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12 de agosto, de 2025 | 06:00

As trovoadas da vida...

Nena de Castro *

O povo do interior chama trovão de estrondo, truvuada, rai, barui, baruião, corisco, São Pedro barrendo o terreiro do céu, Deus ralhando com o povo aqui de baixo... Já o encantado Guimarães Rosa, em “Grande Sertão: Veredas” afirma: a morte é corisco que sempre já veio.

Posé, passou uma truvuada em nossas vidas na semana passada. Moá, foi embora, viajou para Pasárgada e nos deixou. Estava hospitalizado há um mês no Hospital Municipal de Ipatinga, onde foi muito bem assistido, cuidando de uma ferida no pé. No dia eu estava ao lado, ele no sono depois do almoço; quando fui chamá-lo para o café, ele não reagiu, eu o sacudi, tentei acordá-lo, em vão. Chamei a enfermeira que fez os procedimentos mas entendi que ele tinha partido durante o sono, calmamente, com dignidade, ao meu lado.

Chamei Tiago para as providências e fui pra casa esperar Tatiana e falar com ela, assistida pelas amigas Mara e Olga Mendes. Então chegou a Fadazinha com Ronan e logo após a Magali, realmente pessoas que vivem “do lado esquerdo do peito” da gente. Eu não derramei as lágrimas que queria, me contive por causa da Bugrinha, ela não gosta de me ver chorando. Tivemos um casamento de 50 anos. Recém-casados, viemos para Ipatinga, dois jovens sonhadores, cheios de esperança e amor.
“Moá, foi embora, viajou para Pasárgada e nos deixou”


E fomos conduzindo nosso barco, às vezes em meio à turbulências e tempestades, mas continuamos vivendo para nossos filhos, nossa razão de existir. Moá sempre teve muitos amigos, gostava muito de conversar, e apreciava aconselhar e ajudar as pessoas. É necessário dizer o quanto me apoiava na minha carreira de Escritora e Palhaça Contadora de Histórias, sempre ao meu lado, organizando, dando força. Se a gente pudesse parar o tempo, se a gente fosse capaz de manter a quem amamos sempre perto da gente, ai, como seria maravilhoso! Contudo, vivemos nossas vidas vendo o amanhecer, o anoitecer, cada pôr do sol e fase da lua, ouvindo o canto maravilhoso dos pássaros, observando o crescimento dos filhos e na real, não queremos saber que tudo vai ter fim.

Sim, tivemos 50 anos de companheirismo, cumplicidade, amor, fizemos valer tudo mais que brigas e desentendimentos, a gente soube amar, pelo que agradeço ao Criador. Adeus, Benzinho! Vire beija-flor e me visite nas manhãs de sol quando a brisa balançar as flores que tanto amo! Venha nas gotas da chuva, venha no verde primaveril, venha nas noites de inverno, venha junto dos raios de luar e ao som das canções de amor de Édite Piaf. Eu e os filhos que você teceu em mim, Tiago, Larissa e Tatiana te amamos! Um amor profundo, maior que o mundo, maior que todos os raios que nos fazem tremer diante da morte, amor infindo... E nada mais digo!

* Escritora e contadora de histórias.

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