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03 de agosto, de 2025 | 08:09

Transformação Digital no Vale do Aço: Como a Tecnologia Está Mudando o Cotidiano da Região


Quem passa pela avenida Carlos Chagas em Ipatinga nos últimos meses certamente notou algo diferente. Aquela tradicional loja de materiais de construção que funcionava há décadas no mesmo local agora tem um QR Code na vitrine. A farmácia da esquina instalou uma tela digital para exibir promoções. E até o seu João, que vende pastéis na praça do Iguaçu há mais de vinte anos, agora aceita Pix. A verdade é que a tecnologia invadiu o cotidiano do Vale do Aço de um jeito que ninguém esperava.

Mas não pense que foi fácil. Conversei com pelo menos uma dúzia de comerciantes da região nas últimas semanas, e a maioria confessa que "apanhou" bastante no começo. "Eu não sabia nem o que era pixel, imagine converter arquivo de imagem", ri Carla Mendes, dona de uma boutique no centro de Coronel Fabriciano. Hoje ela mesmo faz a conversão de webp para png quando precisa postar fotos dos produtos nas redes sociais. "Aprendi na marra, porque cada site pede um formato diferente", explica.

O Impacto nas Empresas Locais

As empresas do Vale do Aço estão se adaptando rapidamente às demandas do mercado digital. Desde pequenas padarias no centro de Ipatinga até escritórios de contabilidade em Coronel Fabriciano, todos perceberam que a presença online não é mais opcional. "Antes eu dependia apenas do movimento da rua, hoje 60% dos meus clientes chegam através das redes sociais", conta Maria Santos, proprietária de uma confeitaria no bairro Cariru.

A transformação não se limita apenas às vendas. A gestão interna das empresas também foi revolucionada. Sistemas de controle de estoque, aplicativos de delivery e plataformas de pagamento digital se tornaram ferramentas essenciais. Essa mudança reflete uma tendência nacional que chegou com força total à nossa região.

Aprendendo na Marra (ou Quase)

Outro dia estava passando em frente ao IFMG aqui de Ipatinga e vi uma fila enorme de gente mais velha esperando para se inscrever num curso de "alfabetização digital" - nome chique para ensinar o básico do computador mesmo. Dona Sebastiana, de 67 anos, estava lá com um caderninho anotando tudo. "Minha neta disse que se eu não aprender essas coisas de internet, vou ficar isolada do mundo", me contou ela, meio receosa mas determinada.

Professor Marcos, que dá aula no instituto há mais de dez anos, confirma que a procura explodiu. "Antes eram só os jovens que queriam nossos cursos técnicos. Agora recebo ligação de comerciante de 50 anos querendo aprender a mexer no Instagram, de contador que precisa entender de nota fiscal eletrônica", conta ele, rindo. E não é só gente mais velha não - até os jovens que se acham espertos no celular descobrem que mexer no TikTok é uma coisa, criar um site para o negócio da família é outra completamente diferente.

Desafios da Infraestrutura Regional

Apesar dos avanços, a região ainda enfrenta desafios importantes. A qualidade da internet em alguns bairros mais afastados ainda deixa a desejar, criando uma espécie de exclusão digital. Segundo dados da Cemig, que também atua no setor de telecomunicações por meio de parcerias, aproximadamente 15% dos domicílios da região metropolitana ainda não possuem acesso adequado à banda larga.

Essa disparidade cria oportunidades desiguais. Enquanto empresários do centro de Ipatinga conseguem implementar soluções digitais sofisticadas, comerciantes de distritos mais distantes ainda lutam com conexões instáveis. É um problema que demanda atenção das autoridades locais e investimento em infraestrutura.

E agora, o que vem por aí?

Semana passada, numa conversa de bar no Veneza (você conhece, né?), um engenheiro da Usiminas me contou que a empresa está testando parcerias com startups de tecnologia. "Coisa que há cinco anos atrás era impensável aqui na região", disse ele, pedindo para não revelar o nome. E não é só na siderúrgica não. Soube que tem gente planejando uma incubadora de empresas tecnológicas aqui mesmo em Ipatinga.

Ainda é projeto, mas pelo que ouvi, coisa séria.
Olha, eu cresci aqui no Vale do Aço vendo as empresas funcionarem sempre do mesmo jeito. Meu pai trabalhou trinta anos na Cenibra fazendo praticamente a mesma coisa. Hoje, quem entra lá sai falando de inteligência artificial, automação, aplicativo disso e daquilo. É outra realidade. E não é só nas grandes empresas não - até os guias turísticos que levam pessoal para conhecer o Pico do Amor estão criando apps para facilitar a vida dos visitantes.

Sinceramente? Quem não se mexer vai ficar para trás mesmo. Não estou sendo catastrofista, é a realidade que vejo na rua todos os dias. Aquele comerciante que se recusa a aceitar cartão, a lojista que acha que rede social "não é para a idade dela", o prestador de serviço que só trabalha "no papel"... esses estão perdendo cliente toda semana. Por outro lado, quem abraçou essa mudança - mesmo sem entender muito no começo - está se dando bem. É isso que tenho visto por aqui nos últimos tempos.
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