20 de setembro, de 2024 | 08:30
Economista do Vale do Aço explica como aumento da taxa Selic atinge o bolso da população
Arquivo pessoal
Makáliston tem mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro e 13 anos de atuação em bancos
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
Makáliston tem mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro e 13 anos de atuação em bancosOs juros foram elevados esta semana, pela primeira vez, depois de um período maior do que dois anos pelo Banco Central (BC), em função da alta do dólar e das incertezas em torno da inflação. Conforme já publicado pelo Diário do Aço, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic, juros básicos da economia, em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano em reunião concluída na quarta-feira (18). Em entrevista ao jornal Diário do Aço, o economista e professor de educação financeira, Makáliston Brito, que atua no Vale do Aço, explicou como isso interfere no bolso da população. Se por um lado a decisão é positiva, por outro, nem tanto.
Com a nova taxa Selic, o custo de crédito e empréstimos aumenta. Isso quer dizer que pagar parcelas de financiamentos, cartões de crédito ou empréstimos pessoais fica mais caro. Além disso, com menos acesso a crédito, as pessoas tendem a consumir menos, o que pode diminuir a circulação de dinheiro na economia. As pessoas compram menos, e tendem a guardar o dinheiro”, afirmou o economista.
Ele também ressaltou que, com os juros mais altos, os bancos tornam os empréstimos mais caros e os critérios de aprovação mais rígidos. Isso ocorre porque a taxa Selic influencia diretamente as taxas cobradas pelos bancos”.
Poupança e investimentos
O economista acrescenta que, com a alta da taxa básica de juros, a poupança e os investimentos também serão impactados, mas de forma positiva. Quando a taxa Selic está acima de 8,5% ao ano, como é o caso da nova taxa de 10,75%, a poupança rende um valor fixo de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), o que corresponde a um rendimento de cerca de 6,17% ao ano. No caso de outros investimentos de renda fixa, é mais interessante investir, já que com a Selic em alta, investimentos atrelados à taxa de juros, como CDBs, LCI/LCA e o Tesouro Selic, tornam-se mais atrativos. Isso ocorre porque eles acompanham de perto o aumento da Selic, oferecendo rendimentos mais elevados e com segurança”, enfatizou.
Mercado de trabalho
Segundo Makáliston Brito, alguns setores do mercado de trabalho podem sentir efeitos negativos. A alta tende a desaquecer o consumo, o que pode reduzir as vendas no comércio e afetar indústrias que dependem de altos volumes de crédito, como comprar uma casa ou até mesmo carros”, apontou.
Com menos consumo e investimento, empresas podem frear contratações ou até demitir funcionários para reduzir custos. Setores que dependem de crédito, como construção e comércio, podem ser os mais impactados, gerando um efeito negativo no mercado de trabalho”, acrescentou.
Vantagens
O professor de educação financeira pontuou que a principal vantagem do aumento da taxa Selic é o controle da inflação. Com juros mais altos, as pessoas tendem a gastar menos, o que ajuda a reduzir o aumento generalizado dos preços. Além disso, para quem investe em renda fixa, como Tesouro Selic e CDBs, é sempre uma boa alternativa”, concluiu.
Na contramão do desenvolvimento do País”
A decisão do BC desagradou a alguns segmentos. Para o presidente nacional da Força Sindical, Miguel Torres, a decisão é um verdadeiro "prêmio" aos especuladores do mercado financeiro. "É importante destacar que a atual política econômica do Banco Central está destoando dos anseios da classe trabalhadora. Infelizmente, essa estratégia de gradualismo, subindo a taxa aos poucos, penaliza de forma nefasta, principalmente, os menos favorecidos economicamente e irá atrapalhar as campanhas salariais deste semestre bem como a produção e o consumo das famílias. Elevar os juros nesse momento traz mais incertezas. O aumento dos juros tende a desestimular o investimento e o consumo no País", conclui nota divulgada pela central.
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