29 de março, de 2025 | 07:00

Seu cérebro pode estar piorando por causa da audição

Débora Barros *

Pouca gente sabe, mas a audição tem um impacto direto na saúde do cérebro. O simples ato de ouvir é muito mais do que captar sons: ele envolve áreas complexas do cérebro responsáveis por interpretação, memória, atenção e linguagem. Quando a audição começa a falhar — mesmo que de forma leve e silenciosa — o cérebro precisa se esforçar mais para entender o que está sendo dito. Esse esforço constante consome recursos cognitivos que seriam usados para outras tarefas, como lembrar, pensar e se concentrar.

Estudos recentes mostram uma ligação clara entre perda auditiva não tratada e maior risco de demência. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pessoas com perda auditiva moderada têm até três vezes mais chance de desenvolver demência. E o mais preocupante: muitas dessas perdas não são percebidas ou são ignoradas por anos.

Isso ocorre porque o cérebro é plástico: ele se adapta, compensa, mas também “desliga” funções que deixam de ser usadas com frequência. Quando o som deixa de chegar com qualidade, as áreas cerebrais ligadas à audição e à linguagem vão sendo pouco ativadas. Com o tempo, essa falta de estímulo pode acelerar o envelhecimento cerebral.
Além disso, pessoas com dificuldades auditivas tendem a se isolar socialmente, participar menos de conversas e eventos, e isso também contribui para o declínio cognitivo. A comunicação é uma das chaves para manter o cérebro ativo e saudável.
“Estudos recentes mostram uma ligação clara entre perda auditiva não tratada e maior risco de demência”


Mas o oposto também merece atenção. Ouvir demais pode causar grande desconforto sensorial. Sons comuns do cotidiano, como mastigação ou barulho de talheres, podem se tornar insuportáveis para quem tem hiperacusia ou misofonia — condições auditivas que envolvem hipersensibilidade ao som e que têm tratamento.

Outro sinal importante que não deve ser ignorado é o zumbido. Aquele apito constante ou ruído fantasma pode indicar alterações no sistema auditivo e merece avaliação especializada. Cuidar da audição é cuidar da mente. E nunca é cedo demais para começar.

* Fonoaudióloga e Neuropsicopedagoga. Especialista em Audiologia, Linguagem e Neurociências

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