07 de janeiro, de 2025 | 15:30

Artistas mineiros são destaques em mostra de arte afro-américa

Quatro artistas de Governador Valadares, Dores de Guanhães, Caetanópolis e Pirapora que são importantes nomes da arte mineira participam da exposição “Ancestral: Afro-Américas - Estados Unidos e Brasil”, em exibição no Museu da Arte Brasileira da FAAP (MAB-FAAP), no bairro Higienópolis, em São Paulo, até dia 26 de janeiro, com entrada gratuita. Sob a curadoria dupla da brasileira Ana Beatriz Almeida e da americana Lauren Haynes e direção artística de Marcelo Dantas, a mostra destaca a arte afrodiaspórica nos EUA e no Brasil, e apresenta os trabalhos de Sônia Gomes, Paulo Nazareth, Sebastião Januário e Davi de Jesus Nascimento ao lado de outros 70 artistas nacionais e internacionais, como Abdias do Nascimento, Rosana Paulino, Bispo do Rosário, Nari Ward e Simone Leigh.

Fotos: Carolina Quintanilha/Divulgação
Obra de Sonia Gomes, de Caetanópolis, na mostra ''Ancestral''Obra de Sonia Gomes, de Caetanópolis, na mostra ''Ancestral''
Após encerrar sua estreia em São Paulo, “Ancestral” seguirá em itinerância pelo Brasil, passando pelas unidades do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, e pelo Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), em Salvador.

Uma das principais artistas contemporâneas do país, Sônia Gomes (Caetanópolis, 1948) estreou no mundo das artes apenas aos 65 anos, após dedicar parte da vida ao Direito. Seu trabalho resgata a memória, a experiência e a cultura afro-brasileira a partir de texturas, cores e cheiros de diferentes elementos, utilizando torções de materiais têxteis, cordas, linhas e madeiras para criar suas esculturas orgânicas e abstratas. Além de “Ancestral”, a artista já participou de exposições no Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Pinacoteca de São Paulo, no Centre Pompidou, em Paris, e no Museum of Modern Arts (MoMA), em Nova York.

''Ovos de Colombo'' é obra do valadarense Paulo Nazareth''Ovos de Colombo'' é obra do valadarense Paulo Nazareth
O multiartista Paulo Nazareth (Governador Valadares, 1977) utiliza suas longas peregrinações a pé para investigar em tempo real a própria experiência e a de pessoas que conhece pelo caminho. Com base nas lutas ancestrais de suas heranças africanas e indígenas, cria performances, esculturas, fotografias e instalações relacionadas à raça, à ideologia e à desigualdade, como é o caso dos “Ovos de Colombo”, grupo de esculturas que exibe na exposição “Ancestral”. A obra faz parte da série “Produtos de Genocídio” (2010), na qual o artista analisa palavras, símbolos e imagens que fazem referência às culturas indígenas e afrodiaspóricas, criticando o colonialismo que utilizou tais símbolos para criar produtos comercializáveis, como refrigerantes, salgadinhos e produtos de limpeza. O trabalho do vencedor do Prêmio PIPA 2016 já foi exibido em espaços como o MASP, a 34° Bienal de São Paulo, a 12° Bienal de Lyon, na França, e a National Gallery of Art, em Washington DC.

De Dores de Guanhães, Sebastião Januário retrata vida e féDe Dores de Guanhães, Sebastião Januário retrata vida e fé
Presente na cena artística nacional desde os anos 1960, o pintor Sebastião Januário (Dores de Guanhães, 1939) se tornou uma das principais referências quando se trata de representar a vida cotidiana e a fé, devido às construções de cenas complexas e da carga ancestral que coloca em suas criações. Em suas pinturas, Januário apresenta corpos, olhares, santos, entidades e pessoas comuns com ares de nobreza, utilizando contornos demarcados e cores vivas que rementes aos vitrais de igrejas. Suas pinturas e murais já estiveram em exposições no Instituto de Cultura Hispânica, em Madri; na 18° Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro; no Museu de Arte Moderna, do Rio de Janeiro; e no Museu de Arte Negra, também no Rio de Janeiro, entre outros.

De Pirapora, Davi Jesus é presença na arte afrodiaspóricaDe Pirapora, Davi Jesus é presença na arte afrodiaspórica
Já Davi de Jesus do Nascimento (Pirapora, 1997), tem a sua ancestralidade ribeirinha do rio São Francisco como principal inspiração para suas obras, utilizando tradições artesanais do norte-mineiro e da ancestralidade africana em diferentes técnicas artísticas para criar fotografias, desenhos, performances, poesias e esculturas, especialmente carrancas. Por meio delas, que chama de “corpo-embarcação”, ele aborda temas como o corpo humano e a memória.

Com apoio da Fundação Armando Álvares Penteado - FAAP e da Embaixada e Consulados dos Estados Unidos no Brasil, a exposição “Ancestral: Afro-Américas - Estados Unidos e Brasil” tem patrocínio do BB Asset, Bradesco, Caterpillar, Instituto CCR, Citi, Itaú Unibanco, Whirlpool e Bank of America - que cedeu 52 obras de seu acervo para a mostra. Além dele, o Museu Afro Brasil também cedeu obras de sua coleção para a ocasião. O funcionamento do MAB - FAAP é de terça-feira a domingo, 10h às 18h. Mais informações: (11) 3662-7198.
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