19 de fevereiro, de 2025 | 08:30
Fiona, a rainha do bairro Limoeiro
Antonio Nahas Junior *
Após a chuva que atingiu o Vale do Aço em janeiro deste ano, a Prefeitura de Ipatinga fez um ótimo trabalho de atendimento aos desabrigados. O Diário do Aço nos informa que no auge foram abrigadas 1.953 pessoas, e ainda há quase 1.700 desalojados. As famílias só poderão voltar para suas residências após a revistoria dos imóveis pela Defesa Civil. Enquanto isso, permanecem em alojamento provisório, cedido pela Usiminas, localizado no centro da cidade. Mas o prefeito já afirmou a possibilidade de locação de imóveis para os desabrigados, que receberiam um aluguel social, concedido com a finalidade de auxiliar no custeio de um novo lar. Política muito bem estruturada.Mas, mesmo com todas as atenções voltadas no auxílio aos atingidos pela tragédia climática, não faltou atenção e apoio aos animais domésticos desabrigados. Trinta e sete cães e 17 gatos foram retirados das áreas de risco e abrigados primeiramente no Ipatingão e, agora, no Centro de Atendimento Transitório e Adoção, (CATA) à espera dos seus donos ou em busca de adoção. Os animais foram vacinados; vermifugados; castrados e aguardam seu benfeitor.
Trata-se de uma atitude extraordinária, plena de amor a estes seres que nos ajudam a viver.
Pelo Brasil afora, muita coisa já aconteceu nesta direção. Na minha infância, convivíamos com a Carrocinha, que saía pelas ruas em busca de cães e gatos, que eram capturados e, posteriormente, sacrificados. Hoje, são abrigados. E os números são surpreendentes. O Jornal Valor informa que existem 30 milhões de animais, entre cães e gatos, sem tutor (hoje em dia não se fala mais em donos...). E o número total de animais domésticos no país supera cem milhões. E uma coisa que eu não sabia: abandono de animais é crime, de acordo com a Lei de Crimes ambientais. Dá até cadeia.
O Jornal Valor informa que existem 30 milhões de animais, entre cães e gatos, sem tutor”
Muitas ONGs se dedicam em apoiar os animais. Entre eles, destaca-se a GRAD - Grupo de Resposta aos Animais em Desastre - GRAD Brasil - que surgiu na tragédia de Petrópolis, em 2022, quando mais de duzentas pessoas faleceram. A GRAD hoje é uma referência internacional, estando presente em 14 estados brasileiros. E quem já elaborou Plano de Ação Emergencial para prevenção às tragédias climáticas, coordenados pela Defesa Civil, sabe que todos os animais são incluídos nestes planos para serem resgatados, se houver necessidade.
O problema fica mais difícil de resolver porque, após o resgate, será necessário encontrar um tutor para os animais, o que nem sempre é fácil. As ONGs e os Centros de adoção praticam a castração dos animais, pois nem sempre o novo tutor tem bom nível de informação sobre seu novo pet. E, muitas vezes, a reprodução pode levar à sua devolução, ou abandono. Hoje, sobram animais para adoção e faltam tutores.
A presença dos espaços verdes e dos animais nas cidades, nos torna mais humanos. E nos faz lembrar que somos apenas uma pequena parte da natureza e não os donos do mundo. Vivendo em cidades, cercados por carros, edifícios, construções, num ambiente criado pelo homem, por vezes nos esquecemos que precisamos de ar puro; água limpa; alimentos; energia e tantos outros bens que extraímos da natureza para nosso bem-estar.
E que a nossa sobrevivência como uma das espécies que convivem no planeta não pode comprometer a existência das demais. Não controlamos as consequências das nossas ações sobre os grandes ciclos naturais. E a natureza sofre com isso. Basta ver os grandes incêndios florestais que ocorreram na Amazônia e no Pantanal, destruindo grandes reservas florestais, emitindo carbono, dizimando a flora e a fauna, gerando animais silvestres feridos ou desabrigados.
E, próximo ao bairro onde moro, uma ação coletiva dos moradores acolhe, protege e alimenta uma cabra, carinhosamente chamada de Fiona. Este nobre animal frequenta a praça do bairro; transita entre todos e não é hostilizada por ninguém. Os caprinos, os bovinos e outros animais acompanham os homens há milhares de anos, para fornecer carne e leite. Mas, por aqui, Fiona é animal de estimação. Comenta-se que, certo domingo, até chegou a perambular pela Igreja Católica. Vive em liberdade, enfeita o bairro e traz prazer e alegria a todos nós.
* Economista, empresário, morador de Ipatinga. Na luta pela defesa do nosso planeta.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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Janice Peres
19 de fevereiro, 2025 | 20:18Parabéns pelo artigo e sensibilidade como trata o tema!!!”
Jane
19 de fevereiro, 2025 | 17:50Antônio Nahas, grande ser humano e intelectual, contribuiu com a administração de ouro de Ipatinga”
Humberto Perlingeiro Abreu
19 de fevereiro, 2025 | 13:23Professor Antônio Nahas,Mais um artigo que é uma aula.”