28 de fevereiro, de 2025 | 07:30

O verdadeiro significado da Inclusão: Além das boas intenções

Marcelo Augusto dos Anjos Lima Martins *

As escolas brasileiras estão melhorando na questão da inclusão de alunos com necessidades educacionais específicas (NEE), mas os professores ainda precisam aprender mais sobre como ensinar alunos com dificuldades de aprendizado. Mesmo com leis e boas intenções, a inclusão desses alunos evidencia alguns problemas do nosso sistema educacional, principalmente didáticos, além de aspectos metodológicos, ou seja, nas maneiras de ensinar. A questão mais importante não é se eles aprendem, mas como estamos ensinando.

A conversa costuma ser um cabo de guerra entre o aluno e a escola. A culpa da dificuldade de aprender, será do aluno ou da escola que não se adapta? A resposta é complicada, uma mistura de diversos fatores, desde questões familiares, emocionais e de saúde. Mas por hora, vamos nos ater ao âmbito da escola.

Ajustar o currículo, solução que sempre aparece, não é só facilitar as coisas. É mudar completamente como a gente pensa e faz Educação. A ideia não é criar currículos diferentes, mas deixar o atual mais flexível e fácil para todos. Para isso, precisamos usar maneiras diferentes de ensinar, pensando em cada aluno, seus talentos e dificuldades. As avaliações também precisam mudar, focando no progresso de cada um e usando formas diferentes de registrar o aprendizado, indo além das provas normais.

As avaliações tradicionais, com foco em provas escritas e pontuação numérica, são insuficientes para capturar o aprendizado real de alunos com deficiência ou com transtornos de aprendizagem, e mesmo de muitos alunos sem deficiência ou sem diagnóstico de déficit de aprendizagem. Essas avaliações frequentemente privilegiam a memorização superficial e a capacidade de responder a perguntas em um formato específico, desconsiderando a riqueza e diversidade de habilidades e conhecimentos que cada aluno pode desenvolver. Para garantir uma avaliação justa e inclusiva, é preciso mudar radicalmente a forma como medimos o aprendizado, focando no progresso individual e na utilização de métodos diversificados de registro, como portfólio, avaliações adaptadas, orais ou em forma de um produto, a ser construído pelo aluno ao longo de seu processo de aprendizagem, como maquetes, dramatizações, dentre outros.
“Se todos podem aprender, a escola tem que se reinventar para incluir a todos”


O Atendimento Educacional Especializado (AEE), valendo-se de ferramentas diversificadas, como tecnologias assistivas e ideias de ensino criativas, complementa e suplementa o processo de ensino e aprendizagem do aluno. Considerando que, na Educação, o atendimento complementar visa enriquecer a formação do aluno, enquanto o suplementar visa atender necessidades específicas.

A interlocução e o trabalho conjunto entre os especialistas do AEE, equipe pedagógica, professores, profissionais de apoio e equipe gestora, são essenciais para criar uma escola para todos, onde as aulas são sempre ajustadas, considerando as especificidades de cada aluno. Ideias como mudar a disposição das mesas e cadeiras em sala de aula, usar imagens e sons, dar instruções claras e criar rotinas são exemplos de como pequenas coisas melhoram muito o aprendizado.

Apesar de todo o esforço, alguns alunos ainda enfrentam desafios. Nesses casos, devemos evitar culpar só o aluno. Pensando na inclusão, o problema não é só a capacidade do aluno, mas sim como a escola o ajuda. Se todos podem aprender, a escola tem que se reinventar para incluir a todos. Inclusão não é só o aluno estar na sala, é garantir que ele aprenda e participe.

* Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública - UFJF, Especialista em Psicopedagogia – UCAM, Especialista em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e o Mundo do Trabalho - UFPI
Pedagogo do IFMG Campus Governador Valadares
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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

05 de março, 2025 | 18:10

“B2@, parabéns e obrigado pelos comentários!
A CONTA já chegou para muitos dos Profissionais da Educação, e com um desequilíbrio agravante, os alunos e seus familiares, para não dizer toda a comunidade escolar, sempre têm DIREITOS e RAZÕES. Nós? Sempre, desde sempre, só contamos com a Honrada PMMG e, agora, parece-me, e espero, com a GCM e sua Patrulha Escolar, mas a saída da Grande Sargenta Maciel dessa Corporação me deixou um pouco desanimado. Por isso, o portão de saída das unidades escolares, tem sido, em muitos casos, a única esperança saudável para o futuro de Professores e Assistentes da Educação, que desistem de continuar na carreira do Magistério.”

B2@

05 de março, 2025 | 09:16

“A conta não fecha. Os profissionais devem ser valorizados e não escravizados! O ser humano merece respeito. Quando avaliamos apenas um lado, cometemos injustiças. Espero que mudem a visão míope da inclusão escolar.”

B2@

05 de março, 2025 | 09:09

“Doutor, a atual inclusão é um crime contra o corpo funcional das escolas, onde esta inclusão esta adoecendo toda a estrutura humana. As crianças especiais estão agredindo as pessoas e breve não restará alternativa, senão o afastamento destes. A inclusão neste momento, tem a necessidade de imposição e os outros alunos estão sendo prejudicados e tem casos onde poderá causar efeitos danoso irreversíveis. Faltou instruir país, alunos, educadores como lidar com estas crianças especiais. Se são especiais, não podemos fechar os olhos para os desafios. ESTAMOS PREJUDICANDO UM GRUPO IMENSO DE PESSOAS DEVIDO ESTA TOLERÂNCIA A AGRESSÕES ESCOLARES POR PARTE DE CRIANÇAS ESPECIAIS, QUE NÃO TEM LIMITES ESTABELECIDOS! A CONTA CHEGARÁ BREVEMENTE!”

Gildázio Garcia Vitor

04 de março, 2025 | 07:40

“Concordo totalmente com os seus argumentos. Mas o maior problema para os Professores está realmente na formação, que no meu caso, concluí a primeira Licenciatura em 1990, quando a inclusão ainda não fazia parte das pautas e dos debates das Faculdades e dos Docentes. Atualmente, com o EaD, nem o conteúdo básico que temos que ter um mínimo de domínio, estão oferecendo, inclusive a "Última Flor do Lácio".
Outro problema, mas fácil de ser solucionado, são as salas de aulas com muitos alunos, até as do Fundamental I com Alfabetização.
Na E. M. Deolinda Tavares Lamego, onde estou Professor desde 2019, não podemos mais ligar os poucos aparelhos de ar condicionado, para a Escola não entrar em combustão. Nós, Docentes e Discentes, é que estamos quase.”

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