19 de agosto, de 2025 | 08:50
Ciclismo inspira histórias de superação e movimenta economia no Vale do Aço
Arquivo pessoal
Douglas encontrou no ciclismo uma forma de se manter mais saudável física e mentalmente
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço 
Nesta terça-feira (19), é celebrado o Dia do Ciclista, data que chama atenção tanto para a bicicleta como alternativa de transporte sustentável quanto para seu papel como prática esportiva e de lazer. No Vale do Aço, além de reunir cada vez mais adeptos, o ciclismo tem se tornado fonte de histórias de superação pessoal e também movimenta a economia regional.
Um dos exemplos é o de Douglas Luiz, metalúrgico de 39 anos morador de Timóteo, que encontrou no ciclismo um caminho de recuperação e qualidade de vida. Ele relembra quando começou a pedalar e o que o motivou a adotar a bicicleta como parte da rotina.
Eu comecei a praticar o ciclismo no começo de 2019. A motivação foi pelos amigos que já praticavam e também dos lugares onde só a bike pode levar como montanhas, cachoeiras, lagoas, trilhas e lugares também que transmitem paz e sossego”, relembra em entrevista ao Diário do Aço.
Douglas destaca que o pedal teve papel decisivo em sua recuperação física e emocional, e que o esporte permitiu que ele cessasse o uso de medicamentos.
Em 2022, passei um momento difícil, com transtorno de ansiedade, sentimento de medo, preocupação, tristeza, pensamentos de negatividade. Nesse momento comecei a ter uma rotina espiritual com Deus e junto a bike, ocupei a mente indo em lugares que transmitem paz e sossego. Com a prática da atividade física e o pensamento positivo em Deus, a vontade de vencer sempre será mais forte que o fracasso. Hoje, para mim, a melhor medicação contra a ansiedade sempre vai ser a palavra de Deus, a bike e a atividade física”, complementa.
Atualmente, Douglas mantém uma rotina de treinos que vai além do esporte, refletindo diretamente em sua saúde, disposição e disciplina. Hoje eu tenho uma rotina de pedalar 5 a 6 vezes na semana, e com relação aos benefícios para a minha saúde, eu pesava 125,9 quilos e hoje eu peso 89”, concluiu o ciclista.
Arquivo pessoal
Em 2024, Tiago se consagrou campeão mineiro de XCM na categoria Master A2, em Timóteo

Do esporte à profissão
O ciclismo também transformou a vida do timoteense Tiago Gomes, também conhecido como Barba”, atleta amador de mountain bike que já conquistou prêmios em competições. Ele conta que iniciou no esporte com objetivo de emagrecer e explica como foi sua trajetória até chegar às conquistas esportivas.
Eu comecei a pedalar há uns 12 a 15 anos, e como maioria das pessoas, por motivo de saúde. Quando eu estava gordo, a última vez que eu subi na balança, deu 99 quilos, eu falei: não, 100 quilos eu não vou pesar, não. Juntei a dois amigos, cada um comprou uma bike e resolvemos pedalar”, contou. Eu comecei a competir depois de uns seis anos que pedalava. A minha primeira competição foi a Copa Vale do Aço, na Serra do Cocais, em Coronel Fabriciano, por volta de 2009 e a partir daí não parei mais”, explicou Tiago.
Ao Diário do Aço, Barba contou que compete praticamente no Brasil inteiro, mas o foco maior é em Minas Gerais, por ser mais acessível. Minas Gerais é o berço do mountain bike também, que é a modalidade que eu pratico, que é a sequência de montanha. Aqui é o paraíso, muita montanha, muita trilha, muita natureza. Então, para a prática desse esporte, esse lugar nosso é privilegiado”, afirma. No ano passado, o Inox Bike, torneio de XCM promovido em Timóteo, foi válido como Campeonato Mineiro da modalidade, e Barba, dentro de casa, se consagrou campeão na categoria Master A2. Ele também já foi por duas vezes vice-campeão mineiro. Em 2023, junto ao ipatinguense Walace Tutano, Tiago foi campeão da ultramaratona Brasil Ride, que é a maior ultramaratona das Américas, a segunda maior ultramaratona do mundo e no próximo dia 31, irá representar o Vale do Aço no Campeonato Brasileiro, que será disputado no Paraná.
Professor
Hoje, além de competir, Tiago está se graduando em Educação Física e também atua como professor de bicicleta, atividade que se tornou uma fonte de renda extra e um projeto de futuro. É um projeto que eu já vinha maturando há mais tempo, de trabalhar com aquilo que eu gosto, com aquilo que eu sei, que dá prazer de trabalhar”, revela. Tiago conta que, em breve, terá o lançamento oficial da assessoria.
Segundo ele, a procura por aulas e acompanhamento no pedal cresceu, reflexo do aumento de interessados no ciclismo após a pandemia.
Da pandemia para cá, o ciclismo explodiu. A evolução da bicicleta é muito perceptível. Se a pessoa quebrou a barreira dos três primeiros meses de insistência, que vai ser sofrido, daí para a frente a evolução é muito perceptível, sem contar a questão psicológica, fisiológica também, a liberação de hormônios como a endorfina, são muitas coisas atreladas ao ciclismo que melhora a vida da pessoa radicalmente”, finaliza Barba.
Pedal que gera negócios
Além de histórias de vida, o ciclismo também movimenta a economia no Vale do Aço. Lojas especializadas têm registrado aumento na venda de bicicletas e acessórios, além de maior demanda por serviços de manutenção e personalização.
