26 de setembro, de 2024 | 10:26

Nardyello Rocha desiste da disputa da Prefeitura de Ipatinga e anuncia apoio a Heleno do Hospital

Após formalização da desistência, Justiça Eleitoral deve decidir se remove nome do candidato nas urnas eletrônicas, que já receberam carga

Nardyello Rocha (PSB), ex-prefeito de Ipatinga e até então candidato ao cargo majoritário, não irá mais disputar a eleição deste ano. O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa, ocorrida na manhã desta quinta-feira (26), na sede de campanha, no bairro Veneza I. Também comunicou seu voto a Heleno do Hospital (PP) nas eleições de 6 de outubro. Até o fechamento desta matéria, Nardyello não havia formalizado a desistência junto ao cartório eleitoral. Quando o fizer, o juiz vai analisar se tira ou deixa seu nome nas urnas.

O agora ex-candidato explicou que fez questão de falar sobre a desistência de uma forma transparente. “Qual o motivo que nós estamos deixando a campanha? Primeiramente, financeiro. Nossa campanha infelizmente recebeu um recurso pífio. Muito aquém do que era esperado, o PSB nunca prometeu milhões, mas esperávamos um recurso pelo menos compatível. E foi destinada a quantia de R$ 100 mil. O Solidariedade, que é o partido do vice (Juliano), que tinha também feito um compromisso de algum aporte, não fez”, lamenta.

Diante desse quadro, “nós entendemos que ficou inviável o desequilíbrio do pleito, tornou inviável a nossa continuação a nível financeiro”, avalia.

Análise científica
Nardyello revelou ter encomendado uma análise científica sobre a conjuntura política. “Ela mostrou que o governo atual é rejeitado por mais de 70% da população. Estou repetindo, cientificamente ficou comprovado que o governo atual é rejeitado por mais de 70% da população. Nesse momento foi necessário medir cientificamente, principalmente entre os três candidatos com maior pontuação, nós, Quintão e Heleno, qual seria a viabilidade eleitoral. A outra pessoa ficou sendo Heleno. O meu voto é no Heleno. Eu estou aqui tomando uma decisão com a razão. Pode não ser o que o meu coração determina nesse momento, mas é o que a cidade precisa”, ponderou.

“Caso todas as candidaturas fossem mantidas, ele (atual prefeito) poderia ganhar a eleição mesmo com 70% da população não querendo, porque aqui não tem segundo turno e automaticamente a divisão de votos entre os candidatos poderia permitir que um candidato vencesse com menos de 30% dos votos”, detalhou.

Ele acrescenta que existia uma definição de que faria da campanha aquilo que fosse melhor para a cidade. “Já tínhamos o problema financeiro, mas não tínhamos o posicionamento científico e recebemos. Fizemos reuniões e tomamos a decisão. O que adianta eu ficar candidato e nós três perdemos: eu perder, o Quintão perder e o Heleno perder?”, indagou.

Quintão teria problemas com a Justiça Eleitoral
O ex-prefeito pontuou que muitas pessoas não conhecem Heleno e que isso dá margens para seu crescimento, conquistando o voto destes. E sobre Quintão, a outra via, “seria o candidato que eu considero um candidato que já está condenado pela justiça local desde o dia 24 de maio, por cinco anos de inelegibilidade. Tanto ele como o vice dele. Então, não justifica. Esses dois candidatos, o prefeito e o vice, foram cassados. Eu assumi o governo de Ipatinga por isso (quando era presidente da Câmara). Eu sei exatamente o quanto eu sofri para colocar novamente a cidade nos trilhos, para trazer de novo a estabilidade política, e esses mesmos candidatos voltam agora com a nova condenação de cinco anos de inelegibilidade, podendo amanhã o Tribunal decidir por uma extemporânea. Eu não quero mais isso na minha cidade”, enfatizou.

Estabilidade
Segundo Nardyello, o nome que representa a estabilidade hoje é Heleno do Hospital. “Por isso então, eu vou votar no Heleno, e nós estamos retirando a nossa candidatura, e acreditando que Ipatinga pode voltar a ser feliz. A única exigência que nós temos, neste momento, é que itens do nosso plano de governo sejam abraçados. A nossa expectativa é que sejam abraçados também por outros candidatos, a exemplo da questão da tarifa zero, das obras estruturantes”, salientou.

