10 de julho, de 2025 | 11:55

Presidiário assassinado na PDMC era peça-chave em complexo inquérito sobre facções criminosas de Ipatinga

Isabelly Quintão /Arquivo DA / Reprodução
Diogo Balbino tinha 22 anos e foi encontrado morto dentro de uma cela na PDMG  Diogo Balbino tinha 22 anos e foi encontrado morto dentro de uma cela na PDMG

O presidiário Diogo Balbino, de 22 anos, assassinado esta semana no interior da Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, não era um preso qualquer, era peça chave em um complexo inquérito sobre grupos criminosos em Ipatinga, o alerta é feito pelo advogado criminalista, Juliano Azevedo, ouvido pela reportagem do Diário do Aço.

O detento foi encontrado morto dentro de uma cela, por volta de 15h de terça-feira (8), conforme noticiado esta semana pelo jornal. Diogo tinha diversas perfurações no corpo e estava caído sem vida no banheiro da cela de passagem do Pavilhão B da unidade.

Balbino era oriundo do bairro Esperança, em Ipatinga e estava recolhido à PDMC desde janeiro deste ano. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou, por meio de nota, que o caso está em apuração para definir responsabilidades. O caso foi assumido pela Polícia Civil.

Segundo fontes ouvidas pela reportagem do Diário do Aço, por volta das 9h do mesmo dia, equipes de segurança, com apoio do Grupo de Intervenção Rápida (GIR) e do Canil, iniciaram o procedimento de rotina para conduzir os internos ao banho de sol.

Nesse processo, Diogo Balbino e outro detento foram transferidos de uma cela disciplinar para a chamada cela de passagem, onde já se encontravam cerca de 250 presos que participariam da atividade externa.

O banho de sol foi encerrado por volta das 11h30. No momento da recondução dos detentos às respectivas celas, os policiais notaram a ausência de Diogo. Após buscas em setores administrativos e celas da unidade, o preso ainda não havia sido localizado. O corpo foi localizado somente por volta das 15h

“Não era um preso qualquer”, afirma advogado

A descoberta do assassinato do presidiário Diogo Balbino no interior de uma cela na Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, gerou grande repercussão nesta quarta-feira (9), no Vale do Aço.

Apesar de ter apenas 22 aos, Balbino estava envolvido com o mundo do crime desde quando era menor de idade, com passagens pelo Centro Socioeducativo.

O criminoso foi um dos presos no âmbito da "Operação Impacto", deflagrada no mês de maio deste ano pela Polícia Civil, com foco nos grupos criminosos que atuavam na regional do bairro Esperança em Ipatinga, envolvidos com tiroteios em via pública, homicídios e tráfico de drogas.

As declarações de Diogo respaldaram a expedição de mandados de prisão e busca e apreensão para mais de 30 pessoas, incluindo líderes de facções e indivíduos envolvidos em tráfico de drogas e armas. Contra algumas pessoas, entretanto, não se comprovou ligação com os fatos narrados.

Conforme o advogado criminalista, Juliano Azevedo, que atua em defesa de outros investigados no âmbito da “Operação Impacto”, os documentos revelam que Diogo, temendo por sua vida e a de seus familiares, delatou traficantes e homicidas que atuam no Esperança.

A polícia intensificou a atuação no Esperança depois que a troca de tiros entre grupos criminosos resultou em ferimentos em uma menina, que estava dentro de sua residência. O caso teve grande repercussão negativa e a sociedade pedia respostas das forças de segurança.
Isabelly Quintão /Arquivo DA
Para advogado, a morte do detento evidencia falha do Estado para com um colaborador importante em um processo complexo que investiga o crime organizado Para advogado, a morte do detento evidencia falha do Estado para com um colaborador importante em um processo complexo que investiga o crime organizado

Nesse contexto, as forças policiais contaram com a delação do detento sobre a estrutura da "guerra entre gangues rivais" pelo controle do tráfico, uso de armas automáticas, vinculação de facções criminosas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), esquemas do tráfico internacional de armas e drogas e identificação de múltiplos indivíduos, organizados em "grupos" criminosos.

“Dada a magnitude de suas delações, que implicaram diretamente dezenas de indivíduos e substanciaram uma operação de tal porte, a segurança de Diogo Balbino era uma preocupação evidente e prioritária. A sua morte, com diversas perfurações no corpo, dentro de uma cela de passagem com cerca de 250 presos, levanta sérios questionamentos sobre a falha do Estado em garantir a integridade física de um preso colaborador de tamanha importância. Era esperado que um detento com um perfil de risco tão elevado, que expôs uma vasta rede criminosa, estivesse acautelado em uma cela de ‘seguro’ ou em regime de separação, conforme os protocolos de proteção para presos com risco de vida”, afirma o criminalista.

