11 de junho, de 2025 | 08:00
Metade da energia do Brasil vem de fontes renováveis
Antônio Nahas Júnior *
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério das Minas e Energia, divulgou recentemente o Balanço Energético Nacional, com informações importantes sobre a produção e consumo de energia no Brasil. Segundo este relatório, em 2024 batemos um novo recorde: houve aumento da energia produzida por fontes renováveis ( biomassa; eólica e solar), e queda do consumo de petróleo e derivados, proporcionando o patamar de 50% de renovabilidade na nossa matriz energética.É bom que se diga que estamos falando de todas as fontes de energia: a elétrica, que consumimos ao acender as luzes dentro de casa; a gasolina, que utilizamos para dirigir o carro; o carvão mineral e vegetal, consumido na siderurgia e até o bagaço de cana, que a indústria sucroalcooleira utiliza nas suas caldeiras.
Toda esta energia é que move a economia do país. Fazendo um paralelo com a nossa vida, a energia é como se fosse nosso alimento do dia a dia. Sem ela, não sobreviveríamos.
Uma curiosidade é que, quando falamos em fontes renováveis de energia, pensamos imediatamente nas fontes hidráulicas, como Furnas e Itaipu. Mas não é bem assim. A maior fonte de energia renovável no Brasil é o bagaço de cana, que gera 16,7% da energia renovável consumida. Logo abaixo vem energia hidráulica (11,6%); lenha e carvão vegetal (8,5%); licor preto (subproduto da celulose), seguidos da energia eólica e solar, que ficam no patamar de 2%.
Já nas fontes não renováveis, nenhuma novidade: petróleo e derivados (34%); gás natural e carvão mineral compõem o quadro.
O relatório indica também o consumo de energia por setor econômico. O setor de transportes consome nada menos que 33,2% de toda a energia. Aqui estão incluídos o transporte de carga; de passageiros e automóveis. Logo em seguida vem a indústria, com pouco mais de trinta por cento, seguida das residências; agropecuária e serviços.
Energia e sustentabilidade - Segundo o relatório, em 2024, a matriz energética brasileira emitiu nada menos que 424 milhões de toneladas de CO2 equivalente. (Carbono equivalente: unidade de medida das emissões de carbono dos gases efeito estufa). O total é alto e assusta, mas se pensarmos que o Brasil emitiu mais de 2 bilhões de toneladas, aí incluídos queimadas; devastação florestal, vemos que o consumo e as emissões relacionadas ao consumo de energia são modestas.
Temos tudo para nos tornarmos neutros na emissão de CO2 e gerarmos créditos de carbono em abundância”
Isto é confirmado pelas emissões de CO2 per capita do país, que não chegam a 20% daquelas que observamos nos Estados Unidos.
E há outro indicador muito conhecido e importante: a chamada intensidade das emissões de carbono. Relaciona a geração do PIB com as emissões de carbono. Quanto menor for esta relação, mais eficiente é a economia. Ele indica que a economia de um determinado país consegue se desenvolver; produzir; gerar valor e, ao mesmo tempo, emitir relativamente pouca tonelagem de Gases efeito estufa. Nosso índice é muito mais baixo que o da China e dos Estados Unidos, e próximo ao da Europa. Ou seja: falando de energia, o Brasil dá um show!
Ao fim, a EPE prepara um desfecho muito bacana: Relaciona os números do Brasil aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS -, mais precisamente, ao ODS 7: Garantir o acesso à energia barata; confiável, sustentável e renovável para todos.
Como síntese, o relatório afirma que a participação interna da energia renovável no Brasil é muito alta; que a intensidade das emissões é das mais baixas do mundo e que a capacidade instalada das energias renováveis é extraordinária.
Enfim: décadas atrás, pensava-se na oferta de energia apenas para garantir o crescimento da economia. Hoje este patamar mudou: a sustentabilidade do planeta entrou no radar da sociedade: produzir e consumir energia de forma sustentável passou a ser um valor econômico e social. A época do crescimento a qualquer custo, sem preocupação com o esgotamento dos recursos naturais e nem com a poluição do planeta e o aquecimento global já se encerrou, como nos ensina a economista Kate Raworth, no seu maravilhoso livro Economia Donut.
E neste quesito, o Brasil se destaca internacionalmente. Temos tudo para nos tornarmos neutros na emissão de carbono e gerarmos créditos de carbono em abundância para o resto do mundo. Para quem quiser acessar o relatório: www.epe.gov.br.
* Economista, empresário. Morador de Ipatinga
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Antonio Nahas
11 de junho, 2025 | 13:31Obrigado pela leitura. O relatório d EPE é?
Muito rico em dados e gráficos. Deve ajudar seus alunos.”