DIÁRIO DO AÇO SERVIÇOS 728X90

27 de julho, de 2025 | 08:00

O interesse dos EUA nos minerais brasileiros e o risco que paira sobre a soberania nacional

Miguel dos Santos *

Divulgação
Materiais despertam interesse das big techs, aliadas de Trump, que têm uma demanda infinita por energiaMateriais despertam interesse das big techs, aliadas de Trump, que têm uma demanda infinita por energia
O Brasil foi informado que os Estados Unidos querem ter acesso a minerais estratégicos para setores tecnológicos. E são riquezas, essas riquezas, como o lítio e o nióbio, abundantes no subsolo brasileiro. Esses materiais despertam grande interesse das big techs, que têm uma demanda infinita por energia.

Essa novidade produziu uma trinca na retórica oficial. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que é também ministro da Indústria e negociador brasileiro, foi questionado na semana que passou, por repórteres, sobre esse súbito interesse dos Estados Unidos nos minerais brasileiros. E ele não descartou a hipótese de incluir esses minerais na pauta. Disse que existe uma agenda muito longa, que pode ser explorada, e pode avançar em inúmeras áreas que podem entrar na negociação.

Enquanto isso, o presidente Lula, discursando para sua plateia companheira no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, foi categórico: “Ninguém põe a mão”. As relações com os Estados Unidos entraram num túnel escuro desde que Trump sequestrou as exportações brasileiras e exigiu, como resgate, a impunidade de Bolsonaro. Até ontem, só havia pus no fim desse túnel. O interesse dos americanos pelos minerais surge como um filete de luz.

Pela Constituição, as riquezas do subsolo pertencem à União. O governo tem dois caminhos. Num, Lula permanece enrolado na bandeira nacional e segue fazendo política, campanha. No outro, esquece momentaneamente que é candidato à reeleição, lembra-se que é presidente da República e toca a bola para seus negócios. Difícil saber, hoje, se será possível converter a chantagem bolsonarista de Trump em negociação econômica. Mas uma coisa parece indiscutível: a solução para esse impasse, se existir, será encontrada numa mesa — não num palanque.

“O interesse pelas terras raras - por parte de grandes mineradoras internacionais e do governo dos Estados Unidos - está diretamente conectado à política de desmonte do licenciamento ambiental”


O fato é que, dias antes do presidente dos Estados Unidos aplicar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, apareceu no Brasil a maior autoridade do governo Trump, que até agora não indicou nenhum embaixador. Um “encarregado de negócios” procurou a entidade que representa as mineradoras e colocou na mesa uma proposta que soa como condição para aliviar o tarifaço: O acesso do governo estadunidense às terras raras do Brasil - minerais fundamentais para o setor de tecnologia, e cuja reserva brasileira é a segunda maior do mundo, atrás apenas da China.

O que se pretende dizer aqui? Não é por acaso, penso eu, que essa proposta - que não foi a primeira sinalização do governo americano nesse sentido - vem junto de outras iniciativas que foram aprovadas no Congresso: o desmonte do licenciamento ambiental, que favorece a exploração mineral como nunca antes se viu; e o desmonte da legislação protetiva dos direitos indígenas prevista na Constituição, por meio da aprovação do Marco Temporal.

As jazidas minerais localizadas em terras indígenas já despertaram, há muito tempo, a cobiça das grandes mineradoras. No entanto, essas terras asseguram a proteção de florestas, águas e biodiversidade em tempos de crise climática e ambiental. As terras indígenas têm valor imenso para a proteção da vida - não apenas dos direitos indígenas, também garantidos constitucionalmente.

Resumo da ópera: O interesse pelas terras raras - por parte de grandes mineradoras internacionais e do governo dos Estados Unidos - está diretamente conectado à política de desmonte do licenciamento ambiental e à aprovação do infame Marco Temporal, que pulveriza os direitos indígenas. Fique ligado.
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Mak Solutions Mak 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Rodrigo

27 de julho, 2025 | 08:57

“Excelentes reflexões Miguel dos Santos, mas esqueceu de um pequeno detalhe:
no Brasil, pobre acha que é classe média, classe média acha que é rico e rico acha que é americano. Então, estamos lascados.”

Jns

27 de julho, 2025 | 08:36

“Insetos Perigosos

Ou o Brasil
Acaba com as saúvas
Ou as saúvas acabam com o Brasil

Campanha Nacional de 1935”

Jns

27 de julho, 2025 | 08:26

“O Bolsonarismo
É a barata morta
Que aplaude
O inseticida”

Ricardo

27 de julho, 2025 | 08:08

“Sem novidades! O Brasil nunca foi, nunca será dos brasileiros. Desde os primórdios do descobrimento, somos colônia e fornecedores de metais e minerais preciosos. Talvez daqui 200 anos, correrá em nossas veias, o sangue patriótico. Assim, lutaremos bravamente pelas nossas riquezas. (Se existirem ainda)”

Envie seu Comentário