19 de julho, de 2025 | 08:30

Artista pinta mural no centro de Timóteo para alertar sobre a extinção do tatu-canastra

Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
O Projeto Tatu-Canastra, uma iniciativa do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas), tem despertado a atenção da população com um mural situado na Alameda 31 de outubro, no Centro de Timóteo. O mural retrata o maior tatu do mundo, uma espécie ameaçada de extinção, cuja última população viável na Mata Atlântica pode estar no Parque Estadual do Rio Doce.

O projeto tem parceiros nacionais e internacionais. Em Minas Gerais, conta com recurso da plataforma Sementes, viabilizada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O auxílio é oriundo dos termos de ajuste de conduta destinado para o meio ambiente ou socioambiental, revestidos em projetos de pesquisa. A administração municipal de Timóteo cedeu o espaço para a pintura e materiais necessários.

O biólogo e coordenador do projeto, Lucas Barreto, detalhou que o instituto iniciou os estudos da espécie no Mato Grosso do Sul, onde está situada a sede. Originalmente no Pantanal e Cerrado, e, vendo que o tatu-canastra está criticamente em perigo, observaram a necessidade de estudá-lo em outros locais.

“Fizemos um trabalho em outra reserva no Espírito Santo e achamos poucos indivíduos. Viemos para o Vale do Aço em 2020, para saber também quantos vivem no parque, a densidade populacional e ameaças, fazendo também um trabalho de educação ambiental”.

Lucas destacou que foi decidido fazer o mural dentro da cidade timoteense para que as pessoas tenham curiosidade de saber mais sobre a espécie. “Esse tatu é um símbolo de conservação na região. Tentamos levar informações para pessoas que moram aqui, mostrando como elas podem ajudar a salvá-la, conservando o habitat”.

Fusão entre arte e fauna
O artista Fernando Berg, que reside em São Paulo, e suas pinturas são dedicadas à flora e fauna brasileira, veio até a região para se dedicar ao mural. Segundo o artista, na arte, o tatu-canastra representa o engenheiro do ecossistema, e está ao lado de outros animais como o jacu-estalo, o muriqui-do-norte e o urubu-rei. O intuito é representá-los como seres divinos, cheio de luzes.

“Retratando alguns detalhes específicos do corpo, como a unha e a testa, que nas escamas têm um formato de flor. As pernas do jacu-estalo se transformam numa folha de murici, que é uma flor que irei colocar no mural, e nela, terá uma abelha reecontrada depois de mais de 40 anos”, explicou.

Fernando detalhou que, além da estética, a arte entra como educação ambiental, informando sobre animais que muitas pessoas não conhecem. “Tem gente que vem aqui desde o início para ver a evolução do trabalho. As pessoas até agradecem que estamos fazendo o mural e que é algo relacionado à natureza”, concluiu.