14 de agosto, de 2025 | 15:25
Testemunhas prestam depoimento em julgamento de feminicídio em Ipatinga
Wellington Fred
Julgamento de Alef Teixeira, acusado de matar Rafaella Sales, prossegue no Tribunal do Júri

Está em andamento nesta quinta-feira (14) o julgamento de Alef Teixeira de Souza, de 32 anos, acusado da morte da namorada, Rafaella Cristina Miranda Sales, de 34 anos. O crime ocorreu em 28 de abril de 2023, no bairro Vila Celeste, em Ipatinga.
O réu responde por homicídio qualificado por dois motivos: recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio, por razões da condição de sexo feminino, no contexto de violência doméstica e familiar.
A sessão do Tribunal do Júri é feita no plenário da Câmara Municipal de Ipatinga, devido às obras de ampliação do Fórum Valéria Vieira Alves. O julgamento é presidido pelo juiz da Vara do Júri, Felipe Ceolin Lírio, com a acusação representada pelo promotor de Justiça Jonas Junio Linhares Costa Monteiro e a defesa a cargo do advogado Bruno Luiz de Sousa Silva. A reportagem do Diário do Aço acompanha, desde o começo da manhã, o julgamento que ocorre com o plenário do Júri Popular lotado.
Veja o vídeo:
Defesa e acusação falam do andamento do julgamento de feminicídio em Ipatinga
Depoimentos da manhã
A primeira parte do Júri Popular foi marcada pela oitiva de testemunhas. Uma colega de trabalho de Rafaella, no caixa de uma lanchonete no Hospital Márcio Cunha, relatou que a vítima, por diversas vezes, chegou ao serviço com hematomas, mas evitava dizer que seriam provocados por agressões. Segundo a testemunha, Rafaella afirmava que as marcas eram resultado de atendimentos médicos na UPA, após passar mal.Em certa ocasião, a vítima apareceu com um ferimento na boca e disse ter batido no armário, versão que a colega disse não acreditar. A testemunha declarou que suspeitava de agressões no relacionamento. Ela também afirmou que Rafaella não usava drogas e que não gostava sequer do cheiro de cigarro. Confirmou ainda que a vítima conheceu Alef por meio de um aplicativo de relacionamentos e que, ao mostrar a foto dele, a colega desaprovou a aproximação.
Rafaella morava em Ipatinga e a familia dela, em Belo Horizonte. Uma irmã da vítima, ouvida por videoconferência, declarou que Alef era muito ciumento e destacou episódios íntimos contraditórios. Já a mãe de Rafaella relatou que, no dia do crime, Alef teria usado o celular da vítima para enviar mensagens aos familiares, se passando por ela. Os parentes estranharam o conteúdo das mensagens, pois não havia o tom carinhoso habitual.
A mãe afirmou que, em seguida, recebeu um áudio de Alef dizendo que Rafaella havia morrido de overdose. Ela contou que, em outra ocasião, o réu já havia feito a mesma afirmação como forma de trote. Desta vez, desconfiada, pediu ao pai de uma das filhas da vítima que verificasse a situação. Com a confirmação, nosso mundo acabou e viemos para Ipatinga”, disse.
Relatos sobre a cena do crime
Outra irmã de Rafaella, mesmo na fase final da gestação, compareceu para depor. Ela contou que, ao entrar na casa da vítima logo após o crime ser descoberto, encontrou a residência marcada por placas da perícia e com paredes e móveis manchados de sangue e material queimado. Havia marcas de sangue nas paredes e nas escadas.Foi mencionado que as duas filhas de Rafaella, ainda crianças, sofrem traumas. A mais velha sente culpa por não ter conseguido ajudar a mãe, enquanto a mais nova só dorme com a luz acesa.
Um ex-marido da vítima, pai da filha mais nova, disse ter visto hematomas em Rafaella em uma visita, mas ela não contou o motivo. Em uma chamada de vídeo com a filha, o homem afirmou ter percebido uma discussão entre Rafaella e Alef, interrompida quando a vítima tomou o celular da criança. A filha confirmou que os dois brigavam. Atualmente, a menina vive com o pai e relata ter pesadelos nos quais Alef aparece entrando em casa.
Tarde de debates
Os depoimentos se estenderam durante toda a manhã. No início da tarde, Alef exerceu o direito de permanecer em silêncio. Após a pausa para o almoço, o julgamento prossegue agora a tarde com os debates entre defesa e acusação. A expectativa é que a senteça seja conhecida no começo da noite.Reprodução
Alef Teixeira de Souza é culpado ou inocente da morte de Rafaella Cristina Miranda Sales? A resposta será dada pelo Tribunal do Júri Popular nesta quinta-feira

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