Com o atual cenário no tabuleiro da disputa, Nardyello defende a junção das três candidaturas com melhor colocação na corrida eleitoral. “O que adianta eu ficar candidato, e nós três perdermos?. Eu perder, o Quintão perder e o Heleno perder?, indagou.

Cargo no governo de Heleno
Questionado se teria alguma participação no eventual governo do Heleno, Nardyello negou. “De forma alguma. Em momento algum isso foi negociado. Em momento algum isso foi discutido. O que nós queremos é que o nosso plano de governo seja olhado com muito carinho por quem vier governar essa cidade. Porque ele é o melhor de todos”, frisou.

O que dizem os candidatos

O Diário do Aço procurou os demais candidatos e questionou sobre como a saída de Nardyello interfere no processo eleitoral. Somente Alê Silva, Coronel Edvanio e Glauber Machado se posicionaram.

Alê Silva avaliou que esse cenário não vai fazer diferença nenhuma, “afinal de contas, desde o início eu venho fazendo um trabalho independente, autônomo, pensando exclusivamente no bem do povo e não nos bens de cacicados”. Segundo ela, sua campanha é pé no chão contra a campanha do milhão.

E “que bom que os eleitores ipatinguenses não se deixam impressionar ou se enganar por campanhas milionárias”. Ela aponta ainda que “enquanto um candidato criou um grande problema para o comércio no passado, chegando a quebrar vários comerciantes, a falir vários comerciantes, o outro, pelo histórico e pelas análises do seu passado, pelas investigações que ele vem respondendo, parece não ter feito coisa diferente com relação à saúde pública”.

“Vou continuar aqui o meu trabalho, a mulher aqui não vai cair, a minha candidatura não vai ser derrubada, eu não vou desistir, a única mulher vai resistir, a única mulher vai ensinar para todos esses homens o que é ser guerreira e o que é ser forte. Vamos até o final”, assegurou.

Coronel Edvanio
“O acordão entre Nardyello, o Naná e Heleno - que não é médico - era algo previsível. É a reação natural de um sistema político que faz de tudo para manter o poder, deixando a população em segundo plano. Esse tipo de acordão, que de republicano não tem nada, é construído às custas do futuro de Ipatinga. A nossa fala é direta: o eleitor não aguenta mais esse jogo de interesses. É sempre a mesma história: acordos políticos que garantem cargos e vantagens para os mesmos de sempre, enquanto os problemas da cidade continuam sem solução. A população de Ipatinga exige uma mudança real, e essa mudança não virá dos que continuam fazendo parte desse sistema viciado. Eu sou a novidade na política e minha campanha é feita de forma modesta, com o pé no chão, respeitando a lei e, principalmente, a vontade do eleitor. A mudança que Ipatinga precisa não é mais do mesmo, não é o velho jogo de poder. A mudança é Coronel Edvanio Prefeito 30. O nosso compromisso é com uma Ipatinga justa, transparente e voltada para o povo. Quem compara, vota 30 – Coronel Edvanio, Prefeito”.

Glauber
Por sua vez, o candidato do PSTU opinou que a retirada da candidatura não é nada surpreendente, dado que partidos da ordem se ajudam entre si, sem o menor respeito ao seu eleitorado e à sua militância. “Acredito que a saída do Nardyello possa mudar sensivelmente a eleição, mas nada absurdo. A população que queria votar nele pra ‘tirar o Gustavo’ perpetuaria o ‘mal menor’ — o que sempre é feito, eleição após eleição, enquanto a população só vê sua vida piorar. O que desejamos, claro, é que os eleitores que votariam em Nardyello, votem no 16”, pediu.

Carreira de Nardyello
Nardyello Rocha tem uma carreira que começou como vereador, foi presidente da Câmara Municipal e depois foi eleito prefeito para um mandado entre 2018 e 2020. Em junho de 2018, foi eleito com 34.697 votos (36,33% dos votos válidos), em uma eleição extemporânea. A eleição foi determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral, em função da cassação do então prefeito, Sebastião Quintão e seu vice, Jésus Nascimento.

Em dezembro de 2016, o Plenário do TSE manteve a decisão da corte eleitoral mineira que havia negado os registros de candidatura de Sebastião e de Jésus, por abuso de poder econômico ou político e compra de votos, causas de inelegibilidade previstas na Lei Complementar nº 64/1990 (Lei de Inelegibilidades).