23 de abril, de 2025 | 08:45
Brasil avança no ranking da indústria mundial e aquece perspectivas para o Vale do Aço
Enviada ao Diário do Aço
Geógrafo entende que o setor industrial do Vale do Aço tem passado por uma pequena recuperação
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço 
O Brasil subiu duas posições e assumiu o 13º lugar no ranking das maiores potências industriais do mundo, segundo dados divulgados no fim de março pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONU). O avanço representa uma virada de chave após anos de estagnação.
A subida foi comemorada por representantes da indústria nacional e repercutiu também entre especialistas e empresários da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), um dos principais polos industriais de Minas Gerais. A expectativa é que o novo ciclo de crescimento traga impactos diretos na economia regional, marcada historicamente pela força da siderurgia.
Para especialistas da região, o avanço brasileiro no ranking mundial não é apenas simbólico. Ele pode representar uma oportunidade concreta para alavancar a economia do Vale do Aço, cuja base produtiva é altamente dependente da indústria de transformação, em especial da siderurgia e metalurgia.
José Márcio Gomes Pereira, professor do curso de Administração e Ciências Contábeis do Centro Universitário do Leste de Minas (Unileste), destaca que a indústria representa mais de 45% do PIB regional e responde por cerca de 58% da arrecadação de ICMS da RMVA, com Usiminas e Aperam figurando como os principais vetores de geração de emprego e renda.
Apesar da recuperação recente, a concentração da atividade econômica na siderurgia ainda é um risco para a estabilidade econômica da região, já que a produção está atrelada às flutuações do mercado global”, afirmou.
Lucas Figueiredo, administrador e professor na Faculdade Anhanguera de Ipatinga, ressalta que o novo ciclo de industrialização pode gerar milhares de novos empregos diretos e indiretos na região, especialmente se houver novos investimentos em tecnologia e expansão, estímulo à criação de startups industriais e novos negócios, especialmente em torno das grandes empresas e fortalecimento de setores como logística, manutenção, metalurgia, energia e serviços técnicos”.
Lucas ainda explica que a preparação da indústria local depende de ações conjuntas, como capacitação profissional, por meio de Senai, universidades e programas de qualificação; incentivos à inovação e digitalização dos processos produtivos e políticas públicas para atração de empresas e retenção de talento.
William Passos, geógrafo com especialização doutoral em Estatística pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e coordenador estatístico e de pesquisa do Observatório das Metropolizações Vale do Aço/IFMG Ipatinga, acrescenta que há um espaço significativo para atração de novos negócios na região. A dinamização da indústria e da economia do Vale do Aço são muito mais sensíveis ao mercado de aço e de alumínio do que a produção industrial brasileira em si. Nesse momento, a produção, a venda e a exportação do aço e do alumínio brasileiro vêm batendo recordes, fato que torna possível projetar a expansão progressiva dos empregos industriais no Vale do Aço e, por consequência, dos empregos também no setor de Serviços, que sofrem os impactos indiretos da melhoria do emprego na Indústria”, ressaltou.
Enviada ao Diário do Aço
Para o professor José Márcio Gomes Pereira, é necessária a criação de uma zona de amortecimento da Sudene com o Vale do Aço incluso

Crédito do BNDES pode ser divisor de águas
A liberação de crédito por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é apontada como um dos pilares do novo projeto de reindustrialização. Só em 2023, o banco aprovou R$ 77,5 bilhões em projetos, com previsão de R$ 250 bilhões entre 2024 e 2026. Para José Márcio, isso pode impulsionar a modernização de grandes indústrias da região e, ao mesmo tempo, dar protagonismo a pequenas e médias empresas que carecem de financiamento de longo prazo. A retomada de crédito junto ao BNDES pode ser um divisor de águas para a economia do Vale do Aço, pois permite não apenas a modernização das grandes indústrias, mas democratiza o investimento, possibilitando que médias e pequenas empresas tenham protagonismo no processo de desenvolvimento regional", explicou.
Lucas Figueiredo também defende que os investimentos públicos podem incentivar a modernização de máquinas e processos, facilitar expansão de produção e inovação tecnológica, estimular a diversificação industrial e a inserção em novos mercados, e ajudar a gerar empregos e desenvolvimento sustentável local”.
Emprego, logística e riscos de concentração
A exclusão da RMVA da área de atuação da Sudene é vista como um entrave, já que municípios vizinhos usufruem de incentivos fiscais e logísticos que a região não possui. Para evitar que haja a saída de empresas e a fuga de investimentos da região, torna-se necessário a criação de uma área de amortecimento da Sudene”, defende José Márcio.
Outro gargalo apontado é a precariedade da BR-381/MG, que impacta diretamente a logística de escoamento da produção local. A concessão da rodovia à iniciativa privada, com previsão de R$ 10 bilhões em investimentos, é vista com otimismo, mas ainda cercada de incertezas quanto aos prazos e à eficácia das obras. O aprimoramento da BR-381 é urgente. Sem uma rodovia de qualidade, será difícil ampliar a competitividade da indústria local”, afirmou o professor do Unileste.
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Alessandro
24 de abril, 2025 | 07:38Boas perspectivas para o Vale do Aço e região do entorno. Excelente matéria.”
Paulo
23 de abril, 2025 | 12:31E tem gente ainda achando que vamos virar Venezuela. O mundo todo enfrentando altas de preços por causa das políticas desastradas dos EUA e a culpa é do Lula....”