01 de fevereiro, de 2025 | 11:01
Usiminas questiona postura da concorrente CSN que mantém ações na siderúrgica mineira após mais de 10 anos
Divulgação
Guilherme Poggiali: ''Você pode imaginar o Atlético como sócio da SAF do Cruzeiro? Um absurdo, mas isso acontece no setor do aço pela postura da CSN''
Guilherme Poggiali: ''Você pode imaginar o Atlético como sócio da SAF do Cruzeiro? Um absurdo, mas isso acontece no setor do aço pela postura da CSN''Um processo em tramitação na Justiça de Minas Gerais tem chamado a atenção do mundo jurídico e econômico-financeiro. De um lado a Usiminas, tradicional siderúrgica mineira. Do outro, a CSN, do empresário Benjamin Steinbruch. Em discussão, a relutância da CSN em cumprir à decisão do Tribunal Regional Federal da 6ª Região que determinou a venda das ações que a empresa mantém na Usiminas. A saída da CSN do quadro de acionistas da Usiminas, determinada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), se arrasta há mais de 10 anos.
O processo em tramitação no TRF-6 diz respeito às ações da Usiminas compradas pela CSN em 2011 e 2012, quando a empresa chegou a ter 16,42% dos papéis da Companhia. Em 2014, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu que a aquisição de ações por parte da CSN configurava uma conduta anticoncorrencial e firmou um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD) com a CSN no qual ela se comprometia a se desfazer de suas ações até deter menos de 5%, no prazo máximo de 5 anos.
A CSN não cumpriu a sua obrigação e pediu mais tempo para realizar a transação. Em 2022, o Cade alterou o seu entendimento e o prazo para a alienação passou a ser indeterminado. A Usiminas entrou na Justiça pedindo a venda imediata dos papéis e o cumprimento do acordo assinado pela CSN. A Justiça Federal de Belo Horizonte obrigou a venda das ações, conforme decidido pelo Cade, até 10 de julho de 2024. Novamente, a CSN não cumpriu a decisão. Na entrevista a seguir, o Diretor Jurídico da Usiminas, Guilherme Poggiali, fala sobre o impacto do imbróglio na Usiminas.
Em 29 de julho foi divulgado que a CSN tinha que vender imediato as ações da Usiminas após a decisão do TRF-6 mas isso ainda não ocorreu. O que aconteceu após esta decisão?
A decisão do TRF-6 continua sendo descumprida pela CSN, que permanece com as ações. Para entender melhor o caso, precisamos dar alguns passos atrás. O Cade, autoridade máxima do Poder Executivo responsável por zelar pela livre concorrência no mercado, entendeu que a compra de ações da Usiminas pela CSN configurava uma conduta anticoncorrencial. A CSN assinou em 2014 um Termo de Compromisso de Desempenho (TCD), no qual assumiu a obrigação de vender a participação até ficar com menos de 5% do capital social. É importante destacar que a própria CSN concordou que as ações que excediam o limite previsto na norma eram irregulares e se comprometeu, por livre e espontânea vontade, a reduzir a sua participação até 2019, sob pena de severas multas e até a nomeação de um interventor na CSN. O prazo se esgotou e a CSN não cumpriu o seu compromisso. O Cade prorrogou o prazo e, em 2022, tornou o mesmo indeterminado. A obrigação de venda sem uma data limite não tem qualquer efeito e causa danos para a Usiminas ao manter um concorrente dentro da empresa. Você pode imaginar o Atlético como sócio da SAF do Cruzeiro? Um absurdo, mas isso acontece no setor do aço pela postura da CSN.
Foi neste contexto que a Justiça foi acionada?
Exato. A Usiminas acionou o Poder Judiciário para corrigir uma situação que prejudica não apenas a empresa, mas o mercado e a livre concorrência. Na Justiça, a obrigação da CSN vender as ações foi confirmada na primeira instância e no TRF-6. Pelas decisões judiciais, a CSN deveria ter comercializado os papéis até julho de 2024. No entanto, a empresa vem descumprindo essa determinação. Essa situação é ruim para a Usiminas e para o mercado.
Quais os próximos passos?
A CSN usa de todo tipo de artifício para protelar o efeito da decisão contrária ao seu interesse e essa situação se arrasta há mais de 10 anos. Isso nos obriga a atuar junto ao Judiciário para garantir o cumprimento da Lei e remover a participação ilegal de nosso principal concorrente no quadro acionário da Usiminas.
Como a presença da CSN como acionista relevante da Usiminas prejudica a Empresa?
