
09 de agosto, de 2025 | 08:35
RMVA tem 2.514 estudantes com altas habilidades ou superdotação
Levantamento foi coordenado pelo geógrafo e colaborador do Diário do Aço, William Passos
Bruna Lage
A identificação dessas pessoas é feita mediante avaliação neuropsicológica e na inclusão no contexto da Educação Especial
Por Bruna Lage - Repórter Diário do Aço 
No dia 10 de agosto é comemorado o Dia Internacional das Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD), nomenclatura utilizada para indicar pessoas com potencialidade de alto desempenho em uma ou mais áreas. Por ocasião dessa data, o geógrafo e estatístico William Passos, que tem especialização doutoral pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e também coordena a pesquisa do projeto Observatório das Metropolizações Vale do Aço, calculou, com exclusividade para o Diário do Aço, o total de estudantes com AH/SD nos municípios da região.
Para o cálculo feito por William, foi considerada a população, de 0 a 14 anos recenseada pelo IBGE no Censo Demográfico 2022. Ipatinga lidera o ranking de estudantes nesta condição. Dentre as quatro cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço, o cenário atual de estudantes de 0 a 14 anos com altas habilidades/superdotação é: Ipatinga tem 1.216 estudantes; Timóteo 434; Coronel Fabriciano, por sua vez, registra 584 e Santana do Paraíso 280 estudantes, totalizando 2.514.
Investimento em inclusão
Na avaliação do geógrafo, as redes de ensino precisam investir em inclusão. Trata-se de uma população com baixo índice de identificação. Segundo William, a maioria desses estudantes não foi identificada e continua sem acompanhamento adequado. Ele chama a atenção para a necessidade de investimento na identificação, que é feita mediante avaliação neuropsicológica, e na inclusão no contexto da Educação Especial, que pode se dar tanto a partir do enriquecimento curricular quanto da aceleração de série ou ano de ensino, a depender do caso.
O importante, para além do direito à inclusão, é que as redes de ensino e a sociedade entendam que cada estudante não identificado e não acompanhado significa um potencial excepcional desperdiçado pela sociedade. É muito importante desenvolver a consciência de que pessoas com AH/SD podem liderar projetos de profunda transformação social, mas para isso precisam ser motivadas e engajadas”, argumenta colaborador do Diário do Aço.
OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 5% da população mundial é superdotada, mas a Organização leva em conta apenas o alto QI, um indicador limitado às habilidades escolares e acadêmicas. Quando a compreensão sobre a potencialidade de alto desempenho humano é expandida para múltiplas inteligências, aponta William, que corresponde exatamente concepção mais aceita atualmente, é possível que esse percentual seja ainda maior. Nessa compreensão mais abrangente, as inteligências múltiplas são distribuídas entre as inteligências linguística, lógico-matemática, corporal-cinestésica, espacial, musical, naturalística, existencialista, interpessoal e intrapessoal”, observa.
Embora existam variações entre os indivíduos com AH/SD, na medida em que tratam de pessoas únicas, com significativas diferenças, os especialistas afirmam que existem algumas características comuns que atravessam a vida dessas pessoas desde a infância. Algumas delas são alta capacidade de concentração em assuntos de interesse; elevada criatividade e capacidade de solucionar problemas; perfeccionismo e questionamento de regras; capacidade de fazer conexões entre ideias aparentemente não conectadas; alta sensibilidade (emotiva e/ou sensorial) e potencial artístico; aprendizado rápido e raciocínio veloz.
Ao contrário do que a maioria das pessoas acredita, aponta o levantamento de William, existe a possibilidade de uma pessoa com AH/SD possuir alto rendimento em algumas áreas, ou mesmo em uma única área, mas baixo desempenho nas demais, podendo até mesmo apresentar transtornos do neurodesenvolvimento e de aprendizagem em conjunto. Por isso, é possível existir pessoas com AH/SD e, ao mesmo tempo, com TDAH, autismo, dislexia e discalculia, entre outras condições atípicas.
Quando as AH/SD manifesta-se combinando com transtornos do neurodesenvolvimento, identifica-se uma condição chamada de dupla excepcionalidade ou dupla condição, mas quando a combinação aparece com dois transtornos do neurodesenvolvimento, identifica-se a chamada tripla excepcionalidade ou tripla condição.
Para que a representação social das pessoas com AH/SD deixe de ser movida por preconceitos, é necessário dar visibilidade à condição e promover acessibilidade e inclusão, não apenas no meio familiar, educacional e no ambiente de trabalho, mas também na sociedade de maneira geral”, conclui o geógrafo.
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Gildázio Garcia Vitor
09 de agosto, 2025 | 17:49Em mais de 42 anos trabalhando em Escolas públicas de Educação básica, tenho o privilégio de trabalhar com alunos geniais, mas que, infelizmente, não são reconhecidos, valorizados e incentivados pelo poder público e por nós Professores.
Também, fazer o quê?!
Antigamente, conseguia bolsas de estudos com o proprietário da Escola particular, onde trabalho desde 1993, mas com a redução do número de alunos, ao longo dos últimos 15 anos, ele não tem condições de oferecer mais essas bolsas.”