10 de agosto, de 2025 | 07:00

A casa da mãe joana e os três porquinhos

Marli Gonçalves *

Parece até brincadeira, mas a famosa Casa da Mãe Joana já há algum tempo instalada no país está sofrendo inúmeras e seguidas tentativas de arrombamento. Lembra a história dos Três Porquinhos na luta contra o Lobo Mau, mas tem muito mais seres estranhos, estranhíssimos, participando dessa fábula da vida real.

É tanta taxação, lacração, negação, ocupação, confusão, paralisação, “problematização” (urghhh!) que até fica difícil não só acalmar os nervos, como manter um certo bom humor. Todo dia uma novidade, tipo uns seres com esparadrapo na boca e um coitado de um bebê mamando que acabaram mesmo chegando à primeira página dos jornais e ainda pensam que estão abafando, tumultuando. O que querem? A pauta mistura o alho e o bugalho, a justiça e a injustiça que acreditam está sendo cometida contra aqueles lobos maus que tentaram botar abaixo inclusive a Casa de onde protestam agora, e defender aquele a quem chamam líder. Tanto horror que a gente - olha só que terrível - sente até uma certa saudade dos antigos malufistas, janistas, etc. para vocês verem o quão brava está a situação. Ou melhor, a oposição atual, inclusive com uns incrustrados no governo.

O Lobo Mau daqui se junta ao Lobo Mau lá daquele país, o agente laranja, irascível, insano, que faz cara feia e sopra mais forte com taxas e ameaças quando não é atendido em seus desejos, e que vem semeando a discórdia até lá no terreno dele, além de em boa parte do planeta. Parece mesmo pretender subjugar o mundo inteiro às suas patas e ordens. Anda cantando de galo por aqui, na Casa da Mãe Joana, especialmente mandando um tarifaço absurdo em cima dos produtos que exportamos para lá, muitos dos quais os americanos logo logo sentirão falta ou ardor nos bolsos - e dinheiro, vocês sabem, move o mundo, faz mexer traseiros.
“O Lobo Mau daqui se junta ao Lobo Mau lá daquele país, o agente laranja, irascível, insano, que faz cara feia e sopra mais forte com taxas e ameaças quando não é atendido em seus desejos”


Claro que lembram da base da história dos Três Porquinhos, Prático, Heitor e Cícero (parece que lá em Minas Gerais chamam Palhaço, Palito e Pedrito, mas eu nunca tinha ouvido essa história, e que nenhum palmeirense ache que se trata de futebol essa fábula). Pois bem, a uma certa altura da vida eles resolvem sair de casa e vão construir as suas casinhas. O preguiçoso Cícero, mais novo, usa palha; o outro, Heitor, até usa madeira, mas não usa pregos. O mais velho, o Prático, esperto que só, constrói uma casa sólida, com tijolos. O Lobo vem catá-los. Derruba as duas primeiras casas com sopro violento. Os desabrigados correm para a casa mais segura, o Lobo tenta invadir pela chaminé e acaba se queimando e fugindo, segundo uns; frito e comido, segundo outros. Moral da História: tem de ser previdente, se preparar para desafios; perseverante, não desistir; inteligente, para encontrar soluções; e especialmente, unidos: só assim podemos nos proteger uns aos outros.

Agora é só juntar tudo para pensar direito e ver como estamos vivendo ainda numa atrapalhada e desorientada Casa da Mãe Joana, onde ninguém sabe exatamente o que fazer para manter nossa soberania, atacada com tentativas de sopros e golpes, e como poderemos nos livrar e vez do Lobo Mau de lá e o daqui, e da alcateia que acabou se criando ao redor, soprando ventos envenenados. E atrás, ainda, de trocar nossas florestas e riquezas, os nossos chapeuzinhos vermelhos, por horrorosos bonés amarelos.

* Jornalista, cronista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. (Na Editora e na Amazon). Vive em São Paulo. [email protected] / [email protected].

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