Não há como negar que ter um concorrente dentro da empresa é prejudicial para o desenvolvimento da Usiminas. Há casos inclusive que este concorrente se posicionou contra iniciativas estratégicas para a Usiminas, como o aumento de capital de 2016 realizado pela Ternium e Nippon Steel. Até hoje a CSN utiliza de sua posição ilegal como acionista e vem lutando na justiça para derrubar esse aporte financeiro, que foi crucial para tirar a Usiminas de uma grave crise que ameaçava sua sobrevivência. Além disso, grande parte das ações ordinárias da Usiminas disponibilizadas para circulação em bolsa estão nas mãos da CSN, reduzindo bastante a liquidez de nossas ações. Em seus comunicados na imprensa, a CSN pede respeito à Usiminas, na qualidade de acionista. É curioso, pois a posição acionária da CSN contraria a Lei e causa transtornos à Usiminas.
Enquanto os processos tramitam na Justiça, como ficam os investimentos na Usiminas?
Todos os investimentos necessários para cumprir as nossas obrigações estão sendo realizados. A segurança jurídica é um importante aspecto do ambiente de negócios. A falta dela pode afetar inúmeras empresas no Brasil em situação societária semelhante e afugentar investidores.
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Sebastião de Oliveira
03 de fevereiro, 2025 | 08:22Uma coisa é certa: na briga entre a CSN e o grupo controlador da Usiminas, quem está com o pescoço em risco é a econimia do Vale do Aço. Ou os ítalo-argentinos acabam com essa briga ou eles acabam com a região. Lendo os comentários abaixo penso que ninguém está preocupado se essa empresa âncora fechar as portas, qual será a consequência econômica e social? Nem falo por mim, que já conquistei independência financeira, vivo mais fora de Ipatinga do que aqui atualmente, mas penso nos amigos e famíliares, que ainda estão construindo suas vidas aqui e ainda dependem de ficar por aqui por um longo tempo. Ademais, Ipatinga é uma cidade excelente para se viver em Minas Gerais, se comparada a lugares como Valadares, Caratinga, Manhuaçu, Teófilo Otoni, Muriaé, Montes Claros e outras deste porte.”
Pablo
03 de fevereiro, 2025 | 07:49Sr. promotor, uma coisa que a USIMINAS não faz é produzir em prol do Vale do Aço. Hoje é uma empresa privada que gera subempregos à maioria de seus colaboradores, olhe por exemplo o comentário do "Pau que dá em Chico". Passei pela USIMINAS e te falo que a última coisa que querem é responsabilidade pelo seus colaboradores, acha mesmo que ela está visando o bem estar social da região/ de seus funcionários?”
Ramiro Silvano da Silva Filho
02 de fevereiro, 2025 | 08:18Esse Grupo Usiminas não deveria se referir a falta de respeito, pois nas empresas que ela atua o termo respeito não existe,pois a força de trabalho são exploradas até praticamente a morte,baixos salários,péssimas condições de trabalho e perseguições contra os funcionários é a regra neste grupo e sem contar que para adquirir a Cosipa em Cubatão(SP)um grande concorrente deles,a aquisição foi fraudulenta, pois usaram uma empresa Testa de ferro chamada Brastubo que adquiriu a Cosipa no leilão sem nenhum poder financeiro para isso e duas semanas após o Leilão que fez o aporte para compra foi o Grupo Usiminas e com a intenção de eliminar a concorrente Cosipa do.mercado,fato esse que aconteceu logo depois,pois eles(Grupo Usiminas)acabou com a usina de Cubatão (Cosipa)que agora só serve para estocar os produtos siderúrgico produzidos de todo o grupo Usiminas.Ponham as mãos na consciência,Grupo Usiminas,parem com essa Hipocrisia.”
Promotor de Justiça
02 de fevereiro, 2025 | 00:07FORA CSN, DO LESTE DE MINAS! RESPEITEM OS MINEIROS E QUE A USIMINAS CONTINUE PRODUZINDO EM PROL DO VALE DO AÇO E DE MINAS GERAIS! VAZA CSN!”
Pau Que Dá em Chico....
01 de fevereiro, 2025 | 23:23Engraçado! A Usiminas reclama da falta de reconhecimento e cumprimento das decisões jurídicas por parte da CSN; mas ela também não reconhece e cumpre a decisão jurídica de indenização a cooperadores funcionais em área com materiais de riscos, inclusive materiais condenados pelo MT e OMS como AMIANTO.
Só fica convocando os mesmos para repetir exames todos os anos RX do Tórax e Expirometria e vai empurrando a todos até morrer todos sem vcoloxar a mao na indenização.
Até quando dona Usiminas? Até quando serviço jurídico? Kd o Sindipa? Kd a AAPI? NINGUÉM SE MANIFESTA?”
Tião Marreta
01 de fevereiro, 2025 | 16:09Desde a passagem desastrosa de Marco Antônio Castelo Branco pela presidência da empres a Usiminas vem sofrendo essas penúrias no mercado.”