11 de fevereiro, de 2025 | 06:00
Clássico quente
Fernando Rocha
O saudoso radialista Osvaldo Faria costumava dizer que clássico bom rende assunto uma semana antes e outra depois”. Pura verdade. Este, ocorrido anteontem, no Mineirão, tirando a excrescência da torcida única, com mais de 60 mil torcedores do Cruzeiro presentes, teve lances polêmicos suficientes para entrar no rol dos grandes clássicos.Concordo com as reclamações da Raposa quanto à falha do VAR, que, aos 17 minutos do 1º tempo deveria, ter chamado o árbitro para ver o pisão que Lyanco deu, intencionalmente ou não, no Dudu.
O zagueiro do Galo, certamente, seria expulso e, aos 29 minutos, não teria tomado a cotovelada do Gabigol, quando o VAR alertou o árbitro, que o expulsou acertadamente.
Por outro lado, achei que a atitude do diretor de futebol do Cruzeiro, Alexandre Matos, que tentou invadir a sala do VAR no Mineirão e causou enorme tumulto, foi amadora, desnecessária e inoportuna, o que deverá lhe valer alguma punição futura.
Vilão azul
O jogo foi equilibrado até a expulsão de Gabigol, aos 29 minutos do 1º tempo, que destruiu toda a estratégia de jogo montada pelo técnico interino Wesley Carvalho, o que fez dele o grande vilão do clássico.
Com um a mais, o técnico Cuca, experiente e conhecedor de futebol, fez o que Milito deveria ter feito, mas não fez, na final da Libertadores e ferrou o Galo.
Cuca ainda esperou o intervalo, tirou o zagueiro Junior Alonso, que estava amarelado e poderia ser expulso, e colocou o jovem atacante Palácios que, aos nove minutos, ajeitou para Hulk fazer o primeiro gol alvinegro.
Cuca foi um dos destaques do jogo, cirúrgico nas substituições, dominou a partida taticamente e soube administrar o resultado.
Aos 40 minutos, para coroar mais uma de suas grandes exibições com a camisa do Galo, Hulk fez o segundo aproveitando um cruzamento perfeito de Cuello, a aposta do Cuca que chegou a ficar ameaçado de não jogar, por conta de uma torção no tornozelo.
FIM DE PAPO
A atitude irresponsável de Gabriel Barbosa, o Gabigol, que originou a sua expulsão, prejudicando o Cruzeiro, pode ter sido algo pessoal com o zagueiro Lyanco, reflexo de problemas que tiveram na final da Copa do Brasil do ano passado. Gabigol reconheceu o erro após a partida, mas deveria ser multado e advertido severamente pela diretoria. Ganha um dos maiores salários do futebol brasileiro e do continente, algo em torno de três milhões de reais mensais entre luvas e salários, não poderia nunca cometer um ato de indisciplina desses em um jogo tão importante.
Mas o que me deixou absurdado” foi ver uma parte da torcida cruzeirense aplaudir o Gabigol, quando ele saiu expulso de campo. Imagino que estes torcedores celestes tenham QI de ameba ou são desprovidos de massa encefálica. Importante dizer que, antes de ser expulso, Gabigol desperdiçou ótima oportunidade em cruzamento de Marquinhos na direita, nas costas do Arana. Everson fez uma ótima defesa e salvou o Galo de tomar o primeiro gol nesse lance.
Após o jogo, na chamada zona mista, Matheus Pereira, talvez chateado pelas vaias recebidas durante a partida, se queimou mais ainda com a torcida celeste ao dizer que pediu para sair no fim do ano e voltar a jogar na Europa. A repercussão foi muito negativa, sobretudo porque seu futebol sumiu desde que os novos contratados chegaram, no início deste ano. O goleiro Cássio é outro que precisa se explicar, pois vem falhando sucessivamente e prejudicando o time. Fez algumas boas defesas, mas no primeiro gol do Hulk a bola passou debaixo dele e era defensável.
Vitória que deixou o Galo com amplas e totais condições de se classificar para a fase decisiva do Campeonato Mineiro. Basta vencer o Itabirito nesta quarta-feira, no Mineirão, para se classificar. O Cruzeiro, mesmo com a derrota, está classificado matematicamente. Isto quer dizer que está só começando e ainda teremos mais alguns bons clássicos pela frente, além de mais polêmicas e discussões. (Fecha o pano!)
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