20 de novembro, de 2024 | 09:00
G20 no Brasil: Orgulho para todos nós
Antonio Nahas *
A realização do G20 Social no Rio de Janeiro, antecedendo o encontro de Cúpula daquele órgão foi um show e tanto. Lembrando aqui: G20 é um Fórum de Cooperação Internacional, que reúne as 20 maiores economias do mundo. Não se trata, portanto, de um organismo da ONU. Dele participam os maiores países europeus; os Estados Unidos; China; Índia, Austrália e outras nações. Para receber os movimentos sociais, o Rio de Janeiro caprichou. Realmente, os cariocas sabem produzir eventos e receber as pessoas. São ótimos anfitriões e a escolha Boulevard Olímpico do Museu do Amanhã, local lindíssimo, para realização dos eventos não poderia ser mais feliz.O G20 social foi estruturado para aproximar este Fórum da sociedade abrindo suas portas para o andar de baixo: Prefeitos; ONGs; Institutos de Pesquisa; Movimentos Sociais, enfim, todos que tivessem o que dizer sobre os assuntos a serem debatidos. Foi um golaço: reuniu representantes da sociedade civil de todo o mundo que trouxeram seus estudos, temas, debates para serem amadurecidos no Rio de Janeiro. Ali estiveram refugiados climáticos; vítimas da fome; representantes das cidades. Foram três dias em que diversos fóruns ocorreram, envolvendo a participação de diversos grupos temáticos.
O G2O Social foi organizado em torno de três eixos: combate à fome e às desigualdades; enfrentamento das mudanças climáticas e transição energética justa. Proporcionou a oportunidade para o Brasil colocar-se como protagonista do evento em dois temas importantes. O primeiro deles foi a Aliança Global Contra a Fome, que já conquistou o apoio de 81 países. Quem anunciou a Aliança foi o Ministro Wellington Dias: Não se trata de levar apenas comida, nós estamos falando de um plano de desenvolvimento nos lugares que historicamente foram afetados pela fome e pobreza”.
Infelizmente, ainda hoje o país integra o Mapa da Fome, pois ainda existem 8,4 milhões de brasileiros (3,9% da população) que convivem com a insegurança alimentar severa. Lula aproveitou o momento para reforçar a proposta, que é muito coerente com sua atividade como Presidente do Brasil, além de mostrar que até 2026 pretende acabar com esta chaga que nos enche de vergonha.
Redução das emissões de carbono - Logo em seguida vieram as discussões do grupo de Prefeitos das grandes cidades do Planeta, liderados por Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro. O grupo pôs o dedo na ferida: "Nós, prefeitos, sabemos quão duro pode ser o nosso ofício. Pedimos que os governos se comprometam a oferecer 800 bilhões de dólares por ano para enfrentar as mudanças climáticas até 2030. A diferença e as desigualdades entre as cidades do Hemisfério Sul precisam ser enfrentadas" disse Paes ao entregar comunicado do grupo ao presidente Lula.
O grande desafio de todos os países é o seguinte: é possível haver crescimento do PIB e, simultaneamente, reduzir as emissões de carbono?”
O Valor pretendido - 800 Bilhões de dólares por ano - demonstra o tamanho do desafio. E como financia-lo? As respostas vieram dos próprios grupos, baseadas sobretudo no financiamento privado da transição energética. Em outras palavras, passar a cobrar daqueles que emitem carbono além das cotas prefixadas pelas autoridades governamentais. Soma-se a isto a organização de Fundos climáticos e a reestruturação dos Bancos Internacionais de fomento, que teriam definição mais clara do seu foco.
Brasil em Baku - Falando em transição energética, o tema Mudanças Climáticas estava também sendo discutido na COP 29 - Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas - que está sendo realizada do outro lado do planeta, na capital do Afeganistão - Baku. Naquele evento, o vice-presidente Geraldo Alckmin apresentou as novas metas climáticas do Brasil, estabelecendo compromisso do país em reduzir as emissões líquidas de gases efeito estufa de 59 a 67% até 2035, na comparação com os níveis de 2005, o que é muita coisa: será uma redução, em termos absolutos estimada entre 850 milhões e um bilhão de toneladas de carbono. E, como no G20 estava sendo discutido o tema, a apresentação das novas metas mostrou-se extremamente oportuna fortalecendo ainda mais o papel do país nas discussões e posicionamento sobre transição energética.
Mas é bom deixar claro: para o Brasil - como para os demais países - , isto não será nada fácil. O grande desafio de todos os países é o seguinte: é possível haver crescimento do PIB e, simultaneamente, reduzir as emissões de carbono?
No Brasil há uma particularidade que nos favorece: o setor econômico que mais emite no país é o de uso do solo e mudança de uso do solo e florestas, que tem o desmatamento como atividade de maior nível de emissões. Em resumo: desmata-se para continuar a plantar, devido ao uso de técnicas agrícolas ultrapassadas.
Zerar o desmatamento, restaurar florestas, recuperar pastos degradados e diminuir as emissões de metano na bovinocultura, são ações essenciais e de menor custo relativo. Mas toda a economia teria que se adaptar. Não basta apenas mudar a matriz energética. É necessário também investir em tecnologia e redesenhar inúmeros processos produtivos. G20 aqui, Cop 29 em Baku. Grandes momentos. E daqui a pouco, teremos a COP 30 em Belém.
* Empresário, economista, morador do bairro Pedra Branca em Ipatinga
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Janice Oliveira
27 de novembro, 2024 | 20:19Muito atual e esclarecedor o artigo. Parabéns!!”