10 de agosto, de 2025 | 09:00

Alimentos livres de agrotóxicos são fornecidos a moradores do Nova Esperança

Arquivo MCP
Moradores organizados, pastorais da Igreja Católica e famílias camponesas fazem parte da Cozinha Solidária do Nova Esperança Moradores organizados, pastorais da Igreja Católica e famílias camponesas fazem parte da Cozinha Solidária do Nova Esperança
Por Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
O Movimento Camponês Popular (MCP) escolheu o Vale do Aço para cravar sua atuação. O movimento está em diversos estados como Pará, Maranhão, Piauí, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Goiás e no Distrito Federal. Em Minas Gerais, está presente em municípios e comunidades como Entre Folhas, Vargem Alegre, Belo Oriente e Santana do Paraíso. Em Ipatinga, o MCP atua junto à Cozinha Solidária, especialmente no bairro Nova Esperança, com moradores organizados, pastorais da Igreja Católica e famílias camponesas.

O movimento, construído por trabalhadores do campo, mulheres, jovens e quilombolas, entende que a região carrega uma grande contradição: é amplamente conhecida pela indústria do aço, mas ao seu redor vivem e trabalham milhares de agricultores camponeses que produzem alimento que chega às mesas todos os dias. Nas palavras dos representantes do movimento, são esses agricultores, no entanto, que têm sido “historicamente esquecidos, sem apoio, sem políticas públicas adequadas, e enfrentando graves dificuldades para produzir”.

Para Matheus Bragança, que faz parte da coordenação estadual, um dos problemas mais sérios enfrentados por essas famílias é a contaminação do Rio Doce, causada pelo crime das mineradoras Samarco, Vale e BHP Billiton, em 2015.
“Desde então, milhares de agricultores da bacia do Rio Doce não conseguem mais plantar o ano inteiro, pois a água do rio, antes fonte de vida, hoje é um risco. Contaminada por metais pesados, ela impossibilita a irrigação e compromete a saúde das pessoas e da terra. A produção só é possível em períodos de chuva”, alegou.

Cozinha Solidária
A Cozinha Solidária funciona como um espaço comunitário de cuidado e resistência, em que os alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos são produzidos pelos camponeses, preparados e distribuídos para famílias em situação de vulnerabilidade. A ação conta com uma rede de doações que inclui o Banco de Alimentos de Ipatinga, a Horta Comunitária do Bom Jardim e doações diretas feitas via Pix ou entrega presencial de alimentos por parte de moradores, agricultores e apoiadores.

“Os alimentos são destinados aos moradores do Nova Esperança. Esse bairro enfrenta altos índices de vulnerabilidade social, com muitos desafios: como moradias precárias, falta de infraestrutura adequada, saneamento básico insuficiente, riscos ambientais e geológicos, além de problemas relacionados à violência e dificuldade no acesso à educação”, mencionou Matheus Bragança.

Ele também acrescentou que há o objetivo de expandir e construir uma verdadeira rede de cozinhas solidárias que englobe todo o Colar Metropolitano do Vale do Aço. “O MCP faz parte do Comitê Cidadania Contra a Fome, uma rede que articula grupos que entregam refeições em diversos bairros de Ipatinga por meio da arrecadação de alimentos oriundos de doações”.

Outras ações e meios de contato
Philipe Caetano, da coordenação nacional, pontuou que o movimento constrói projetos para acesso às políticas públicas do governo federal, como o PAA Alimentos, PAA Sementes, PAA Cozinha Solidária, Da Terra à Mesa e outros editais que possibilitam a melhoria da qualidade de vida no campo. Ainda enfatizou que o MCP tem importantes acúmulos organizativos a nível de movimento nacional.

“Com essa base sólida, realizamos feiras populares, mutirões de trabalho, organização de hortas comunitárias e campanhas de solidariedade. Também atuamos na preservação de sementes crioulas, na luta por moradia camponesa e no fortalecimento da economia local popular”.

Os interessados em conhecer um pouco mais ou fazer parte devem entrar em contato por meio do Instagram @mcp_mg.

“Estamos abertos a conversar, tirar dúvidas e, se houver interesse, marcar uma reunião de apresentação do movimento na sua comunidade ou município. A organização é feita pelas próprias bases, e toda pessoa interessada em lutar por uma agricultura saudável, pela soberania alimentar e pela justiça social será muito bem-vinda”, complementou Philipe.
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