27 de setembro, de 2024 | 11:00

A importância do Setembro Amarelo na prevenção do suicídio

Lucas Guedes *

Desde 2015, o "Setembro Amarelo" tornou-se uma campanha fundamental no Brasil para conscientizar a população sobre a prevenção ao suicídio, tema delicado e urgente. Criada pela ONG brasileira CVV (Centro de Valorização da Vida), a campanha visa educar e alertar a sociedade para identificar sinais de que alguém pode estar em risco e agir para evitar que essa tragédia ocorra.

É alarmante perceber que o suicídio tem tirado a vida de tantas pessoas ao redor do mundo. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou mais de 700 mil suicídios globalmente, e no Brasil, a média é de 14 mil mortes por ano, ou seja, 38 pessoas por dia. Esses números são devastadores e exigem uma reflexão profunda sobre a gravidade do problema. Para cada suicídio, estima-se que outras 10 tentativas tenham sido realizadas, um dado que escancara a extensão silenciosa da crise de saúde mental em nosso país.

A origem do Setembro Amarelo vem de uma história comovente que ocorreu em 1994 nos Estados Unidos, quando o jovem Mike Emme, de apenas 17 anos, tirou a própria vida. Seus pais, após o suicídio, iniciaram uma campanha para alertar outras famílias sobre os sinais de risco, uma vez que eles não haviam percebido que o filho precisava de ajuda. A iniciativa adotou a cor amarela, a mesma do carro de Mike. Desde então, o amarelo se tornou símbolo mundial de conscientização sobre o suicídio.
"Números do suicídio são devastadores e exigem uma reflexão profunda sobre a gravidade do problema"


No Brasil, a campanha mobiliza órgãos públicos, a iniciativa privada e instituições como a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina. O lema de 2024, "Se precisar, peça ajuda!", reflete um apelo simples, porém poderoso: a ajuda está disponível e é fundamental reconhecer que pedir apoio é um ato de coragem e não de fraqueza.

A prevenção ao suicídio não pode se limitar ao mês de setembro. Este é um tema que deve ser abordado durante todo o ano, e todos temos um papel a desempenhar. O governo, por meio de políticas públicas e instituições de saúde, precisa criar e reforçar mecanismos que garantam o suporte adequado às pessoas em risco. A população, por sua vez, deve ser proativa, informando-se e sendo sensível aos sinais que alguém ao nosso redor pode emitir.

Ao identificarmos mudanças de comportamento, isolamento, falas sobre desespero ou falta de esperança, é essencial agir. Não podemos subestimar o impacto de uma conversa aberta, de um ouvido atento ou de um simples "estou aqui". Muitas vezes, a sensação de estar só é o que leva uma pessoa a acreditar que não há outra saída.

Por fim, o CVV oferece um serviço essencial para quem precisa de ajuda. Pelo telefone 188 ou pelo site cvv.org.br, qualquer pessoa pode buscar apoio emocional de forma gratuita e confidencial. Essa é uma ferramenta valiosa que pode salvar vidas, e sua divulgação é fundamental.

O suicídio pode ser prevenido. Cada um de nós tem a responsabilidade de contribuir para que mais vidas sejam preservadas. Se você está em sofrimento ou conhece alguém que está, lembre-se: a vida é sempre a melhor escolha, e a ajuda está ao alcance.

* Médico e gerente de Regulação e Auditoria Médica da You Saúde
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