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12 de julho, de 2025 | 09:50

Mais de 50% das unidades selecionadas em Ipatinga rejeitam Programa das Escolas Cívico-Militares

Matheus Valadares – Repórter do Diário do Aço
Matheus Valadares / Arquivo DA
A escola Engenheiro Márcio Aguiar da Cunha, no Horto, terá votação na próxima semanaA escola Engenheiro Márcio Aguiar da Cunha, no Horto, terá votação na próxima semana

Durante esta semana, o programa de militarização das escolas estaduais de Minas Gerais foi amplamente debatido por estudantes, servidores e comunidade escolar, conforme noticiado pelo Diário do Aço. Diversas instituições já votaram em assembleia sobre o tema, e a maioria em Ipatinga optou por não aprovar o modelo.

A reportagem do DA apurou junto ao Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) - Subsede Ipatinga, das 12 escolas selecionadas pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) para aderirem ao programa, sete rejeitaram (58,33%).

As que votaram contra: João XXIII, Dom Helvécio, Almirante Toyoda, Nilza Luzia de Souza Butta, Selim José de Salles, Elza de Oliveira Lage e Canuta Rosa de Oliveira Barbosa.

Ainda votam na próxima semana as demais escolas: Engenheiro Márcio Aguiar da Cunha, Doutor Ovídio de Andrade, Geraldo Gomes Ribeiro e Laura Xavier Santana e João Walmick.

Em Santana do Paraíso, a escola Herbert José de Souza Betinho também se posicionou contra a programa, por meio de votação. Já a assembleia na Albertino Ferreira Drumond será na próxima semana.
Já a escola Ana Letro Staacks, no Quitandinha, em Timóteo, deu parecer favorável à proposta.

Em Coronel Fabriciano, o Diário do Aço apurou que a escola Geraldo Perlingeiro Abreu terá a votação na próxima segunda-feira (14).

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O que diz o governo Zema

“O que estamos propondo é uma escuta democrática, em que a escola, seus profissionais, estudantes e famílias têm papel central na decisão. O objetivo é fortalecer a educação pública com um modelo que já tem mostrado bons resultados em Minas Gerais, sempre com foco no diálogo, na cooperação e na valorização do papel social da escola”, destaca o secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga.

O secretário explica que o modelo não altera a proposta pedagógica da escola. A atuação dos profissionais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar é voltada à mediação de conflitos, apoio à gestão, desenvolvimento de atividades preventivas e promoção de valores como respeito, disciplina e responsabilidade.

Politização militarizada é denunciada na ALMG

O fato do governo de Romeu Zema (Novo) querer ampliar o Programa das Escolas Cívico-Militares de 9 para mais de 700 escolas estaduais, o que incluiria quase 20% do total da rede de ensino, foi alvo de debate em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na quinta-feira (10).

A reunião foi aberta pela presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG, deputada Beatriz Cerqueira (PT), que criticou principalmente o prazo de 15 dias definido pela SEE para que a comunidade escolar decida por votação não secreta se deseja ou não a inclusão da escola no programa.

A parlamentar ressaltou que não existe lei estadual que regulamente a criação de um programa estadual de escolas cívico-militares, e que projeto nesse sentido já foi rejeitado na ALMG. “Nós alertamos para essa tentativa permanente de usurpação de competências. Não cabe ao Estado e aos municípios criar diretrizes de educação”.

Outros deputados estaduais também se manifestaram contra a medida. Lohanna (PV) questionou a conveniência de o governo propor uma consulta tão complexa em fim de semestre letivo. Ela considerou a proposta “eleitoreira”, motivada pelo governador estar “desesperado por alcançar relevância nacional”. Avaliou ainda que o critério de escolha das escolas não foi a vulnerabilidade, mas os bons resultados das escolas.

O deputado Betão (PT) afirmou que a defesa do modelo de escola cívico-militar tem apenas motivos ideológicos, e que o maior problema nas escolas não é a disciplina, mas a falta de perspectiva dos alunos.
A deputada Ana Paula Siqueira (Rede) afirmou que o próprio governo diz que o Estado enfrenta uma crise financeira. “Como ele propõe um modelo que vai custar três vezes mais que a escola convencional?”, criticou.

O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) também se posicionou contra a implantação do modelo e afirmou que há duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema, e que a tendência é que a escola cívico-militar seja considerada inconstitucional, porque não se pode criar dois modelos de escola na rede pública.

Direita defende modelo militarizado

O deputado Caporezzo (PL) afirmou que o modelo alcança grande aprovação popular e bons resultados educacionais. O mesmo afirmou o deputado Coronel Henrique (PL), que disse ter visitado diversas escolas cívico-militares, algumas delas com fila de espera para matrícula.

