
20 de fevereiro, de 2025 | 05:30
Portadora de lúpus conta como foi o diagnóstico da doença
Sofia Carvalhido - Repórter Diário do AçoO lúpus é uma doença autoimune que ataca, principalmente, os rins, o coração e os pulmões, podendo matar caso não seja tratada. A campanha Fevereiro Roxo surgiu com o intuito de conscientizar a população sobre a condição. Em entrevista ao Diário do Aço, a portadora de lúpus, Leidiane Ayres, de 45 anos, e o médico reumatologista de Ipatinga, Rafael Gramigna, detalham a doença.
Leidiane recebeu o diagnóstico em 2008, aos 26 anos, porém, sua primeira crise da doença aconteceu dois anos antes, quando ainda morava em Portugal e tinha completado apenas três meses de casada: “Foram dois anos muito difíceis por não saber o que eu tinha, pois os médicos não conseguiam me dar um diagnóstico. Foi profundamente difícil e assustador, pois estava em um país distante, com língua, apesar de ser Português, porém bem diferente, muitíssimo frio, longe de todos os familiares e amigos, e recém-casada... o medo pairava”, desabafa.
Ela tem formação técnica em Patologia Clínica e está estudando Psicanálise Clínica. Além do ensino técnico, Leidiane é artesã, mas diz que tem muita dificuldade de exercer as atividades manuais por causa da sua condição. “Graças a Deus que tenho uma família muito unida, empática e amorosa, e um marido que me ajuda o tempo todo”, conta.
Ao voltar para o Brasil, Leidiane se consultou com um reumatologista e ficou internada por 11 dias, a pedido do profissional, para que seu caso fosse investigado. Posteriormente, iniciou seu tratamento por meio da saúde pública. Após o nascimento de seu segundo filho, foram descobertas outras duas doenças autoimunes, a síndrome de Sjögren e hidradenite supurativa, que foram desencadeadas pelo lúpus, e a fibromialgia, que Leidiane suspeita também ter vindo com o lúpus.
“Hoje o lúpus está em remissão e controlado, porém o que ele deixou de sequelas é necessário um tratamento muito profundo diariamente por causa das outras doenças advindas dele. Faço acompanhamento psicoterapêutico, reumatológico, psiquiátrico há muitos anos e tomo 11 comprimidos por dia”, detalha sobre sua rotina.
Reumatologista
Rafael Gramigna de Oliveira Barros é médico reumatologista que atende na Associação dos Aposentados e Pensionistas de Ipatinga (AAPI) e em outras clínicas na cidade e contou ao Diário do Aço que o acompanhamento com um especialista é de grande importância, uma vez que o lúpus é uma doença com altas taxas de mortalidade. “Quando a doença autoimune fica em atividade, ela começa a destruir esses órgãos alvos. Então, nesses casos, a gente entra com medicamentos imunossupressores, que controlam esse reumatismo, para não deixar que ela fique em atividade, para não causar lesões de órgãos alvos importantes”, conta.
“O lúpus é uma doença autoimune que pode causar dores articulares, fotossensibilidade, exantemas (erupções na pele), lesão em asa de borboleta na face, insuficiência renal, alterações cardíacas, entre outros. Agora, por que doença autoimune? Porque os anticorpos do organismo, em vez de nos proteger contra alterações da parte externa, atacam o nosso organismo, causando uma desordem imunológica e, consequentemente, isso repercute em alguns sintomas”, continua.
Pensando nos sintomas que as pessoas devem se atentar para buscar o atendimento de um médico reumatologista estão a lesão em formato de asa de borboleta no rosto, também conhecido como “Rash Malar”, a fotossensibilidade e intolerância à exposição solar e o aparecimento de manchas arroxeadas no corpo, principalmente nas pernas, chamadas de “livedo reticular”. O médico também cita a alopecia, queda de cabelo acentuada.
“Pacientes com lúpus, geralmente aqueles casos mais graves, muitos desenvolvem depressão. Então, é interessante avaliar com o reumatologista. Se caso comprometer algum outro órgão alvo, por exemplo, sistema nervoso central, buscar um neurologista; sistema pulmonar, buscar um pneumologista; se der alguma alteração renal, nefrologista; cardíaca, cardiologista e, dependendo, pode ser feito algum acompanhamento também com o psiquiatra”, ressalta Rafael.
Leidiane Ayres conta que tem o objetivo de reduzir a quantidade de medicamentos ingeridos por meio de “um novo estilo de vida: uma boa alimentação, exercício físico e foco”. Apesar das dores articulares frequentes na doença, o médico destaca que a prática de atividade física é essencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes: “É para melhorar a força muscular e, consequentemente, você ganha também força nas articulações para evitar lesões mais graves”, finaliza.
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