29 de setembro, de 2024 | 06:00

Segundo ato

Fernando Rocha

O Cruzeiro volta as suas atenções para o Campeonato Brasileiro, depois de cumprir o objetivo de chegar à semifinal da Copa Sul-Americana.

Hoje, às 18h30, no Mineirão, o adversário será o Vasco da Gama, que já esteve na zona de rebaixamento por várias rodadas, reagiu e agora ocupa a 10ª colocação, com 35 pontos, enquanto a Raposa está em 7º lugar com 42 pontos, apenas 2 pontos atrás do 6º colocado, o Bahia, o último na zona de classificação para a Libertadores do próximo ano.

O técnico Fernando Diniz terá o segundo ato no comando da equipe e, a meu juízo, não pode ainda ser cobrado quanto ao estilo de atuar da equipe, algo que irá sofrer mudança radical em relação ao antecessor Seabra.

Mas, como se trata de um clube gigante, a cobrança também é proporcional ao tamanho da torcida azul, que vai começar a exigir melhor futebol, sobretudo em relação ao que se viu no empate de 1 x 1, contra o fraco Libertad do Paraguai, mas o resultado foi suficiente para obtenção da classificação à semifinal da Sul-Americana.

Embalo da massa
A vitória incontestável e dramática sobre o Fluminense, na classificação para a semifinal da Libertadores, ainda está na retina da torcida do Galo, mas para os jogadores o foco agora é outro: a semifinal da Copa do Brasil contra o Vasco da Gama, que começa nesta quarta-feira.

Se repetir a atuação que teve contra o tricolor carioca, dificilmente o Galo deixará de derrotar o cruzmaltino por um gol ou mais, o que seria uma vantagem considerável, pois irá decidir a classificação na casa do adversário.

O técnico Gabriel Milito, pelo Campeonato Brasileiro, poupou ontem quase todo o time titular diante do Palmeiras, obviamente priorizando a semifinal da Copa do Brasil.

No embalo do mantra “Eu acredito”, a torcida alvinegra vai lotar a Arena MRV na expectativa de ver novamente o Atlético que arrasou o Fluminense, com 73% de posse de bola, bombardeio intenso, futebol em alta velocidade, mas desta vez fazendo muitos, muitos gols!

FIM DE PAPO

Até mesmo o técnico do Fluminense, Mano Menezes, um conhecido “reclamão”, reconheceu a superioridade do Atlético de Milito, além do lateral Marcelo e do zagueiro Thiago Silva que também deram declarações elogiando o futebol e a melhor “proposta” de jogo do Galo. Mas o troféu “Abacaxi” quem ganhou foi o excelente goleiro Fábio, que pegou quase tudo, até o pênalti mal batido por Hulk. O ex-cruzeirense preferiu reclamar da arbitragem, dizendo que na origem do segundo gol teria havido uma falta. Choro de perdedor.

O zagueiro Lyanco deu uma entrevista corajosa após a partida, falando de sua vida particular e dos problemas que tem enfrentado com ansiedade e síndrome de pânico. Na sua obviedade natural, o grande Nelson Rodrigues escreveu que “uma dor de cotovelo faz um craque errar até arremesso lateral”. O Atlético é um dos maiores clubes do continente e possui profissionais capacitados nesta área da saúde mental para atender os seus atletas, mas na maioria dos clubes e com a população em geral as coisas não são assim. Até alguns anos atrás, a depressão era tida como “frescura” ou “coisa de rico”, mas hoje se sabe que não é bem assim e todos nós estamos sujeitos a passar por este que é um dos principais males dos tempos atuais.

Diniz teve apenas dois dias de treinos com os novos comandados e não deu tempo para mudar o estilo de jogo do time, o que ainda vai demorar e demandar muito trabalho. Mas respeito a opinião de alguns cruzeirenses, como o amigo e grande jornalista Orlando Augusto, cuja paciência anda curta: “Ontem (quinta-feira) vi um time desorganizado em campo, errando muitos passes, devolvendo bolas para os adversários, (inclusive o Matheus Pereira) poucas jogadas de efeito, fazendo cera para o tempo passar... como? Para se cobrar um tiro de meta, era um minuto e meio; para se cobrar um escanteio, dois minutos... por diversas vezes, o árbitro chamou a atenção dos jogadores Zé Ivaldo, Cássio e Matheus Pereira. Normal um time levar no primeiro tempo, sendo infinitamente melhor que o adversário, três cartões amarelos? Reclamar de quê o técnico Diniz para também ser advertido? E o Romero sendo expulso? Nervosismo num jogo que seria de gala, para agradar a torcida que por vezes manifestou a sua insatisfação”.

O leitor da coluna, João Cavalcanti, foi ainda mais radical nas críticas: “Jogar contra um time de aposentados e terminar o jogo sem nenhum atacante para mim é motivo de crítica. Não gostei nada do que vi... nenhuma evolução. Mas respeito quem pensa diferente. Minha particularidade com Diniz é pessoal. Não gosto dele e acho um atraso a sua contratação”. (Fecha o pano!)

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