Vale do Aço tem vivido dias de muito calor, com níveis de umidade muito baixos e diversos registros diários de focos de queimadas. A má notícia é que as temperaturas continuarão acima da média histórica, e as chuvas só devem chegar a partir de outubro, ainda com volumes baixos, insuficientes para umidificar o solo e a vegetação.

A previsão climática do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica um mês de setembro com temperaturas médias mais elevadas em todo o estado de Minas Gerais. Esse acréscimo irá variar no estado conforme a localização latitudinal, altitude e outros fatores de cada município e região.

A professora da área de climatologia do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), campus Governador Valadares, Daniela Martins Cunha, aponta que, para o Vale do Aço, as temperaturas máximas tendem, em geral, a ficar acima dos 31 °C nesta semana. "Ou seja, mais elevadas que a média histórica do mês de setembro, tendo em vista que, por exemplo, a média dos municípios de Ipatinga e Coronel Fabriciano, segundo a Normal Climatológica do Inmet, para setembro é, respectivamente, 28,5 °C e 29,6 °C", informou.

No entanto, a professora adianta que ainda não se pode falar em onda de calor, pois esta só é considerada quando as temperaturas máximas sofrem um acréscimo de 5 °C acima de sua média por pelo menos dois ou três dias consecutivos, conforme a área de abrangência, de acordo com a metodologia do Inmet.

Fatores
Fernanda Melo/IFMG Campus GV
Professora do IFMG, Daniela Martins explica sobre fatores que tem agravado o período secoProfessora do IFMG, Daniela Martins explica sobre fatores que tem agravado o período seco

O período de abril a setembro corresponde à estação seca na região, quando o registro de chuvas sofre um grande decréscimo e, consequentemente, o ar fica mais seco. No entanto, segundo explica a professora, neste ano nem os baixos volumes de chuva ocorreram, e os meses ficaram ainda mais secos. "Isso se deve à atuação sobre o estado de Minas de um sistema atmosférico denominado Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS). Esse sistema de alta pressão atmosférica promove a subsidência/descida do ar na atmosfera e, por conseguinte, funciona como um bloqueio, impedindo a formação de chuvas, que, nesta época do ano, resultariam da passagem de frentes frias", argumentou Daniela Martins Cunha.

Temperatura
Quanto mais elevada a temperatura, menor será a umidade, como tem ocorrido principalmente nas tardes dos municípios do Vale do Aço, quando a temperatura chega ao ápice e, consequentemente, a umidade relativa atinge seus menores níveis. "Além disso, nota-se que o tempo seco influencia a amplitude térmica diária, ou seja, a diferença entre a maior e a menor temperatura do dia. Assim, tem sido comum a ocorrência de madrugadas com temperaturas mais baixas e tardes com temperaturas mais elevadas. A umidade do ar também possui relação direta com as chuvas. Em dias chuvosos, o ar fica mais úmido, e o ar com maior umidade relativa propicia a formação de chuvas", completou Daniela Martins.

Chuva
O registro de chuvas, que todos esperam para aliviar o tempo seco, só deve ocorrer a partir de outubro, quando começa oficialmente o período chuvoso, mas a previsão é de baixos volumes, não sendo suficientes para umedecer o solo e a vegetação. "O período chuvoso começa em outubro e vai até março de 2025. Para outubro, a tendência é de que as chuvas ocorram dentro da média prevista. No entanto, a média de chuva para outubro nos municípios do Vale do Aço ainda não é muito expressiva, ficando entre 40 mm e 60 mm. Volumes mais significativos são esperados para novembro, podendo chegar até 200 mm. Destaca-se, contudo, que são tendências, sendo importante continuar o acompanhamento das previsões", explicou.

Poluição
Daniela Martins reforça a necessidade de redução das queimadas, pois o ar poluído pode ocasionar desde problemas de saúde, como rinites e sinusites, até problemas mais graves, como câncer de pulmão. "Tem sido muito comum observarmos um céu acinzentado, o que denominamos névoa seca. A poluição não se dissipa nesta época do ano, pois ocorre a inversão térmica, um fenômeno natural no qual o ar mais próximo à superfície tende a ser mais frio que o ar de altitudes mais elevadas, especialmente durante a madrugada. O ar mais frio, sendo mais pesado, não permite que a poluição suba, fazendo com que ela fique retida próxima à superfície. Com isso, pessoas com tendência a problemas respiratórios e cardíacos tendem a passar muito mal nesta época", detalhou.

Já publicado sobre o assunto:
-Coronel Fabriciano amanhece sob ''cortina de fumaça'' de queimadas
-Bombeiros combatem mais um incêndio em vegetação em Coronel Fabriciano
-Diante de seca assustadora, incêndios se alastram e chefes de poderes são chamados para discutirem emergência climática
-Com estiagem prolongada, ocorrências de incêndios em vegetação surgem por todos os lados
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