05 de abril, de 2025 | 08:50
Instabilidades do mercado siderúrgico influenciam na situação de inadimplência dos trabalhadores da região
O número de inadimplentes no Brasil cresceu aproximadamente 400 mil entre janeiro e fevereiro deste ano. Em Minas Gerais, o índice de inadimplência chegou a quase 43%, segundo dados da Serasa. Em entrevista ao Diário do Aço, a contadora e CEO da V&V Contabilidade Digital, Valquíria Assis, de 42 anos, explicou o que influencia a situação das dívidas no Vale do Aço e quais os principais fatores que levam os moradores da região a acumularem dívidas.
De acordo com o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, publicado pela Serasa, em Minas Gerais, quase metade da população adulta enfrenta dificuldade em quitar suas dívidas. Segundo Valquíria, apesar da ausência de estatísticas isoladas, essa tendência deve ocorrer no Vale do Aço.
A economia da região tem uma forte dependência da indústria siderúrgica e de transformação, tornando-a vulnerável a oscilações de mercado. Qualquer desaceleração na produção afeta diretamente a renda dos trabalhadores, contribuindo para o crescimento da inadimplência. Além disso, o alto nível de informalidade no mercado de trabalho da região agrava a situação, pois muitos trabalhadores sem vínculo empregatício fixo têm dificuldades em manter um fluxo financeiro regular para honrar seus compromissos”, salienta.
Fatores na região
A contadora explica que o aumento do custo de vida é um fator determinante para o crescimento dos índices de inadimplência no Vale do Aço e no estado. Os preços de itens essenciais, como alimentação, energia elétrica, transporte e moradia, subiram consideravelmente nos últimos anos, enquanto os reajustes salariais não acompanharam essa alta”, destaca.
Além disso, existem outros fatores que contribuem para esse aumento, que são o uso do crédito sem planejamento, ou seja, sem considerar os juros elevados; baixo nível de educação financeira; endividamento múltiplo; desemprego e informalidade; entre outros. O resultado dessa combinação de fatores é um ciclo de endividamento crescente, o que dificulta, ainda mais, a recuperação da saúde financeira dos consumidores”, pontua.
Valquíria explica que o maior desafio enfrentado pelos consumidores do Vale do Aço é o desequilíbrio entre a renda e as despesas: Muitas famílias gastam a maior parte do orçamento com itens essenciais, sobrando pouco para pagar outras obrigações”. Outro problema é o uso do crédito rotativo, ou seja, quando o consumidor não consegue pagar o valor integral da fatura do cartão de crédito e, com os juros acumulados, o valor da dívida cresce rapidamente.
Enviada ao Diário do Aço
Valquíria Assis, de 42 anos, é contadora e CEO da V& Contabilidade Digital e atende à distância em todo o país
Valquíria Assis, de 42 anos, é contadora e CEO da V& Contabilidade Digital e atende à distância em todo o paísAlém disso, o aumento das tarifas de energia elétrica e água tem impactado diretamente os orçamentos familiares. Para muitos, pagar a conta de luz pode significar deixar outras despesas importantes em atraso, gerando um efeito cascata de endividamento”, destaca a contadora.
Perfil dos inadimplentes
A faixa etária com o maior índice de inadimplência no Brasil, segundo a Serasa, é entre 41 e 60 anos, seguida por pessoas entre 26 e 40 anos. No Vale do Aço, Valquíria explica que essa é uma tendência que se reflete, uma vez que, pessoas com idade entre 41 e 60 anos costumam acumular mais responsabilidades financeiras, como financiamentos, despesas com educação dos filhos, cuidados com a família, entre outros.
Ao fazer um recorte mais específico, ela destaca que, na região, existe uma categoria ainda mais vulnerável que são os trabalhadores informais e autônomos. Por não terem renda fixa, acabam mais suscetíveis a períodos de instabilidade financeira. Os pequenos empresários dependem da saúde financeira dos consumidores locais, sofrendo diretamente os impactos da inadimplência geral”, afirma.
A profissional esclarece que os idosos também são mais suscetíveis ao acúmulo de dívidas porque muitos contratam empréstimos para ajudar familiares ou são vítimas de golpes financeiros, que comprometem sua renda fixa.
Renegociação de dívidas
Além das plataformas nacionais de renegociação de dívidas como o Serasa Limpa Nome e Desenrola Brasil, também existem iniciativas locais na região. Como os mutirões para renegociação promovidos pelo Procon do Vale do Aço, em parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
Organização das finanças
A profissional afirma que, para que as pessoas possam organizar suas finanças e evitar o endividamento em excesso, algumas dicas podem ser úteis, como registrar todas as receitas e despesas, evitar o crédito rotativo, montar uma reserva de emergência, negociar suas dívidas sempre que possível e priorizar gastos essenciais.
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