18 de abril, de 2025 | 08:35

Comissão e vereador acusam prefeito de censura à ''Malhação do Judas'' em Marliéria

Reprodução/Instagram/@marlieriaemminas
Decisão da administração municipal de não apoiar o ato é vista como tentativa de boicote pelos organizadores e parte da populaçãoDecisão da administração municipal de não apoiar o ato é vista como tentativa de boicote pelos organizadores e parte da população

A tradicional "Malhação do Judas", promovida há mais de quatro décadas no município de Marliéria, no Colar Metropolitano do Vale do Aço, enfrenta este ano acusações de tentativa de boicote por parte da administração municipal. Segundo integrantes da comissão organizadora, o prefeito Hamilton Lima (Republicanos), em conjunto com o presidente da Câmara Municipal, Messias Miranda (PSDB), teria adotado medidas para inviabilizar a realização da festa em espaços públicos da cidade.

A manifestação cultural, marcada para este sábado (19), inclui desfile com o boneco Judas pelas ruas e, à noite, a leitura do tradicional "Testamento do Judas" — texto de caráter crítico e humorístico, que aborda acontecimentos e figuras públicas locais — seguida da queima simbólica do boneco, ao lado da Igreja Matriz.

De acordo com relatos encaminhados ao Diário do Aço, o prefeito não autorizou o uso do sistema de som da prefeitura para a cerimônia de leitura do testamento, promovida tradicionalmente na porta da igreja. Além disso, a Câmara Municipal, presidida por Messias Miranda, teria se recusado a liberar um terreno de propriedade pública, próximo à praça da Igreja Matriz, onde ocorre a queima do boneco.

O vereador Breno Martins (PDT), entrevistado pela reportagem do Diário do Aço, afirma que a postura da atual gestão representa uma tentativa de censura. “A tradição marlierense de mais quatro décadas enfrenta uma tentativa de censura pela atual gestão da prefeitura. O prefeito não admite críticas, e por isso ameaça acabar com a malhação do Judas, proibindo que aconteça em espaços públicos do município”, declarou.

Breno destacou ainda a origem do prefeito como fator que pode explicar o distanciamento com a cultura local. “Compreendo que o prefeito possa não estar familiarizado com todos os aspectos da nossa história e tradições, pois não é filho da nossa cidade. Foi encaminhado ao prefeito um ofício feito pela comissão para a liberação da área e também o uso do som do município. O prefeito não assinou o ofício para a queima do Judas”, continuou o parlamentar.

Mais manifestações
Em nota, o perfil no Instagram @marlieriaemminas se manifestou: “O prefeito não admite críticas, e por isso ameaça acabar com a malhação do Judas, proibindo que aconteça em espaços públicos do município. A atual comissão encontra-se acuada e desamparada”.

Ainda segundo a publicação, o testamento sempre foi uma forma de expressão da identidade local: “Apesar do humor ácido, sempre foi feito com respeito, abordando assuntos sérios que precisam ser tratados. Esses jovens voluntários, que não deixam essa história morrer, agora estão lutando de frente com um prefeito que além de não apoiar essa festa tradicional, tenta de todas as formas atrapalhar”.

O comunicado finaliza: “Você não é tão especial assim, meu caro prefeito, as críticas do testamento não são pessoais, são feitas todos os anos e foram para todos os prefeitos”.

Evento mantido
A comissão organizadora considera que a decisão foi motivada pelas críticas à administração municipal expressas nos testamentos dos anos anteriores. Apesar das dificuldades, os organizadores afirmam que o evento será mantido. A concentração será às 14h30, em frente à Mercearia Quintão, e a queima do Judas está marcada para às 21h, após a Missa, ao lado da Igreja Matriz.

Prefeito confirma boicote
Procurado pelo Diário do Aço, o prefeito Hamilton Lima (Republicanos) afirmou que nas últimas edições a leitura do testamento “passou a adotar um tom de evidente viés político-partidário, além de proferir manifestações personalizadas que beiram, ou até ultrapassam, os limites do respeito às garantias fundamentais das pessoas, como a honra, a imagem e a dignidade”.

O chefe do Executivo frisa que a prefeitura não está proibindo a realização do evento e que apenas não concedeu o “apoio institucional ou logístico” para evitar “qualquer associação da prefeitura com manifestações que possam configurar ilícitos”.

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Comentários

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Carlos Eduardo

18 de abril, 2025 | 11:04

“Censura é o nome da ação do prefeito. E está lá pela segunda vez, diga-se de passagem, pela vontade esmagadora da população local. Juntamente como irmão Messias, tentando falar as críticas. O descaramento da classe política é tão grande que agora não aceitam críticas. Infelizmente o povo tem memória curta e em breve o todo poderoso estará nos braços da população novamente, emplacando um sucessor, já que ele não poderá mais ser candidato. Vai fazer o mesmo jogo político que o irmão faz em Jaguaraçu e fica por isso mesmo. A tradição deve ser mantida e esses demandas não devem ser esquecidos em 2026?.”

Gildázio Garcia Vitor

18 de abril, 2025 | 08:56

“Esta turma do "Deus, Pátria e Família" e liberdade*, não gostam da Democracia e, portanto, não admitem críticas e nem que apontemos os seus erros e desmandos.

* Em geral, esta liberdade é a de expressão, que eles defendem para propagar fake news.”

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