27 de setembro, de 2024 | 08:00

Quase 200 pessoas estão na fila à espera de transplante de órgãos no Vale do Aço

Divulgação/Ministério da Saúde
Na RMVA, há 83 pessoas na lista de espera por transplante Na RMVA, há 83 pessoas na lista de espera por transplante
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
Nesta sexta-feira (27), é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos. A data foi instituída pela Lei nº 11.584/2.007. Na maior parte das vezes, o ato de doar órgãos pode ser a única esperança de vida de uma pessoa. No entanto, há uma grande resistência quando se trata da realização de transplantes, inclusive, em nossa região. Na Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), considerando os quatro municípios, há 183 pessoas na lista de espera por transplante.

A informação foi apurada pela reportagem do Diário do Aço junto ao Ministério da Saúde. O dado foi extraído em 30 de agosto. Entre os transplantes mais aguardados estão o de coração, fígado, rim, pâncreas e córnea.

O MS, por meio da Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes, informou ao jornal que, das cidades que compõem a RMVA, a única que possui estabelecimentos autorizados a realizar procedimentos desse tipo é Ipatinga. No município, são feitos os transplantes de rim e córneas. O Ministério da Saúde pontuou ainda que o fator que mais impede a doação é a não autorização por parte das famílias.

"Isso, na maioria das vezes, ocorre porque os familiares não sabem qual era a vontade de seu ente querido falecido em relação à doação. Por esse motivo, para a doação de órgãos e tecidos, é importante conversar com a família sobre a vontade de ser doador, pois, no Brasil, a doação após a morte só pode ser realizada com a autorização da família. A legislação brasileira determina que familiares sejam responsáveis pela decisão final".

"Existe ainda a possibilidade de doar órgãos em vida, para isso é necessário ser maior de idade e juridicamente capaz, saudável e estar de acordo com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. Um doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado ou parte dos pulmões ou medula óssea. O médico deverá avaliar a história clínica do doador e as doenças prévias. Parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. A doação de órgãos de pessoas vivas que não sejam parentes só acontece mediante autorização judicial”, esclareceu o MS.

Atualmente, “existe um cadastro onde o cidadão poderá realizar a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (AEDO), deixando registrada a sua intenção de doar os órgãos após a morte. Para a realização da AEDO, basta acessar: Autorização Passo a Passo - Portal CNJ e preencher o formulário. Essa autorização auxilia a família num momento de decisão, mas a palavra final sobre a doação continua sendo dos familiares", acrescentou ao jornal.

Doação na região é abaixo do esperado
Neste ano, foram feitas em Ipatinga somente nove doações de órgãos, sendo que haviam 14 notificações de potencial doador. Sendo assim, a taxa de efetivação foi de 64%. Esses números são referentes ao período de janeiro a junho.

No mesmo período, a quantidade de transplantes em pacientes residentes na região, mas feitos em outras localidades, totalizou 18 procedimentos. Nenhum transplante foi feito em Ipatinga.

Segundo o médico intensivista e coordenador da Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Hospital Márcio Cunha, Emerson Damasceno Moura, a incompreensão sobre a morte encefálica, pelos familiares, somada à falta de preparo das equipes em comunicar essa questão, além de motivos religiosos, faz com que haja alta recusa pela doação de órgãos pelas famílias.

"Recomendamos que as pessoas discutam com seus familiares sobre doação de órgãos, que expressem seu desejo de doar ou não seus órgãos", apontou o médico.

Todos os transplantes são igualmente importantes
Ao DA, o Ministério da Saúde relatou que a causa que leva à necessidade de um transplante é a perda da função do órgão ou tecido. "As indicações constam no Regulamento Técnico do Sistema Nacional de Transplante, donde citamos algumas: insuficiência renal crônica com necessidade de diálise, diabete mellitus, cirrose, hepatite fulminante, doenças pulmonares graves, insuficiência cardíacas e arritmias graves, ceratocone, queimadura ocular, queimadura de pele".

O órgão do governo federal ressaltou também que os transplantes de órgãos mais realizados são o de rim e o de fígado, mas todos são igualmente importantes. "Como o de pulmão, coração e pâncreas. Entre os transplantes de tecidos, o mais conhecido é o transplante de córneas, mas também existem os transplantes de pele, de ossos, de válvulas cardíacas. Destacamos ainda o transplante de medula óssea, que é o transplante de células-tronco hematopoéticas, realizado com células do próprio paciente ou de um doador vivo".

Processo do transplante
Após a autorização familiar, o processo de transplante é coordenado pelas Centrais de Transplantes de cada estado. No caso de Minas Gerais, o MG Transplantes é o órgão responsável por conectar doadores e receptores por meio de uma lista única, que considera a gravidade do estado de saúde e a compatibilidade entre doador e receptor.

Emerson Damasceno reforçou que “o Brasil tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo e é responsável pelo financiamento de cerca de 95% dos transplantes no país. Um único doador falecido pode salvar até oito vidas, por meio da doação de órgãos”, concluiu.

Veja abaixo as listas de espera:





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