24 de junho, de 2025 | 08:00

Servidores à beira do colapso — Até quando?

Ailton Cirilo *

A recente onda de mobilizações por parte dos servidores públicos de Minas Gerais — professores, policiais, técnicos da saúde, eletricitários e tantas outras categorias — revela uma realidade incontestável: o funcionalismo estadual tem sido sistematicamente desvalorizado pelo governo mineiro. O mais alarmante é que essa negligência atinge justamente aqueles que sustentam, com coragem, competência e dedicação, os pilares que mantêm nosso Estado de pé.

Como representante da família policial e bombeiro militar de Minas Gerais, não posso silenciar diante do quadro de perdas salariais acumuladas, da corrosão do poder de compra e do descumprimento de acordos previamente firmados. A categoria da segurança pública, por exemplo, amarga uma defasagem de quase 45% em relação à inflação dos últimos anos. Isso não é apenas injusto — é insustentável. Segurança pública se faz com homens e mulheres motivados, valorizados e reconhecidos por sua missão essencial. Quando se nega dignidade aos que cuidam da vida e da segurança da população, toda a sociedade paga o preço.

Sabemos que o equilíbrio fiscal é importante, mas ele não pode ser alcançado à custa da dignidade de quem entrega a própria vida pelo bem comum. Governar é, acima de tudo, respeitar compromissos e priorizar pessoas. A recomposição salarial prometida, especialmente no caso das forças de segurança, não é um favor — é uma questão de justiça, de reconhecimento e de responsabilidade. Nenhum planejamento de longo prazo será eficaz se não houver investimento humano à altura das demandas da sociedade mineira.
“O mais alarmante é que essa negligência atinge justamente aqueles que sustentam, com coragem, competência e dedicação, os pilares que mantêm nosso Estado de pé”


A situação não é exclusiva da segurança pública. A educação, a saúde e os serviços básicos também sofrem com a falta de estrutura, com baixos salários e com a ausência de uma política séria de valorização dos profissionais. Quando o servidor é negligenciado, quem perde é o cidadão. A qualidade do serviço prestado depende diretamente das condições de trabalho e do respeito a quem o executa. Valorizar o servidor é garantir um Estado mais eficiente, justo e comprometido com o bem-estar de sua população.

Como presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais (AOPMBM), mantenho o compromisso de dialogar com responsabilidade, mas também com firmeza. Esperamos do governo Zema mais que promessas e discursos bem articulados: queremos ações concretas que resgatem a confiança dos servidores públicos. Queremos um cronograma transparente, metas objetivas e o cumprimento do que foi acordado. O que está em jogo não é apenas o salário de um profissional, mas o futuro do serviço público em Minas Gerais.

Aos nossos irmãos de farda, reitero que nossa luta é legítima e continuará sendo feita com equilíbrio, responsabilidade e profundo respeito às instituições democráticas. Seguiremos firmes, pautados pela legalidade, mas convictos de que defender o servidor é, em última instância, defender Minas Gerais. É hora de o governo ouvir quem está na linha de frente — e agir com a urgência que o momento exige.

* Coronel da reserva da PMMG, Especialista em Segurança Pública

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Comentários

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Tião Aranha

24 de junho, 2025 | 08:21

“Na visão de Zema cada trabalhador se move como uma máquina. O trabalho sendo feito com os recursos básicos que o Estado dispõe. Talvez esteja buscando uma maneira revigorada e nova na questão da coisa publica para encontrar a solução padrão apropriada. A questão que são situações criadas a partir de algo original em experiência já vividas, e que joga nosso pais em atraso pra milhões de anos luz. A maneira como os sindicatos trabalham está errada. Deveria reivindicar menos, e criar mecanismos de união e sustentação em harmonia com todas as outras categorias de trabalhadores com o propósito de parar o país numa greve geral.”

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