20 de fevereiro, de 2025 | 05:31
Promover justiça social é garantir que todos vivam com dignidade, dizem assistentes sociais
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
Nesta quinta-feira (20), celebra-se o Dia Mundial da Justiça Social. A justiça social pode ser entendida como distribuição equitativa das riquezas coletivamente produzidas e de igual acesso a oportunidades e direitos sociais.
Em entrevista à reportagem do Diário do Aço, o professor e assistente social Vasconcelo Ferreira Lagares pontua que a justiça social é promovida por meio de políticas públicas, cuja responsabilidade é do Estado”. Vasco também é servidor público municipal de Ipatinga, trabalha na Secretaria de Assistência Social e atua em outros grupos e movimentos comunitários. Atualmente compõe a direção do Sindicatos dos Servidores Municipais de Ipatinga (Sintserpi) e Núcleo Atitude Educafro na cidade.
O professor afirma que, como sujeitos sociais, cada um de nós pode se envolver com a busca pela democratização dos acessos aos bens produzidos. Seja por nossa participação cidadã ou por nosso compromisso social e político na construção e na efetivação de políticas públicas”, acrescentando que as pessoas precisam ter consciência de pertencimento social. Por isso, quem tem maiores condições de acesso, seja ao sistema educacional ou como formador de opinião, precisa desenvolver os princípios da solidariedade e subsidiariedade, pois nós vivemos em grupo e as decisões tomadas dizem respeito a todos, não apenas dos segmentos mais privilegiados”, detalha.
O assistente social ainda pontua que, no ordenamento jurídico brasileiro, a partir dos movimentos sociais e de garantia de direitos nos anos 1980, os constituintes instituíram o instrumento da participação e do controle social no processo de implantação, execução e avaliação das políticas públicas. São os chamados conselhos de direitos de políticas públicas. Eles existem nas mais diversas políticas sociais, como a saúde, a assistência social, a educação, o meio ambiente, e nas diversas áreas dos direitos humanos”, pontua.
São canais de participação do cidadão, pois eles possuem cadeiras específicas para trabalhadores e usuários das políticas públicas e organizações sociais. E outra forma é o processo de reivindicação e mobilização social para dar resposta a uma demanda social. Nossa voz e manifestação pública são muito importantes para orientar o que os governos estão planejando. Quando o povo não se manifesta, grupos com interesses privados o fazem, e assim, ampliam a desigualdade e a injustiça social”.
Para Riva Ângelis, que atua como assistente social na Secretaria de Saúde de Antônio Dias, a população deve ser mais ativa. Participando de movimentos sociais, manifestações e protestos por meio das redes sociais, tomando medidas positivas em sua própria comunidade, sendo um voluntário, escolhendo representantes que tenham planos concretos para enfrentar as desigualdades e avaliando de forma crítica as propostas de governo para as áreas de educação, saúde, segurança pública, habitação, economia, assim por diante”.
Acesso igualitário
Vasco ainda destaca a importância de acesso igualitário aos direitos e oportunidades. As pessoas costumam falar que nós estamos no mesmo barco. Não! Nós podemos estar no mesmo mar. Alguns estão com grandes navios, outros com navios menores, outros com barcos, outros com algumas toras. Mas existem aqueles que estão sem nada. Então, é necessário que todas as pessoas possuam pelo menos o mesmo ponto de partida, ou que lhes sejam garantidas as condições para que percorram o trajeto em condições de igualdade”, enfatiza.
Vale do Aço carece de políticas públicas
Na avaliação de Vasco, o Vale do Aço ainda sofre com a falta de acesso à educação de qualidade, saúde, qualificação profissional e moradia, e a valorização salarial ainda é baixa, assim como a qualidade dos empregos e ocupações. O transporte público é muito precário e não possibilita que as pessoas tenham acesso livre à cidade. Se olharmos para o terreno da cultura, esporte e lazer, vamos ver que ainda nem começamos a promover o acesso básico, imagina-se um acesso universalizado”, detalhe.
Vejamos como é o trato da cidade com a população em situação de rua e as pessoas usuárias de algum tipo de droga, com sofrimento mental, vítimas de racismo, homofobia, feminicídio e violência de gênero. Não existem políticas públicas que atendam e promovam essas pessoas. É preciso que os órgãos públicos tenham profissionais capacitados para o atendimento, que existam equipamentos públicos adequados, políticas públicas bem fundamentadas e sólidas. E, cada vez mais importante, precisamos superar nossos preconceitos, nossa opinião baseada apenas em princípios religiosos, para que nossa sociedade, que é diversa, atenda com dignidade a diversidade que somos enquanto humanidade. Promover justiça social é garantir que todos tenham vida e vida com justiça e dignidade”, complementa.
Além desses grupos, Riva destaca a necessidade de se trabalhar para enfrentar a injustiça social em relação à violação dos direitos das crianças e adolescentes idosos e pessoas com deficiência”.
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