16 de abril, de 2025 | 08:00
Entendendo a COP 30
Antônio Nahas *
O Brasil já recebeu eventos internacionais maravilhosos, a maioria deles tendo o Rio como sede. Basta lembrar a Copa de 2014 (pensando bem, melhor nem lembrar); as Olimpíadas de 2016 e, recentemente a reunião do G2O e dos BRICs, que reforçaram a importância internacional do país.Agora está chegando a vez da COP 30, que será realizado em Belém do Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro. Certamente, será o encontro mundial mais importante já realizado no país, comparável talvez, à Rio 92, que foi denominada Cúpula da Terra.
Alguém poderia pensar que se trata de um evento restrito a alguns líderes mundiais, que farão seus discursos imponentes de sempre e, depois, arrumam as malas e voltam para casa.
Nada disso. Na COP haverá a Zona Azul, onde ocorrem as negociações globais, as conferencias dos líderes mundiais e a celebração de acordos. Ao mesmo tempo há a Zona verde, aberta ao público; às empresas; às ONGS, ativistas; povos indígenas, que apresentam soluções e propostas para a crise climática mundial.
Haverá ainda os eventos paralelos, que reúnem Governos; empresas; especialistas para apresentação de projetos; pesquisas e promover parcerias para captar financiamentos.
Para termos uma visão sobre a dimensão do encontro, basta dizer que a COP 28, realizada em Dubai, reuniu mais de 83 mil pessoas. A COP 30 deverá bater este número, pois deverá agregar representantes de toda a Bacia Amazônica - países; comunidades tradicionais; povos indígenas -, para debater sua importância e papel a ser cumprido no alcance das metas definidas.
De onde surgiu a COP
A Sigla COP surgiu no Brasil, em 1992 na RIO 92, onde representantes de 179 países iniciaram a consolidação de uma agenda de desenvolvimento sustentável. Foi criada a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima - C0P - que entrou em vigor em 1994.
E a primeira COP aconteceu em 1995 - 30 anos atrás -, em Berlim. A partir daí as convenções foram se sucedendo, criando Protocolos; Acordos; definindo Planos de Trabalho e metas a serem observadas pelos países membros.
Destacamos a COP 3, realizada no Japão, onde foi idealizado o Protocolo de Kyoto, que visava a redução das emissões de Gases Efeito Estufa em todo o mundo.
Neste evento, diversos países apresentaram seus inventários de emissão de gases efeito estufa, evidenciando a enorme quantidade destes gases que eram liberados - e ainda são - por todo o mundo”
Em 2015, na COP 21, os 195 países participantes chegaram a um consenso histórico, lavrando o Acordo de Paris, que pode ser definido como uma série de diretrizes para que o aumento da temperatura global não passe de 2 graus Celsius, em relação aos níveis da temperatura antes da Revolução Industrial, ocorrida nos séculos XVIII-XIX.
Neste evento, diversos países apresentaram seus inventários de emissão de gases efeito estufa, evidenciando a enorme quantidade destes gases que eram liberados - e ainda são - por todo o mundo.
E na COP 29, realizada no longínquo Azerbaijão, já sobre a sombra da eleição de Trump, chegou-se ao valor de 300 bilhões de dólares anuais para financiar as ações de transição energética.
Temas relevantes que deverão ser discutidos
Antes da COP 30, está previsto o lançamento das Contribuições Nacionalmente Determinadas de diferentes países, onde serão apresentados os resultados das ações climáticas desenvolvidas.
Dois temas importantes devem polarizar as discussões: o primeiro, a chamada Transição Justa. Afinal, a Revolução Industrial ocorreu na Europa, que utilizou em larga escala recursos naturais e produtivos de todo o planeta. Outros países, como a China, a Índia, a Rússia, Indonésia, África do Sul e o Brasil ainda precisam se desenvolver. Como conseguir o desenvolvimento sem o uso de energias fósseis? É possível?
E, correlata a esta discussão: quem vai pagar pela transição energética? Daí surge a necessidade do financiamento climático. Os especialistas consideram 300 bilhões/ano muito pouco. A expectativa seria 1 trilhão de dólares anuais, para que as metas sejam alcançadas.
As negociações em torno do mercado de credito de carbono também devem contribuir para lançar luz ao financiamento da agenda climática. É o que poderia acontecer no Vale do Aço: de um lado temos empresas que utilizam combustível fóssil e emitem grandes toneladas de CO2 e, do outro, reservas florestais de mata atlântica que devem ser preservadas e recuperadas, podendo gerar créditos de carbono.
Já se passaram 30 anos e, até agora, os resultados obtidos foram pequenos: 2024 é considerado o ano mais quente da história da humanidade: 1,5 graus acima dos níveis pré-industriais. Por isto está COP deve ser a mais importante da história. É um tema fascinante, com amplas possibilidades para empresas, governos, ONGs.
Para quem quiser se aprofundar no tema, o CEBS - Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável - elaborou glossário com muita informação sobre a COP 30, de onde retirei algumas informações. Aqui vai o endereço: glossario-da-cop. Vale a pena a leitura.
* Economista, empresário, morador de Ipatinga.
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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