28 de março, de 2025 | 08:40
Mãe de criança que morreu com picada de escorpião reclama de atendimento em dois hospitais
Agência Brasil
A criança chegou a receber o soro antiescorpiônico e foi transferida para hospital em Ipatinga, mas não resistiu
Reportagem atualizada as 14:35 desta sexta-feira (28)
A criança chegou a receber o soro antiescorpiônico e foi transferida para hospital em Ipatinga, mas não resistiuUma criança de dois anos morreu depois de ser picada por um escorpião na casa de sua avó paterna. O fato ocorreu sábado (22/3), no distrito de São Sebastião, em Ubaporanga. A mãe, Sabrina Oliveira, levou André Luiz Ribeiro de Oliveira às pressas para o Hospital Municipal São Sebastião, em Inhapim, o mais próximo do local onde ocorreu o incidente. Ao chegar, o menino foi medicado e a mãe comunicada que ali seu filho não poderia ser internado, pois o hospital não tinha vínculo com o município de residência do paciente, Dom Cavati. A mãe, com o marido Fernando Ribeiro, transferiu a criança para o Hospital Municipal de Ipatinga, mas o pequeno não sobreviveu.
Por meio de nota, a direção do hospital em Ipatinga afirmou que o protocolo que o caso exigia foi seguido. Já o hospital em Inhapim não enviou um posicionamento até o fechamento desta reportagem.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Aço, a mãe relata que fez tudo o que pôde para salvar a vida do filho: Chegando ao hospital de Inhapim o médico não estava, e a equipe demorou a atender. Eles fizeram algumas perguntas e, depois de explicar o ocorrido, ele foi atendido com soro e remédios para controlar o vômito e a pressão. A pressão arterial estava boa eu ia preencher a internação, mas quando perguntaram de onde éramos e eu respondi, eles me informaram que precisávamos ser transferidos, pois o hospital de Inhapim não cobre Dom Cavati. A ambulância foi chamada e fomos para Ipatinga”.
Atendimento
A mãe também detalha que no hospital de Ipatinga enfrentou outros entraves. Chegando lá, o motorista [da ambulância] levou a criança direto para o atendimento enquanto eu preenchia os papéis da internação. Ele ficou na sala de espera por várias horas, fazendo exames e coletando sangue e urina, mas não recebeu medicamentos. Somente depois foi transferido para a UTI. Já era madrugada, quando o remédio foi trocado, percebi que não era o que ele precisava. Havia duas enfermeiras no quarto. Uma delas estava mexendo com o soro e comentou que ele não estava recebendo o que precisava. Ele foi então submetido a uma nova coleta de sangue e recebeu sedativos”.
A mãe ainda relatou que, agitado, ele foi amarrado com um lençol na maca e chorando ficava dizendo mamãe, mamãe, quero água, mas eu não podia dar. A enfermeira explicou que, como ele estava sedado, poderia aspirar o líquido para os pulmões. Ele já havia feito um exame de raios-X e o pulmão estava encharcado devido ao vômito. Depois de muito insistir, consegui dar um pouco de água para ele em uma seringa. Ele ficou tremendo e pedindo mais água, tentando sair da cama. Quando amanheceu, a enfermeira disse que seria necessário mais tempo com o remédio para ele voltar ao normal e poder comer e beber. Na troca de plantão, o novo enfermeiro aplicou o mesmo remédio. O menino estava lúcido e conversava sobre seus brinquedos”, detalhou.
No segundo dia, o aparelho que monitorava os batimentos cardíacos da criança quebrou, segundo a mãe, pois ele estava batendo o pé o tempo todo. Meu marido pediu para trocarem, mas o médico se recusou, dizendo que poderia quebrar o outro aparelho. Eles não substituíram o aparelho”, destacou a mãe.
No entendimento de Sabrina, a demora no atendimento e na transferência agravaram a situação do menino, cujo quadro de saúde só piorou desde que foi hospitalizado em dois lugares e evoluiu para óbito no domingo (23), por volta das 17h20.
Quando meu filho faleceu, eu fiquei desesperada. Eu entrei no quarto, peguei-o no colo, como ele pediu, mas logo não consegui mais ficar lá dentro. Meu marido estava desesperado e começou a se agitar, e o enfermeiro disse que, se não parasse, teria que chamar a polícia. Eu fiquei muito triste com a situação, pois parecia que o sofrimento do meu filho não importava”, concluiu.
Respostas
Em nota, o Hospital de Ipatinga informou que o atendimento ao paciente seguiu o que estava previsto no protocolo que o caso exigia.
