09 de outubro, de 2024 | 09:00
Agenda ESG chega à indústria mineira
Antonio Nahas Junior *
No evento Imersão Indústria, organizado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) em Belo Horizonte, entre os dias 1º e 3 de outubro, foi lançado o SELO INDÚSTRIA RESPONSÁVEL, que visa orientar as empresas a introduzir as práticas ESG - meio ambiente; responsabilidade social e governança - no seu negócio. "Ao incorporar práticas ESG, sua empresa não apenas aprimora seu desempenho e competitividade, como também se torna uma valiosa aliada do planeta e da sociedade", afirma a Fiemg.A federação considera, com razão, que o selo é um "Diferencial competitivo que interfere no posicionamento estratégico da empresa, uma vez que sua conquista poderá permitir aumento do leque de clientes e facilidade ao acesso a operações de crédito".
Além disso, daria também maior visibilidade ao negócio, promovendo a imagem pública das empresas junto aos seus clientes e aos consumidores.
A aquisição do selo não é automática ou simples. As empresas têm que cumprir diversos estágios. Tudo começa com a autoavaliação, que se dá por meio do preenchimento de um questionário, já disponível do site daquela Federação.
Preenchido, o questionário é enviado à Fiemg. A partir daí inicia-se a análise sobre a prática dos pilares da Agenda ESG - AMBIENTAL; SOCIAL E GOVERNANÇA CORPORATIVA. Cada pilar será avaliado separadamente, por meio de diversos itens, que revelarão o estágio de maturidade do pilar. Haverá auditoria para confirmação das informações fornecidas. A partir daí segue a orientação sobre os passos a serem dados pelas empresas para evoluírem na agenda.
São cinco estágios: 1 - Inicial; 2 - Intermediário;3 - Evolutivo; 4- Estratégico e 5 Transformador.
Apenas as empresas que alcançarem pelo menos o Estágio de Maturidade 3- Evolutivo, ou seja, empresas "que têm um sistema de gestão bem estruturado, com metas claras e práticas contínuas para melhorar os critérios ESG", serão elegíveis para o selo Indústria Responsável. A avaliação de cada empresa será feita pela Banca Técnica ESG Fiemg, responsável pela emissão do selo.
Trata-se de um processo que permitirá tanto a Fiemg analisar com propriedade o estágio de maturidade das empresas nas práticas ESG, quanto que as empresas visualizem seus caminhos para evolução na agenda.
O processo de aquisição do selo ESG pela Fiemg vem preencher uma grande lacuna: a falta de um órgão de certificação ou verificação da Agenda ESG no mundo corporativo.
A aquisição do selo ESG pela Fiemg preenche a falta de um órgão de certificação ou verificação da Agenda ESG no mundo corporativo”
Até hoje, a maioria das empresas relata suas práticas ESG no seu site e relaciona suas iniciativas no Relatório de Sustentabilidade. Ou seja: a própria empresa certifica, digamos assim, suas práticas.
Isto deu margem a que houvesse a prática chamada de "greenwaching" - cujo significado mais correto seria mentiras verdes. Esta fraude retirou um pouco de credibilidade da agenda.
Para suprir esta lacuna, há alguns anos, a ABNT - Agencia Brasileira de Normas Técnicas -, liberou norma técnica intitulada Prática Recomendada 2030, acompanhada do anexo PE 417. Este documento reúne itens de diversas normas obrigatórias cumpridas pelas empresas nas áreas de segurança do trabalho; meio ambiente; recursos humanos, entre outras. A ABNT acrescentou alguns outros critérios e ofereceu ótima orientação às empresas sobre como potencializar as diversas práticas já existentes em torno da Agenda ESG. O mais importante é que estas práticas passaram a ser acompanhadas de forma integrada pela Governança da empresa, tornando-se um instrumento de interação com a sociedade, com os clientes e de geração de valor.
O Selo da Fiemg vai na mesma direção, fortalecendo este importante caminho para o mundo corporativo. A cada dia, a agenda ambiental deixa de ser exclusiva do setor público e do terceiro setor e chega ao mundo dos negócios. Sem a participação das empresas, nunca será possível a prática do desenvolvimento sustentável. Seu princípio poderia ser definido, como diria o ex-secretário Geral da ONU, Kofi Annan, como a combinação entre a busca da sustentabilidade financeira e ambiental das empresas, simultaneamente.
Ou de forma mais popular, como diria um grande amigo: "entre ganhar dinheiro e preservar o Planeta, eu prefiro os dois". Minha geração foi acostumada a conviver com entulhos nas beiras dos rios; esgotos sem tratamento liberados nos cursos d'água; pilhas de rejeitos industriais amontoados por todo lado. Sou de uma época em que não se procurava preservar o Planeta para as gerações futuras. Importava o lucro imediato. Apenas. Felizmente, tudo está mudando.
Ps.: abaixo o link do regulamento do Selo Indústria Responsável. Vale a pena dar uma olhada.
fiemg.com.br/Regulamento
* Empresário. Diretor da NMC iNTEGRATIVA, empresa credenciada em ESG. Morador de Ipatinga.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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