31 de dezembro, de 2024 | 08:00

Uma questão de calcinhas

Marli Gonçalves*

Ninguém obriga, mas a gente teima. Nem bem dezembro chega e lá estamos nós pensando no ano que vem, nos sonhos que temos, começamos a fazer os planos – e eles são ousados. As promessas. Ainda tem de pensar no que vai fazer durante a passagem, naqueles momentos, que cor vai usar –(tem o mito da calcinha, até repito abaixo, leia, um texto meu de dezembro de 2008, “Uma Questão de Calcinhas”, que continua atual, que cheguei a pensar como título de um possível e sonhado livro só de crônicas) - , se vai pular ondas, dormir, sair andando com uma mala em volta do quarteirão, beber muito, ou meditar, ver fogos espocando, se sozinho ou no meio de uma multidão.

Pensa com força, acende velas, procura simpatias, algumas até bem difíceis de encontrar os ingredientes. Todo mundo fica meio esotérico nessa época, por mais que negue. Amarra fita aqui, ali, compra lentilha, romã. Esquece o coitado do frango que cisca pra trás.

Agora já passou a religiosidade que assola o período de Natal, familiar, todos bonzinhos e amorosos. Agora é meio que a hora de uma certa esbórnia. A gente praticamente se obriga a estar otimista, radiante, feliz, e cheio de caprichadas esperanças e promessas. As tais das quais lembraremos ou mesmo esqueceremos até uma segunda ordem.
“O que a cor de uma calcinha pode mudar? O mundo, de uma hora para outra. Aceita sugestões?”


Mais do que os meses de verão ou de carnaval, dezembro é cansativo porque acumula muita coisa, de alegrias a decepções, de afazeres a pontos finais, compromissos obrigatórios e em geral muito chatos, encontros antes desmarcados, ver amigos, reunir a turma de algum lugar, seja da firma ou da vida. Mandar e responder mensagens, ficar feliz em ser lembrado, triste e preocupado quando esquecido.

É ufa atrás de ufa até aquela meia noite que vai chegar, e todos têm de estar a postos para a contagem regressiva, o relógio mais acertado que o de nossos aniversários.

Pronto, passou, e seguimos adiante com os fantasmas, as promessas e os planos para viver o início do quarto de século 2000.

* Jornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo. Vive em São Paulo. [email protected] / [email protected]

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