Falha na segurança das pessoas sub tutela do Estado

Para o advogado Juliano Azevedo, a omissão em providenciar a proteção adequada, resultando em morte violenta de pessoa sob custódia estatal, evidencia uma grave culpa do Estado por negligência na proteção da vida.

Atualmente, o processo decorrente da "Operação Impacto" encontra-se em fase de instrução e julgamento, com diversas ações penais em andamento, inclusive, com desmembramentos para apuração de outros envolvidos.

“O testemunho de Diogo Balbino foi, em muitos aspectos, fundamental para a construção das teses acusatórias e para a elucidação dos fatos que levaram à prisão de múltiplos investigados. A sua morte, portanto, representa um impacto direto e potencialmente significativo para o andamento desses processos, dada a perda da principal fonte de informação e colaboração”, analisa o advogado.


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Comentários

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Augusto dos Dentes

10 de julho, 2025 | 16:53

“Rapaz, se o que este Advogado informa este preso colaborador, tinha que ter as prerrogativas de tal, todos sabem, que se depender de investigação processo não anda, parece até que não sei, deixa a coisa chegar a este ponto, para desestimular colaboração, não quero nem imaginar isso, é grave, bom e que o estado deverá pagar boa indenização para família, infelizmente no Brasil, só se descobre as coisas com delação e colaborador, desse jeito quem vai arriscar a colaborar.”

Roberto

10 de julho, 2025 | 15:47

“Para aqueles que tão culpando o estado e vitimizando o bandido , mas pq vc não falou isso com ele TB qdo ele cometeu os vários crimes desde qdo era menor ? Será que fizeram essa mesma defesa das várias vítimas dele TB ? Q acha que ele era um anjinho, na pdmc tá cheio busca uns 5 e coloca dentro da sua casa , aí vamos ver se vc vai manter sua opinião. Só tenho dó da mãe. Pois q entra nessa vida sabe o caminho q levar.”

Ipatinguense

10 de julho, 2025 | 14:19

“Na primeira reportagem desse caso, um sr. "Eu Não me Identifico" fez o melhor texto que eu já li nesse site e queria muito agradece-lo, quando eu já perdia a esperança em dias melhores, lá no fim do túnel apareceu o comentário mais ponderado que poderia , especialmente nessa época em que bíblia só serve para marketing buscando networking, não conseguem abrir para ler, muito menos tem interesse em viver como ensinou nosso protagonista bíblico. Ao contrário, vivem exatamente como àqueles que Jesus expulsou do templo, mercenários da fé e fazem a cada dia mais novas vítimas com seus discursos hipócritas e lesivos à sociedade ipatinguense, q igual qualquer outra coletividade, tem seus defeitos e pontos fracos, mas aqui ngn busca aprender e melhorar, prevenir novas tragédias como foi a vida e morte desse sujeito. Saiba, Eu n me identifico, eis aqui um grande fã, que torce sempre pra encontrar comentários seus nas reportagens, e te deseja toda felicidade do mundo, por onde for saiba que és um grande exemplo para os q tem fé em dias melhores.”

Silva

10 de julho, 2025 | 13:55

“quem esta preocupado com a morte dele podia pegar e levar pra casa dele ok”

Anarquia

10 de julho, 2025 | 13:45

“Isso só prova pra não confiar no estado”

Vitor

10 de julho, 2025 | 13:33

“Essa historinha de falha de estado e uma palhaçada,um bandido desse na rua mata,aí e normal rouba ,e normal,estupra e normal,agora morre e culpa do estado,culpa da sociedade,era só não escolher essa vida..”

A Verdade

10 de julho, 2025 | 12:27

“"José" vc é contra a pena de morte , até que um cometa estupro, assassine alguem da sua família... Aí vc vai perceber que pena de morte é pouco para quem comete isso... A não ser que vc seja da pessoa que ache que se aconteceu (estupro, latrocínio..) foi por
vontade de Deus”

Jose

10 de julho, 2025 | 12:08

“Usaram o rapaz e o jogaram para as hienas. Este é o estado demagogo e hipócrita em que vivemos. Independente do crime do indivíduo, sou contra a pena de morte.”

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