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24 de julho, de 2025 | 14:00

Estudo encontra diferenças no consumo de álcool associado à depressão entre homens e mulheres

Informações da UFMG

Tiago Araújo
A pesquisa foi realizada com uma subamostra de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), composta por mais de 88 mil pessoas com 18 anos ou maisA pesquisa foi realizada com uma subamostra de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), composta por mais de 88 mil pessoas com 18 anos ou mais


Estudo recém-publicado no American Journal of Health Promotion por pesquisadores da Escola de Enfermagem da UFMG, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, da Universidade Federal de Pelotas e do Ministério da Saúde, encontrou diferenças nos comportamentos de consumo de álcool associados à depressão entre homens e mulheres. Os resultados apontaram uma associação significativa entre o consumo excessivo de álcool em uma única ocasião (5 doses ou mais para homens e 4 doses ou mais para mulheres), relatado por cerca de 40% da população, e a depressão, especialmente entre as mulheres. Também foi observada uma associação entre situações em que o uso de álcool trouxe algum tipo de comprometimento - como problemas em casa ou deixar de ir ao trabalho ou escola -, relatados por cerca de 5% da população, e a depressão, vista com maior frequência entre os homens. Além disso, quase 10% das pessoas relataram já ter perdido a consciência devido ao consumo de álcool em excesso. Esses episódios estão relacionados à presença de depressão tanto em homens quanto em mulheres.

A pesquisa foi realizada com uma subamostra de dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), composta por mais de 88 mil pessoas com 18 anos ou mais que forneceram informações sobre depressão e consumo de álcool. A maioria era do sexo feminino (53,2%), com idade entre 25 e 54 anos (56,1%), até 8 anos de estudo (49,2%), com renda per capita inferior a 1 salário mínimo (47,5%), a maior parcela da população residia na região mais desenvolvida do país (Sudeste, 43,4%) e com presença de companheiro(a)/cônjuge (61,4%).

Thaís Cristina Marquezine Caldeira, pós-doutoranda no Programa de Pós-graduação em Nutrição e Saúde da Escola de Enfermagem da UFMG, primeira autora do estudo, explica a depressão é um transtorno de saúde mental comum e debilitante que pode ser duradouro ou recorrente, prejudicando substancialmente a capacidade do indivíduo de desempenhar as atividades da vida diária. O álcool é frequentemente usado como um mecanismo de enfrentamento da depressão e outros transtornos de saúde mental, mas é uma substância psicoativa com efeitos negativos bem documentados na saúde, na sociedade e na economia. “Considerando a relação bidirecional entre o consumo de álcool e os transtornos depressivos, e sua relevante carga no Brasil, é crucial compreender a associação entre depressão e comportamentos de consumo de álcool e elucidar as diferenças entre os sexos nessa associação nessa população. Ao abordar essa interseção, o estudo busca fornecer uma compreensão valiosa para o desenvolvimento de estratégias direcionadas de prevenção e intervenção”.

A pesquisadora explicou que a presença de depressão foi avaliada por meio do Patient Health Questionnaire-9 (PHQ9), um questionário com nove perguntas que rastreiam a presença de sintomas depressivos nas últimas duas semanas. “O questionário identifica a depressão maior ou Transtorno depressivo maior com base nos sintomas: humor deprimido, anedonia, distúrbios do sono, fadiga, alterações no apetite ou no peso, sentimento de culpa ou inutilidade, dificuldades de concentração, alterações psicomotoras e pensamentos de automutilação”.

Os indicadores de consumo de álcool compreenderam o consumo excessivo de álcool em uma única ocasião, situações em que o uso de álcool trouxe algum tipo de comprometimento e desmaios, calculados com base na população que relatou seu consumo, independentemente da frequência e da quantidade.

Na análise também foram incluídas características sociodemográficas como sexo, faixa etária, escolaridade, renda e presença de companheiro, companheira ou cônjuge.

Na análise da interação entre sexo e depressão em relação aos comportamentos de consumo de álcool, o estudo demonstrou resultados significativos apenas para situações em que o uso de álcool trouxe algum tipo de comprometimento, com os homens apresentando maior risco do que as mulheres. Thaís Marquezine, entende que há, na sociedade, questões que podem explicar o risco aumentado para os homens. “Reconhece-se que os homens apresentam menor tendência a buscar tratamento psicológico e psiquiátrico, pois podem ter dificuldade em reconhecer e comunicar sintomas de depressão. Além disso, as normas masculinas/padrões de masculinidade podem inibir a busca por ajuda e reforçar estilos de enfrentamento desadaptativos, como o consumo de álcool”.

A pesquisadora ressaltou a necessidade de se investigar as diferenças relacionadas ao consumo de álcool entre homens e mulheres e suas consequências para a saúde. “Historicamente, as campanhas preventivas têm como alvo principal a população masculina, visto que o consumo de álcool era mais prevalente entre eles. No entanto, com o aumento do consumo de álcool entre as mulheres, é essencial adotar estratégias que abordem os impactos específicos do álcool em sua saúde. Esses resultados enfatizam a necessidade de abordagens específicas de gênero para lidar com questões de saúde mental e consumo de álcool, concluiu Thaís.

O estudo foi coordenado pela professora Taciana Maia, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e egressa da EEUFMG, e contou com a participação do professor Rafael Moreira Claro, do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da UFMG e das nutricionistas egressas da EEUFMG: Thaís Cristina Marquezine Caldeira e Luiza Eunice Sá da Silva.
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