O Hospital Municipal Eliane Martins (HMEM) esclarece que o paciente deu entrada na unidade no dia 22/3, às 20h07, encaminhado de outro município após ter sido vítima de escorpionismo. Conforme o protocolo de atendimento para esses casos, a criança já havia recebido quatro ampolas do soro antiescorpiônico no hospital onde foi prestado o primeiro atendimento. Diante da gravidade do quadro clínico, o paciente foi imediatamente internado na UTI Pediátrica, onde recebeu todas as medidas intensivas necessárias. Apesar dos esforços da equipe médica, a criança evoluiu com complicações graves e veio a óbito”.
A nota ainda aponta que o HMEM possui o soro antiescorpiônico em estoque, conforme as diretrizes do Ministério da Saúde, e está plenamente preparado para o atendimento de acidentes com animais peçonhentos. Toda a equipe do hospital se solidariza com a família da criança neste momento de dor e reafirma seu compromisso com uma assistência qualificada e humanizada à população”.
Na tarde desta sexta-feira, a direção do hospital de Inhapim enviou uma nota sobre o assunto: "O Hospital São Sebastião de Inhapim esclarece que o paciente de 02 anos vítima de escorpionismo deu entrada em suas dependências na companhia de seus pais no dia 22/03/2025, apresentando um quadro clínico avançado de envenenamento por picada de escorpião, sudorese, vômito, pouco reativo, sonolento. De imediato, foram iniciadas condutas preconizadas pelos protocolos indicados para esse tipo de ocorrência, aferido sinais vitais, administradas medicações conforme prescrição, incluindo administração de soroterapia específica com soro antiescorpiônico, conforme indicado pela avaliação médica.
Diante da gravidade do quadro e da possibilidade de evolução para complicações que poderiam demandar suporte em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com o paciente já estabilizado, ativo e reativo, por precaução e para garantir suporte adequado ao paciente, foi indicada e realizada a transferência para uma unidade hospitalar de referência, em Ipatinga, já que o Hospital São Sebastião de Inhapim não dispõe de leitos de UTI.
Reiteramos o compromisso do Hospital São Sebastião de Inhapim com a qualidade e a segurança no atendimento aos pacientes, assegurando que todas as medidas cabíveis foram adotadas de acordo com as diretrizes médicas e assistenciais vigentes.
Tendo tomado conhecimento de que o paciente veio a óbito, manifestamos nossos mais sinceros sentimentos de pesar e nos solidarizamos com os familiares da criança em razão da lamentável perda".
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Crispim
29 de março, 2025 | 18:51Absurdo uma coisa dessa uma criança não ser internada por causa do seu municipio, mãe não vai trazer seu filho de volta, ,tem que processar esse hospital pra não acontecer com outras pessoas, imagina seu filho amarrado pedindo agua . Jesus tem misericordia”
Atenta
28 de março, 2025 | 10:09Independente de onde é o paciente, a PRIORIDADE É A VIDA. Esse primeiro hospital tinha que ESTABILIZAR a criança, para depois transferir. Municípios investem na política de AMBULANCIOTERAPIA, e dão as costas para implantar Hospitais eficientes. Menos gastos transferindo pacientes para outros municípios, do que investir em Hospital. Triste,triste. À família meus sentimentos. Já passei por isso. Meu sobrinho também foi picado por escorpião. Graça a Deus está vivo. É uma angústia muito grande”
Dudu
28 de março, 2025 | 10:00Todos querem falar bem do SUS, mas a primeira coisa que todos fazem quando ganham um pouco mais, é ter um plano de saúde pra ir para um hospital particular.
Médicos e enfermeiros sem empatia, é muito triste ler uma matéria dessa e ver que uma criança não resistiu por picada de escorpião.
Meus sentimentos a família.”
José da Silva
28 de março, 2025 | 09:36Onde a vida é desprezada por um vínculo? Somente os insensíveis é capaz de pensar assim!”
Roberto Alves da Silveira
28 de março, 2025 | 09:25Normal atendimento dos hospitais na região...prefeitos incompetentes ,estrutura zero....mas fazer pracinhas pra vagabundo dormir e cobrar iptu elevadíssimo.. isso ele sabe...espero que a justiça de Deus prevaleça ...porque se depender dessa justiça aqui ...ah....so pra constar todos os políticos que conheci que roubaram do povo e deixaram o povo no sofrimento ,ou morreram pobres ou tão doentes quanto o que fizeram o povo passar ...isso quando não perderam parentes nas mesmas condições que muitos cidadãos morreram por falta ou melhor por omissão dos prefeitos e seus vereadores....”