13 de agosto, de 2025 | 14:22
Empresário acusado de matar gari em Belo Horizonte tem a prisão preventiva decretada
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Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos (à direita), acusado de matar a tiros o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, em BH, está preso no Ceresp Gameleira

O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, vice-presidente de uma empresa de alimentos, que matou o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, na segunda-feira (11/8), em Belo Horizonte, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva pela Justiça, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A audiência de custódia foi feita na manhã desta quarta-feira (13/8) e a advogado do caso, Leonardo Salles, não se pronunciou.
A empresa da qual Renê era vice-presidente informou que ele foi desligado da empresa no dia seguinte à repercussão do crime. Em seu perfil do Instagram, que foi desativado poucas horas após a prisão, Renê se descrevia, em inglês, como "cristão, esposo, pai e patriota".
Em uma plataforma que lista perfis profissionais, ele se define como líder, com boa capacidade de comunicação e motivação de equipes diretas e indiretas, com prática no acompanhamento e desenvolvimento de profissionais”. Ele ainda se apresenta como um profissional com excelente capacidade de negociação e de construir relacionamento por meio de engajamento, resolução de problemas e comunicação eficaz”.
Pedido de segredo foi negado
Na tarde de terça-feira, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) entrou com o pedido de segredo de Justiça para o Auto de Prisão em Flagrante (APF), mas o juiz Leonardo Damasceno, da Central de Audiência de Custódia (CEAC/BH), não acolheu a solicitação pois a publicação dos atos processuais é a regra, assegurada pela Constituição Federal.Conforme o art. 5°, inciso LX, a lei só poderia restringir tal publicidade se a defesa da intimidade ou o interesse social o exigissem.
Segundo o magistrado, a defesa do assassino solicitou o relaxamento da prisão alegando não haver indícios que justificasse a prisão preventiva, como o acusado ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, mas o juiz não acatou o pedido.
A decisão judicial estabelece que a prisão preventiva do réu é necessária para garantir a ordem pública, dada a gravidade do crime e a forma como o crime foi cometido, à luz do dia e na frente de várias testemunhas, por motivo fútil (uma aparente irritação decorrente de uma breve interrupção no trânsito).
A desproporcionalidade e a frieza da ação, na qual o autuado, após uma breve discussão, deliberadamente sacou uma arma de fogo, a preparou para o disparo e atirou contra um trabalhador que exercia seu ofício, uma atividade pública essencial de limpeza da cidade, demonstram uma periculosidade acentuada e um total desrespeito pela vida humana. Tal conduta abala profundamente a tranquilidade social e gera um sentimento de insegurança na comunidade, indicando que a liberdade do autuado, neste momento, representa um risco real à ordem pública", destaca o documento.
Outro agravante citado na audiência foi o fato de que Renê, mesmo diante de um contratempo, ao ter deixado o carregador da pistola cair, se abaixou para pegá-lo e reinseri-lo na arma. A atitude, conforme a Justiça, demonstra que não foi um ato de impulso momentâneo, mas "uma decisão consciente e voluntária de usar a violência, com a finalidade de ceifar a vida alheia".
O que as testemunhas do crime contam
Os depoimentos das testemunhas corroboram com o ponto citado na audiência. Além disso, na ata da audiência, o juiz informa que o acusado já responde pelo crime de lesão corporal grave no Estado de São Paulo, o que representa uma personalidade violenta.O "descontrole emocional e uma perigosa predisposição para o uso da violência letal como primeira resposta a contrariedades do cotidiano", escreve o magistrado.
Ainda durante a audiência de custódia, a defesa do suspeito solicitou a não realização de fotografias do empresário dentro da unidade prisional e que fosse disponibilizado um colchão para ele. Outro pedido foi que seja fornecido atendimento médico e medicamentos ao empresário.
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O pedido de segredo de Justiça para o Auto de Prisão em Flagrante (APF) de Renê foi negado pela Justiça

O crime que tirou a vida do gari
O gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, foi morto com um tiro na barriga na manhã de segunda-feira (11/8), em uma discussão de trânsito no bairro Vista Alegre, Região Oeste de Belo Horizonte.Segundo o boletim de ocorrência da Polícia Militar (PM), ele trabalhava na coleta de lixo junto a outros garis quando a motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, de 42 anos, parou e encostou o veículo para permitir a passagem de um carro, modelo BYD, conduzido pelo empresário.
De acordo com testemunhas, Renê abaixou o vidro e gritou para a condutora que, se alguém encostasse no carro dele, mataria a pessoa. Diante da ameaça, os garis, incluindo Laudemir, pediram que o motorista se acalmasse e seguiram orientando-o a continuar o trajeto.
Ainda assim, ele desceu do veículo visivelmente alterado, apontou uma arma para o grupo e disparou, atingindo Laudemir.
Uma das testemunhas, o também gari Evandro Marcos de Souza, de 35 anos, contou que o atirador chegou a mirar contra a cabine do caminhão e ameaçar dar um tiro na cara” da motorista. Ao ultrapassar o veículo, Renê teria desembarcado já com a arma em punho.
A motorista Eledias confirmou a versão do colega e ainda disse à polícia que havia espaço suficiente para o carro passar sem que fosse necessário o tom agressivo.
Outro trabalhador da limpeza, Tiago Rodrigues, que presenciou o assassinato do colega, relatou que o assassino agiu com frieza durante todo o ataque. Segundo ele, Renê não parecia estar fora de si. Ele estava frio, sem sentimento. Não tem essa de fora de si. Assim que atirou, ele entrou no carro como se nada tivesse acontecido e foi embora”, contou.
Laudemir de Souza Fernandes foi atingido por um tiro no abdômen, foi socorrido e levado ao Hospital Santa Rita, no bairro Jardim Industrial, em Contagem, na Região Metropolitana de BH, mas morreu ao dar entrada.
Horas após o crime, policiais militares localizaram e prenderam Renê no estacionamento de uma academia na avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte. Segundo a corporação, a identificação do autor do crime foi possível graças a análise de imagens de câmeras de segurança, que revelaram parte da placa do veículo e possibilitou identificar o modelo do carro.
De acordo com o boletim de ocorrência, ao ser abordado na entrada da academia, Renê negou participação no crime e afirmou que sua esposa é delegada da Polícia Civil de Minas Gerais. Disse ainda, segundo o registro, que o veículo está registrado em nome dela e que "a policial teria uma arma de fogo do mesmo calibre da que foi utilizada no homicídio".
O boletim também relata que a arma supostamente usada no crime pertence à policial civil, esposa do autor do homicídio e foi apreendida pela PM. A pistola calibre .380 pertence à esposa de Renê, que é delegada da corporação. O armamento foi enviado à perícia, que tem prazo legal de dez dias para concluir o laudo e confirmar se foi de fato usada no crime. Até esta quarta-feira não havia informação se o atirador tem ou não licença para porte de arma de fogo. (Com informações do TJMG, Polícia Civil e Jornal Estado de Minas)
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Ipatinguense
13 de agosto, 2025 | 15:36deus, pátria e família”
Bianca
13 de agosto, 2025 | 14:36Agora só falta exonerar a esposa deste indivíduo e ainda investigar sua participação, pois a arma é dela.”