Tiago Millian de Oliveira, de 42 anos, trabalha na área de bicicletas há 27 anos, e durante esse tempo passou por todos os setores, começando pela parte da mecânica, vendas, gerenciamento, compras, e hoje é dono de duas lojas especializadas em ciclismo. Ele pontua que praticamente todos os modelos têm boa venda.
Em termos regionais, somente a bike speed não é muito usada na nossa região, porque temos uma carência de asfalto, e ela demanda um asfalto de qualidade. As demais bicicletas usadas são a mountain bike, as bikes elétricas, tanto a e-bike, quanto as scooters, que a pessoa vai acelerando. As urbanas, modelo Poti e Monark, também, têm ótimo mercado”, contextualiza.
Serviços
De igual modo, a procura por serviços especializados, como atualizações de peças e manutenções, também cresceu. Hoje, o que abre mais portas para emprego é a parte mecânica da bicicleta, demanda de mão de obra especializada. As bicicletas mudaram muito, estão cada dia mais tecnológicas, eletrônicas, como o sistema de marcha via bluetooth”, descreveu Tiago Millian.
Década
Segundo os comerciantes, o segmento ganhou força principalmente a partir de 2020, com a explosão do ciclismo como prática esportiva e de lazer.
O brasileiro de um modo geral sempre usou a bicicleta como meio de transporte, porém nos últimos dez anos o brasileiro encontrou na bicicleta uma forma de usá-la mais associada à qualidade de vida. A bicicleta trabalha todo o corpo, então além do combate à obesidade, problemas cardíacos, circulação, ainda combate ao estresse e depressão, e [a venda] acentuou mais ainda com a pandemia”, concluiu o lojista.
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Alexandre Ferreira
19 de agosto, 2025 | 16:26Não há dúvida de que pedalar é uma das melhores atividades para a saúde. Fisicamente, é um exercício de baixo impacto que fortalece o corpo, melhora a capacidade cardiovascular e ajuda no controle de peso, sem o desgaste das articulações que esportes como a corrida podem causar. Mas a verdadeira revolução do ciclismo está na saúde mental. O contato com a natureza, a sensação de liberdade e a liberação de endorfinas funcionam como um poderoso antídoto contra o estresse e a ansiedade do dia a dia. É um refúgio, uma terapia sobre rodas que nos reconecta com o presente.
O impacto econômico do ciclismo é muitas vezes subestimado. Ele vai muito além das vendas de bicicletas. Pense em toda a cadeia produtiva: lojas especializadas, oficinas de manutenção, fabricantes de acessórios, roupas e equipamentos de segurança. Em cidades com vocação para o cicloturismo, como as do Vale do Aço, o ciclismo impulsiona o comércio local, atraindo visitantes que consomem em hotéis, restaurantes e pequenos negócios. É uma forma sustentável de movimentar a economia, valorizando o que há de melhor em cada região.
A Prioridade Máxima
No entanto, toda essa transformação e benefício dependem de um fator fundamental: a segurança. Pedalar em rodovias, principalmente sem a infraestrutura adequada, é um risco que não deveria ser enfrentado. A diferença de velocidade e a falta de visibilidade criam um cenário de perigo constante para o ciclista.
Acredito que a solução passa pela conscientização de todos, mas, principalmente, pelo poder público. É preciso investir em ciclovias, ciclofaixas e rotas seguras que conectem os pontos da cidade, oferecendo aos ciclistas uma alternativa viável e protegida. A segurança não é um "bônus" para quem pedala; é um direito e uma necessidade.
Em suma, o ciclismo tem o poder de transformar vidas e cidades. Ele promove saúde e fomenta a economia. Mas para que o seu potencial seja plenamente realizado, é essencial que a segurança seja tratada como prioridade máxima, garantindo que essa paixão sobre duas rodas possa ser desfrutada por todos, sem medo.”
Altamir Pedro
19 de agosto, 2025 | 14:08Modinha. Pai ia do Santa Cruz em Fabriciano até na portaria 3 da USIMINAS nos dias que estavam de serviço na Aciaria ( IAMC ) e era barra circular.”
Rodolfo Marciano
19 de agosto, 2025 | 11:44Em Coronel Fabriciano falta não apenas incentivo, mas também boa vontade do poder público em relação ao uso da bicicleta como meio de locomoção. A cidade praticamente não conta com ciclovias, com exceção ao Caladinho, Mangueiras e Amaro Lanari, justamente onde o fluxo de ciclistas nem é tão significativo.
Pedalar pela avenida é extremamente arriscado... motoqueiros tentam usar cada centímetro do unico espaço que cabem as bicicletas pra poderem ultrapssar, veículos de grande porte estacionados obrigam o ciclista a desviar para o meio da via, e os motoristas, em geral, não oferecem preferência MESMO QUANDO O PARE É DELE. Parece que pensam: que se dane! é bicicleta... ele vai ter q parar, ja que se bater vai se machucar.”
Cidadão
19 de agosto, 2025 | 10:33Pena que as ciclovias de Ipatinga estão em estado precário, precisando de manutenção a tempos...A administração municipal continua fazendo de conta que não é com eles!”
Paulim
19 de agosto, 2025 | 10:10Agora é só eles aprenderem a andar no canto da rua para evitar acidentes! Muitos são imprudentes e andam como se fossem motos, fazendo corredor entre carros.”