
26 de julho, de 2025 | 09:00
Coronel Fabriciano implanta primeiro plano de segurança alimentar
O documento tem como foco ações integradas e combate à fome nos bairros mais vulneráveis
Divulgação
O plano visa valorizar, entre outras ações, a produção da agricultura familiar, especialmente na Serra dos Cocais
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
O município de Coronel Fabriciano passa a contar, oficialmente, com seu primeiro Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Plamsan), válido para o quadriênio 2025-2028. O documento consolida diretrizes, metas e ações que pretendem enfrentar, de forma organizada e estruturada, os impactos da insegurança alimentar sobre a população local.
A iniciativa, publicada no Diário Oficial nesta quinta-feira (24), representa um marco na institucionalização de políticas públicas voltadas ao combate à fome e à promoção do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). O plano, conforme o governo fabricianense, foi elaborado de forma participativa e intersetorial, coordenado pela Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), sob liderança da Secretaria de Governança de Assistência Social, com apoio do Conselho Municipal (Comsea) e de representantes da sociedade civil.
Famílias com insegurança alimentar
Dados extraídos da plataforma Gesuas apontam que, no primeiro semestre de 2025, havia 290 famílias em situação de insegurança alimentar em Fabriciano. O bairro Morada do Vale lidera o ranking, com 36 famílias impactadas, seguido do Centro (33), Santa Cruz (27), Caladinho (22) e Potyra/Caladão (17). A vulnerabilidade se espalha por todas as regiões do município, desde áreas centrais até zonas rurais e bairros periféricos.
O estudo também traz um olhar estratégico sobre os territórios do município. A análise georreferenciada revela que o Território II concentra os maiores índices de insegurança alimentar, com destaque para Morada do Vale e Caladinho. Já o Território I, apesar de ser mais urbanizado, apresenta desigualdades internas, com o Centro registrando o segundo maior número de famílias em situação crítica. O Território III reúne bairros com vulnerabilidade moderada, como São Domingos e Potyra, enquanto o Território IV apresenta menor concentração, mas ainda exige atenção em áreas como Santa Cruz e Córrego Alto.
No total, o município conta com mais de 38 mil pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico), pertencentes a 16.408 famílias. Das famílias atendidas nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), 6.134 foram acompanhadas no primeiro semestre deste ano, das quais 290 apresentaram vulnerabilidade alimentar.
Plano de ação
Para enfrentar esse cenário, o Plamsan estrutura ações a partir de oito diretrizes estabelecidas pela Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, como o acesso universal à alimentação saudável, promoção de sistemas de produção e distribuição sustentáveis, educação alimentar, fortalecimento da agricultura familiar, acesso à água de qualidade e monitoramento contínuo das condições alimentares da população.
Entre as estratégias previstas, duas ações já em funcionamento ganharão reforço: a Cozinha Comunitária e o Banco de Alimentos. A cozinha, implantada em 2011, fornece refeições balanceadas a pessoas em vulnerabilidade financeira inscritas no CadÚnico, com o preparo feito por equipe técnica especializada. Já o Banco de Alimentos, criado em 2018, arrecada e distribui gêneros alimentícios hortifrutigranjeiros às unidades da rede socioassistencial, atendendo famílias de acordo com suas necessidades.
Além de manter e fortalecer essas ações, o plano inclui iniciativas como o Banco de Alimentos Itinerante”, com metas de ampliar a cobertura a bairros mais afastados, e a criação de hortas comunitárias”, voltadas tanto para o consumo familiar quanto para a geração de renda. Por exemplo, um dos projetos previstos no plano de ação, analisado pela reportagem Diário do Aço, detalha a implantação de hortas urbanas em áreas ociosas nos bairros com maior incidência de insegurança alimentar, com meta de beneficiar ao menos 100 famílias até 2028, promovendo capacitação em cultivo, distribuição e aproveitamento dos alimentos.
Cada ação conta com metas definidas, indicadores de monitoramento e órgãos responsáveis por sua execução. O acompanhamento será feito pela Caisan e pelo Comsea, com reuniões periódicas, revisões semestrais e relatórios técnicos anuais. As metas serão incorporadas ao Plano Plurianual (PPA), à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e à Lei Orçamentária Anual (LOA), com apoio da Secretaria de Governança Financeira e Orçamentária.
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