
06 de junho, de 2025 | 07:30
A erosão dos valores e a era digital
Wanderson R. Monteiro *
Atualmente, temos visto inúmeras discussões sobre nossa sociedade atual. Tais discussões são provenientes das diferentes percepções que as pessoas de nossa sociedade têm sobre o mundo e o meio nos quais estamos vivendo atualmente. Mas existe um aspecto de nossa sociedade que as diferentes visões e posições existentes em nosso mundo atual concordam: nossa sociedade está mudando, se transformando.Nos últimos anos, temos sido testemunhas das mudanças ocorridas em nosso tempo, de maneira que tem sido nítido para todos que nossa sociedade atual tem vivido um momento de profundas transformações, onde a tecnologia não mudou apenas a forma como nos comunicamos uns com os outros, mas ela também mudou a forma de como percebemos a realidade que nos cerca e os valores que orientam e sustentam nossas relações. A velocidade com que a informação circula e a multiplicidade de vozes nas múltiplas plataformas online criam um ambiente em que valores absolutos, antes considerados bússolas morais que guiavam e sustentavam a sociedade, se dissolvem e se transformam em meio a um mar de subjetividade. Platão, em seu mito da caverna, já alertava que a realidade pode ser confundida com sombras projetadas, e hoje, as telas dos celulares e computadores projetam sombras que têm obscurecido nosso entendimento e nossa compreensão da realidade. E isso só tende a aumentar com o novo passo dado com a utilização das IAs, e, consequentemente, com os novos avanços tecnológicos que ainda surgirão.
Esse processo de relativização moral, que tem sido amplificado em nossa atualidade, tem raízes naquilo que conhecemos como pós-modernidade. Jean-François Lyotard apontou a dissolução das metanarrativas, as grandes histórias que davam sentido à existência em sociedade, como principal característica dos tempos pós-modernos, e, dentro desse contexto, a internet, que prometia popularizar e facilitar o acesso ao conhecimento, tornou-se um catalisador da dissolução dessas grandes histórias - metanarrativas - que, com seus princípios, serviam como guias morais e éticos para a sociedade. Hoje, as redes sociais, movidas por algoritmos, criam bolhas de informação que reforçam as crenças individuais, dificultando o diálogo e a busca por verdades compartilhadas. Nietzsche, ao proclamar a "morte de Deus", antevia o vácuo moral que surgiria sem referenciais transcendentes, mas não imaginava como a tecnologia aceleraria todo esse processo rumo a esse vazio, preenchido por micronarrativas individuais, fragmentadas e, na grande maioria das vezes, contraditórias.
"A tecnologia digital mudou a forma de como percebemos a realidade que nos cerca e os valores que orientam e sustentam nossas relações"
Atualmente, a fogueira da caverna de Platão foi substituída por celulares, computadores e televisões, equipados com tecnologias avançadas, mas ainda com o propósito de transmitir imagens e mundos muitas vezes irreais, na tentativa de enganar a população. A grande mídia, utilizando seus recursos, manipula essas sombras” digitais, moldando a percepção de pessoas que, em sua ignorância, aceitam como verdade o que lhes é apresentado. Essa manipulação reforça o relativismo atual, onde a verdade se torna refém do engajamento, não da consistência.
Dessa forma, em nossa sociedade atual, o relativismo tem sido visto como um novo padrão absoluto, de maneira que a ideia de que não há absolutos se tornou o dogma da sociedade atual, onde cada indivíduo julga o mundo segundo sua visão que, na grande maioria das vezes, se mostra como uma visão deturpada da realidade. Essa mentalidade faz com que as pessoas acreditem que tudo deve funcionar de acordo com suas regras pessoais, ignorando padrões éticos ou sociais. Sem referenciais e princípios comuns, a sociedade se fragmenta, e o caos moral se instala. A tecnologia, embora traga benefícios inegáveis, carrega uma ambivalência: conecta, mas também isola; informa, mas também manipula. Assim, a era digital não apenas reflete, mas intensifica a crise de valores, desafiando-nos a buscar um equilíbrio entre liberdade e responsabilidade moral.
* Acadêmico fundador da AHBLA. Acadêmico imortal da AINTE. Autor dos livros Cosmovisão em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”, Crônicas de Uma Sociedade em Crise”, Atormentai os Meus Filhos”, e da série Meditações de Um Lavrador”, composta por 7 livros. (São Sebastião do Anta MG)
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Tião Aranha
06 de junho, 2025 | 18:55Ninguém consegue viver neste mundo louco sem almejar felicidade. Comunicar bem tb é um gesto de caridade. Karl Marx veio para explicar a social democracia, acredito, num mundo estruturalmente civilizado. Aristóteles acreditava num força motriz geradora de todo o Universo. A luz está no livre arbitrio e na liberdade que cada um tem de distinguir o certo do errado. Uma parte do pecado que um indivíduo comete ele paga aqui. A outra parte paga no inferno. Rs.”