13 de julho, de 2025 | 05:00

Presidente da Afibrovaço avalia projeto que considera PcDs as pessoas com fibromialgia

Bruna Lage - Repórter do Diário do Aço

Divulgação
Integrantes da Afibrovaço têm promovido debate por garantia de direitos em todas as esferas Integrantes da Afibrovaço têm promovido debate por garantia de direitos em todas as esferas


A pessoa com fibromialgia pode passar a ser considerada Pessoa com Deficiência (PcD). O Projeto 3.010/2019, que versa sobre o tema, foi aprovado no último dia 2 no Senado e segue para sanção presidencial. Para a equiparação, é necessária avaliação caso a caso, feita por equipe multidisciplinar — médicos, psicólogos, entre outros — que ateste a limitação da pessoa no desempenho de atividades e na participação na sociedade.

As pessoas com fibromialgia equiparadas a PcD poderão usufruir das políticas públicas específicas, como cotas em concursos públicos e isenção de IPI na compra de veículos. Maria de Lana, presidente da Associação dos Portadores da Fibromialgia e Reumatismos Diversos Do Vale Do Aço (Afibrovaço) está otimista com esse novo passo.

O projeto ainda estipula outras diretrizes para o Sistema Único de Saúde (SUS) atender e tratar essas doenças. Entre elas, estão a inserção no mercado de trabalho e a disseminação de informações. De acordo com o Ministério da Saúde, a fibromialgia é uma síndrome, de origem desconhecida, caracterizada por dor musculoesquelética que afeta várias áreas do corpo.

Segundo Maria de Lana, o projeto representa o reconhecimento de que a dor dessas pessoas é real, apesar de muitos não compreenderem. “A maioria acha que somos manhosos, que é invenção da nossa cabeça. Mas não, nossa dor é real. E com a sanção do projeto, esperamos ter mais respeito. Seria muito bom eu usar o meu colar combinando com a minha roupa, mas eu troco ele pelo cordão de girassol, para que sejamos reconhecidos. Nossa dor não é visível. Usamos batom, penteamos o cabelo, a unha arrumadinha, mas quem sabe o que nós estamos sentindo na pele e por dentro somos nós. E se a gente não lutar, nós não vamos ser reconhecidos. Então estamos comemorando, esperando o presidente Lula bater o martelo e declarar que nós somos PcD”, vislumbra.

Desafios
A presidente da Afibrovaço elenca alguns algumas das dificuldades vivenciadas no dia a dia. Seja no trabalho, na faculdade, ou levando os filhos ou netos para a escola. “Nós acordamos bem e vamos dormir com muita dor. Nós dormimos bem e acordamos com muita dor, é variável, não dá para explicar direito como que isso acontece. Mas a gente luta todos os dias, precisamos viver. A fibromialgia nos castiga, não mexe só com o nosso físico, ela mexe com o nosso emocional. E lutamos para que o nosso emocional esteja bem, para que possamos vencer o dia. Mas quando somos ignorados, não recebemos apoio, a dor aumenta muito mais”, lamenta.

Maria menciona ainda a dificuldade em usufruir de alguns direitos, como o passe livre no transporte público, dentre outros percalços.

Avanços
Em Coronel Fabriciano, onde a associação está sediada, Maria de Lana relata que apesar da luta, alguns avanços podem ser comemorados. “Em determinados setores nós somos reconhecidos. Hoje contamos com uma parceria com o Mexa-se (programa do município que oferece atividades gratuitas variadas). O diretor, senhor Jaime, oferta pra gente, na Afibrovaço, um professor, para auxiliar com exercícios físicos. Porque existe o projeto Mexa-se nos polos, mas não suportamos barulho, e lá eles têm música. Dependendo do dia, a gente não consegue nem mexer direito, quem dirá fazer um exercício pesado. Achei tão bonito da parte dele ter estudado para ofertar esse benefício e disponibilizado uma psicóloga, nutricionista e hidroginástica num clube parceiro. Então, algumas pessoas estão nos apoiando, estão nos acolhendo”, revela.

Além do Mexa-se, Maria enfatiza o atendimento prestado no Hospital Dr. José Maria Morais, por meio do diretor, Mak Lenon. “Ele nos acolhe sempre que precisamos de apoio, conversa com a gente, talvez não seja aquilo que precisamos no momento, mas é o que ele tem condições de fazer. Aos poucos as coisas estão acontecendo. Lá e na UPA temos a plaquinha com o lacinho com cordão de girassol. Está faltando nos postos médicos, está faltando nos comércios. Mas a gente vai chegar lá, se Deus quiser”, almeja.

Por fim, Maria de Lana reforça que os integrantes da Afibrovaço e de outras associações apostam nesse projeto e na mudança do cenário das pessoas com fibromialgia. “Precisamos de acolhimento e do entendimento. Não é possível que alguém olhe pra nós e pense que estamos com frescura, isso dói muito mais do que a dor que a gente sente todos os dias”, conclui.

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Comentários

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Opa

13 de julho, 2025 | 12:52

“Ainda bem que tem associações
Tomando a dor de todos fibromialgiacos
O nosso dia - dia não é fácil, Agente tem que se vira sozinho se quiser sobreviver.Eu costumo classificar como a dor da alma. Sem contar o emocional o quanto nos prejudica..”

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