O argumento foi reforçado pelo deputado Bruno Engler (PL): “O modelo cívico-militar funciona, porque cria um ambiente de hierarquia e disciplina propício ao aprendizado. Lamentavelmente, a gente enfrenta uma oposição ideológica a esse projeto”.

O deputado fabricianense Lincoln Drumond (PL) disse que a manifestação do público na reunião, que interrompeu sua fala, reforçou seu apoio à militarização das escolas. “Por isso que eu defendo a escola cívico-militar: porque vocês precisam saber a hora de falar e a hora de escutar”, declarou.


Modelo rejeitado pelos representantes dos trabalhadores em educação

O Sind-UTE elencou uma série de motivos para se contrapor às escolas cívico-militares, entre eles, está a justificativa que a escola deve formar jovens críticos, autônomos e conscientes. “Esses valores são apreendidos onde há diálogo, respeito às diferenças e incentivo à criatividade, não sob regulamentos de corte de cabelo, uniformes rígidos e punições inspiradas em quartéis”.

O sindicato afirma ainda que o programa é uma “cortina de fumaça sobre os efeitos da política de desvalorização da Educação no estado e que coloca em xeque sua qualidade”. Para a entidade, a verdadeira melhoria da educação passa por fortalecer equipes pedagógicas, garantindo tempo e condições materiais para orientação de estudantes, familiares e colegas; promover concursos regulares para todas as carreiras da educação e conceder valorização salarial e formação continuada.

O Sind-UTE contesta ainda o argumento de que o programa traz mais segurança às escolas públicas. “Não melhora a segurança, apenas criminaliza a juventude. A presença de ex-policiais dentro da escola reforça a lógica punitivista. Na verdade, a militarização amplifica preconceitos e violações de direitos, já documentadas em casos de agressão, ameaças, censura e assédio em unidades cívico-militares”, finaliza o sindicato.
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Comentários

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Guilherme

12 de julho, 2025 | 11:36

“Olha, não sei se é bom ou ruim. Mas uma coisa é fato, as escolas tradicionais que migraram para o modelo cívico militar mudaram da água para o vinho. Então não tem como argumentar contra resultados positivos. Se o preço a se pagar por isso forem os alunos usarem uniformes, lacinhos e fazerem continência está mais barato do que o que temos visto nas escolas com os alunos ?livres? dançando funk até o chão, usando drogas nos banheiros das escolas ou intimidando professores e danificando os carros deles no estacionamento. Questão de lógica isso.”

Gildázio Garcia Vitor

12 de julho, 2025 | 11:12

“Sr. Jota, parabéns pelo comentário!
É isso e algo mais. É a verdadeira "Escola com Partido", a que não aceita questionamentos de subalternos. Por isso, falam tanto em hierarquia, como sinônimo de disciplina.”

Stop

12 de julho, 2025 | 10:39

“Um município que mais de 70% votou no Bolsonaro
Não querer adotar um modelo cívico militar
Algo de errado não estar certo”

Alessandro de Sá

12 de julho, 2025 | 10:22

“Considero a PMMG a melhor do nosso país. Considero que segurança pública é fundamental para a sociedade e a PMMG tem responsabilidades gigantescas para o bem estar da população dos mineiros. Mas, saliento, que o ambiente de ensino e aprendizagem é da competência dos educadores e demais profissionais da educação. Que o governo do Estado tenha a eficiência de estruturar a rede de ensino com mais qualidade e infraestrutura e por compromisso e respeito aos profissionais da educação faça valer melhores remunerações e direitos mantidos e ampliados com eficientes políticas públicas ao setor da educação.”

Gildázio Garcia Vitor

12 de julho, 2025 | 10:19

“Parabéns às Comunidades Escolares que rejeitariam a implantação dessas bizarrices denominadas "Escolas Cívico-Militares", a verdadeira "Escola com partido", daqueles "PATRIOTAS" que, mesmo sem saber o que foi a Doutrina Monroe (1823), defendem "O Brasil para os Amercanos" do Norte.
Só para ilustrar, uns versinhos do Poeta popular:

"Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nas ESCOLAS lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria e viver sem razão".”

Jota

12 de julho, 2025 | 10:13

“Sábios!
Uma proposta que veio com 18 dias para análise é no mínimo suspeita!
Para uma aprovação consciente, é preciso um estudo detalhado. É preciso uma análise de futuro.
Não sou contra só por ser. Sou contra por não ter todas as informações.
Estão vendendo uma ideia que nem eles sabem explicar. Isso não é justo. Por isso, HOJE, sou contrário. Expliquem melhor. Detalhem o projeto. Quem sabe pode ser bom.
Em Timóteo, tem vereador postando vídeo de aluno prestando continência. É isso? Todos uniformizados, usando lacinhos, saias rodadas xadrezinhas, boinas... É isso?”

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