06 de agosto, de 2025 | 05:00

Índice da USP sobre mudanças climáticas é favorável ao Vale do Aço

Antonio Nahas Junior *


Quem quiser saber se sua cidade vai saber lidar com secas, queimadas, inundações, agora pode procurar no índice de Adaptação às mudanças Climáticas, construído por pesquisadores da USP e do exterior.

O estudo, coordenado pela professora da Faculdade de Saúde Pública da USP, Gabriela di Giulio, foi um esforço para avaliar a capacidade das cidades de lidar com eventos climáticos extremos. Todos os 5.569 municípios brasileiros foram analisados.

O índice é composto por 25 itens, agrupados em cinco temas principais: política habitacional municipal; gestão ambiental em nível municipal; sistema alimentar urbano (segurança alimentar urbana em caso de eventos climáticos extremos); mobilidade urbana e políticas municipais para gestão de riscos climáticos.

Os itens analisam em profundidade e extensão a vida dos municípios: presença da defesa civil; existência de mapas geológicos para prevenção de inundações ou deslizamentos; planos de redução de riscos; legislação municipal referente a mitigação ou adaptação climática; ações de combate à poluição e preservação da biodiversidade, entre muitos outros.
“Adaptação climática pode ser entendida como processos de ajustamentos em diferentes áreas”

Em entrevista ao Jornal da USP, a professora Gabriela disse que as cidades e regiões brasileiras são cada vez mais atingidas pelos impactos das mudanças climáticas e expostas a eventos simultâneos, como inundações, secas, deslizamentos de terra, que ameaçam o abastecimento de água, a infraestrutura e a agricultura, gerando impactos sociais, econômicos e de saúde em cascata.

Daí a necessidade de elaboração de políticas municipais que venham a evitar a repetição e o agravamento de tragédias, como observamos, recentemente, no Rio Grande do Sul.

Adaptação climática pode ser entendida como processos de ajustamentos em diferentes áreas e setores para antecipar possíveis impactos adversos relacionados aos extremos climáticos na tentativa de reduzir as vulnerabilidades.

A professora afirmou ainda que o índice procura avaliar se, na ausência de políticas públicas adequadas, os eventos climáticos não estariam contribuindo para aumentar ainda mais a desigualdade nos centros urbanos, fazendo com que as consequências dos eventos recaiam sobre quem menos contribuiu para o aumento das emissões de carbono.
O índice varia de 0 a 1. E, em todo o Brasil, a nota é bem baixa: 0,39. Os menores municípios são aqueles onde o
Índice é mais baixo.

Os mapas apresentados revelam a realidade do Brasil: na maior parte do país, nas cores vermelha, marrom e amarelo, os problemas existem. Pior ainda quando analisamos o mapa B, de risco: praticamente nenhuma região brasileira está preparada para lidar com as tragédias que virão.

Projeto Conviver - No Vale do Aço, nossas notas são bem melhores. Os índices de Coronel Fabriciano e de Ipatinga alcançaram 0,78 e 0,72, respectivamente. Já Timóteo alcançou 0,67, tendo resultados sofríveis nos itens habitação e segurança alimentar.

O destaque negativo fica para Santana do Paraíso, onde o índice mergulha para 0,38, índice igual ao de Belo Oriente e Ipaba.

Apresentamos apenas os principais eixos, que enfeixam 25 itens. A análise dos diferentes tópicos pode revelar pontos importantes para serem analisados pelas administrações municipais, em busca de soluções preventivas.

Sobretudo em Ipatinga, onde estão sendo investidos R$ 80 milhões em acordo entre o Ministério Público e a Usiminas, no projeto Conviver que nasceu, segundo a Promotoria, com o objetivo de conciliar o desenvolvimento urbano com a preservação ambiental. O projeto contém ações de mitigação das emissões de carbono e adaptação às mudanças climáticas. Prevê a preservação ou restauração de 3,3 milhões de metros quadrados na cidade. Bom assunto para ser levado à COP 30. Agradeço a professora Gabriela Giulio por ter compartilhado a base de dados do índice. Sua entrevista, concedida no jornal da USP, jornal.usp.br/home-atualidades, ficou excelente.

* Economista, empresário, presidente da NMC Integrativa. Morador de Ipatinga.
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