12 de julho, de 2025 | 08:45
Férias escolares podem representar desafio para famílias atípicas
Paulo Pinto/Agência Brasil
Criar momentos de socialização, mesmo que com um grupo pequeno, ajuda a manter a criança entretida
Por Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço 
A rotina é parte importante na vida de uma criança atípica. E com a chegada do período de férias escolares, que tem início na segunda quinzena de julho, essa alteração pode ser um desafio para crianças e suas famílias. A educadora física, pedagoga e neuropsicopedagoga, Daniella Oliveira Cotta Brito, que atua em Ipatinga, conversou com o Diário do Aço e deu dicas de como passar por esses dais.
Daniella pontua que muitos pais de crianças atípicas enfrentam dificuldades nessa mudança de rotina, já que as crianças com transtorno do neurodesenvolvimento geralmente sentem mais segurança e ficam reguladas quando existe uma previsibilidade. E a interrupção dessa rotina escolar pode gerar na criança uma desorganização, tanto emocional, quanto comportamental, trazendo irritabilidade, agitação e até regressão no seu desenvolvimento.
Outra coisa que a gente pode observar é que a criança passa a ter uma dificuldade maior na socialização, porque o ambiente escolar favorece muito o contato com outras crianças e com adultos também. Outro fator é a sobrecarga emocional dos cuidadores dessa criança. Principalmente quando a família trabalha fora, quando não tem uma rede de apoio com quem possam contar nesse período”, observa.
A neuropsicopedagoga aponta que a pausa é muito importante, pois a criança precisa ter um momento de descanso. Ela tem um currículo a ser seguido, tem uma rotina muito rígida com horários predeterminados. Então, o aluno tem essa oportunidade de se reorganizar emocionalmente nesse período de recesso. É quando a família pode ter um tempo de qualidade, estimular criatividade, autonomia, reforçar a saúde física da criança também. Principalmente nessa época do ano, que tem muitos quadros virais em razão desse período mais frio.”, opina.
Estratégias
Para amenizar toda essa mudança que as crianças vivenciam durante as férias, uma boa estratégia, segundo a neuropsicopedagoga, é criar rotinas alternativas em casa. Elas precisam ser mais flexíveis, com momentos em que a criança se divirta. E que tenha brincadeiras estruturadas. É bom antecipar os acontecimentos, o que ela vai vivenciar ali ao longo do dia, e para isso o apoio de uma rotina visual é muito interessante, uma agenda ou um calendário para ela entender o que está acontecendo. Manter horários que ela já pratica na rotina escolar, com previsibilidade de quando acordar e dormir; oferecer atividades que sejam significativas para a criança e também dar a ela um tempo livre, de ócio”, elenca.
Daniella salienta que atividades sensoriais são boas opções, a exemplo do brincar com massinha, com uma pintura, isso, inclusive, ajuda a criança a se regular. Criar momentos de socialização também, ainda que seja com um grupo bem restrito, bem pequeno, diferente do que é na escola, contribui muito para a criança. O importante é a gente lembrar que é um período para descansar da rotina escolar. Mas a rotina para ela se organizar também é fundamental, ainda que seja diferente da escola”, reforça.
O retorno
Se começar as férias pode ser difícil, o retorno às aulas também é encarado por muitos como um desafio. Mas se a família estiver atenta a algumas preparações que ela pode fazer junto à criança, ajuda muito. Algumas sugestões são ajustar os horários de sono da criança, pra que ela acorde o mais próximo do horário escolar possível; criar uma rotina com sequências semelhantes às do período letivo. Uma coisa que eu acho muito bacana e que eu faço com meu filho é criar boas expectativas. Sempre criar ideias de que essa volta às aulas é positiva. Ele vai encontrar os colegas, a professora e tudo isso vai ser muito bom”, orienta.
Tudo isso, acrescenta Daniella, traz o envolvimento da criança para essa rotina que vai se retomada. De qualquer maneira, é importante acolher qualquer sentimento que a criança demonstre, pode ser insegurança, agitação, ansiedade por causa do retorno. A família precisa acolher, ajudar a criança a denominar isso e validar esse sentimento”, conclui.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Gildázio Garcia Vitor
12 de julho, 2025 | 09:07Excelente matéria! Parabéns ao Portal Diário do Aço e à Repórter Bruna Lage pela publicação!
Só tem um probleminha, as sugestões/conselhos da Senhora Daniella dificilmente podem ser colocadas em prática pelas famílias da E. M. Deolinda Tavares Lamego, que enfrentam muitas dificuldades de todos os tipos, inclusive afetivas. Agora, para a da Escola do Bairro Cariru, onde também estou Professor, todas são válidas.”