20 de dezembro, de 2024 | 08:00
O peso desigual da balança
Kleber William de Sousa *
Ao findar de mais um ano, a imensa maioria dos trabalhadores começa a fazer as contas no intuito de garantir alguma lembrancinha para os filhos, e passar um natal e um fim de ano um pouco melhor. Neste período também é quando os patrões, em especial os que têm pela frente as negociações salariais no segundo semestre, começam a choradeira de sempre com o objetivo de, se possível, somente repor a inflação dos últimos 12 meses, uma vez que no Brasil, infelizmente, as campanhas salariais discutem uma inflação que já corroeu o poder de compra dos trabalhadores, ao invés de, garantir a reposição que é uma obrigação, e discutir um ganho real nos salários.Vimos recentemente as discussões acerca da jornada 6x1, onde o trabalhador labora 6 dias e folga 1, enquanto em outros países, e em poucas empresas no nosso país, vimos já avançadas as discussões sobre a jornada 4x3, onde o trabalhador labora 4 dias e folga 3, o que já se comprova que aumenta não somente a produtividade, mas também a qualidade de vida do trabalhador e seu convívio social.
Muito se fala sobre os encargos trabalhistas, o que ao meu ver realmente poderiam ser menores, mas quando assistimos os empresários reclamarem e imputarem a culpa ao governo, se esquecem da altíssima margem de lucro que eles têm.
Quando assistimos os empresários reclamarem e imputarem a culpa ao governo, se esquecem da altíssima margem de lucro que eles têm”
Normalmente, enquanto o trabalhador luta pra vencer as contas no final do mês, e tentam garantir um fim de ano minimamente confraternizado, vimos os patrões esbanjarem em festas pomposas e viagens internacionais.
Buscam a todo custo garantir o estado mínimo de direitos” para os trabalhadores, enquanto garantem o estado máximo de lucro” nos seus bolsos.
Não se pode esquecer que todos têm a suas responsabilidades: governo, patrões e trabalhadores. O que não se pode admitir é que a conta seja paga somente por uma parte, e a culpabilidade seja colocada nos ombros de outra parte, e a terceira parte desfrute do bom e do melhor, por acharem que fazem um favor ao gerar emprego” enquanto na verdade, são os trabalhadores que garantem as suas riquezas, divididas de forma desproporcional com quem as geram.
* Jornalista, Especialista em Marketing e Comunicação Empresarial; Especialista em Políticas Públicas com foco em gênero e raça; Especialista em Comunicação Sindical.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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